Editorial

Isolamento mais flexível

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

A flexibilização das regras de isolamento em algumas cidades do país foi um dos assuntos que marcaram esta semana. No Maranhão, o governo, pelo menos por enquanto, ainda não acenou com essa possibilidade, mas pelo menos nove estados e o Distrito Federal já tomaram medidas para aliviar o distanciamento social. Outros estados já estudam medidas para levantar em parte a quarentena.

A decisão tomada por governadores de flexibilizar exigências de isolamento social é motivo de diversos questionamentos por parte de autoridades médicas. Alguns profissionais têm se manifestado radicalmente contra a flexibilização por entenderem que isso poderá aumentar consideravelmente os índices de contaminação pela Covid-19 e, consequentemente, levando ao colapso do sistema de saúde, que já está próximo de ocorrer em Manaus, São Paulo, Fortaleza e Palmas. O presidente Jair Bolsonaro tem defendido, insistentemente, um retorno à normalidade sob a justificativa da necessidade de reativar a economia. Mas vale lembrar que mortos não compram.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), tão criticada pelos governos que defendem a volta da população ao trabalho, alerta que para a flexibilização das medidas de isolamento alguns critérios são fundamentais. Entre eles estão o controle da transmissão do vírus e a capacidade dos serviços de saúde de absorver novos pacientes. No Brasil, o número de novos casos está em ascensão, os hospitais públicos dos grandes centros estão perto da sua capacidade máxima ou praticamente lotados, e o número de testes e diagnósticos para detectar o vírus ainda está muito abaixo do ideal.

Em recente entrevista, o infectologista Fernando Bozza, chefe do Laboratório de Medicina Intensiva do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, e coordenador de pesquisa do Instituto D´Or, disse que algumas premissas são muito importantes, como estar na etapa de estabilização ou, de preferência, de queda no número de novos casos da doença. Ele observa que o segundo ponto crucial é que o sistema de saúde não esteja sob grande estresse, até porque, se algo der errado, a situação será dramática. “A terceira premissa é termos capacidade de testagem, diagnóstico e vigilância. Precisamos ter essas três condições para começarmos a conversar sobre flexibilização ou é precipitado". O Brasil, até o momento não atende a nenhuma dessas premissas.

O ministro da Saúde, Nelson Teich - escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para conduzir a pasta de forma mais alinhada ao Palácio do Planalto do que seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta - afirmou que o plano para transição do isolamento social em função da Covid não significa que "a gente vá sair amanhã" e enfatizou que o modelo pode até ser mantido se for "o melhor para a sociedade". A declaração foi dada ao ser questionado se cabe uma medida de flexibilização de distanciamento social no momento em que se registra um recorde diário de mortes.

E entre tensões, angústias, incertezas, mortes e indagações causadas pela Covid-19, a semana termina com a demissão - a pedido - de Sérgio Moro, do Ministério da Justiça. Considerado “super-herói” pelos simpatizantes de Bolsonaro, por sua atuação como juiz na Lava Jato, Moro foi mais um ministro a deixar o governo, por discordar da política do presidente, no caso ingerência na Polícia Federal - subordinada a sua pasta. Em discurso de despedida, ele lembrou, entre outras coisas, que ao assumir o ministério Bolsonaro havia lhe prometido “carta branca” - o que não ocorreu.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.