artigo

Eu vi anjos!

ELIAS AZULAY

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Eu sabia dos anjos sobre os quais minha mãe me falava na minha infância. O Anjo-da-Guarda, por exemplo, que nos protege a mandado de Deus. Ele me era apresentado em estampas com enormes asas e as mãos gesticulando prontidão para proteger as crianças. Depois soube de outros anjos. Gabriel, que anunciou o nascimento de Jesus (Lc 1:26); os serafins citados pelo profeta Isaias quando viu o Senhor assentado em alto e sublime trono (Is. 6:2); e aquele, com veste branca, que anunciou a ressurreição do Senhor Jesus (Mt 28:3).

Mas eu quero falar a respeito dos anjos que eu vi. Vi sim! Só que esses anjos que eu vi e conheci de perto e com os quais até falei, são diferentes daquelas figuras bem pintadas ou esculpidas. Não têm rosto de criancinha nem cabelos encaracolados, com cachinhos
e topetes caídos na testa. Os anjos que eu conheci, com os quais fiquei encantado, extasiado e reverente até, não têm semblante tranqüilo... embora nos transmitam muita tranquilidade.

Esses anjos que eu conheci e aprendi a admirar, convicto de que são mensageiros de Deus, são diferentes dos seres humanos - embora sofram como os seres humanos comuns.

Não são seres sobrenaturais, porém não agem com naturalidade. Suas vestes não são resplandecentes, porém, são, geralmente, brancas embora possam ser verdes,beges, azuis e, às vezes, até desbotadas e amarrotadas. Nunca estão impecáveis, pois suas atividades não permitem que seus trajes estejam impecáveis. Impecáveis são suas mãos habilidosas, são suas atenções fixas nos gestos e nos sintomas de quem os rodeiam. Seus ouvidos estão atentos aos sinais dos alarmes dos muitos aparelhos que estão no seu entorno. Sua atenção está voltada para uma lágrima vertida ou para a tentativa de um sorriso a se esboçar no rosto inerte de
alguém.


Esses anjos choram em silêncio com o gemido de quem sofre ao seu lado, e dão pulos de alegria com o tênue sinal de melhora de alguém que já estava sem esperança.

Esses anjos existem. Sim, existem! São vocacionados por Deus. Mensageiros de Deus. São os braços de Deus; as próprias mãos de Deus. São o toque de Deus, trazendo alento aos que sofrem, afofando-lhes o leito da dor, conforme disse o salmista (Sl 41.3).

Ah, como é lindo o sorriso desses anjos. Como é resplandecente o semblante desses anjos. Como é bom ter a certeza de que esses anjos existem e estão por perto na hora da dor.

Sim. Eu vi anjos! Eles não “aparecem”. Eles estão sempre lá: nas UTIs, nos hospitais, nas clínicas e home cares.

Como é maravilhoso pronunciar os nomes desses anjos: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, médicos e demais profissionais da saúde.

Graças a Deus porque esses anjos existem! Existem sim! Eu os vi.

Professor aposentado da UFMA, jornalista, relações públicas e cerimonialista, publicado após ter sido hospitalizado, em UTI, acometido da covid-19, em homenagem aos profissionais da Saúde que estão se dedicando, heroicamente, aos cuidados das pessoas infectadas pelo Coronavirus
E-mail: azulay.ma@ig.com.br

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.