Raíssa Murad - doutora em Psicologia da Educação

Artífice na arte de educar em meio à crise do coronavírus

Ela conta como tem sido enfrentar a pandemia e reinventar-se diante de uma nova forma de ensinar e aprender

Evandro Junior / O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Raíssa Rodrigues Murad precisou se adaptar a uma nova e repentina rotina e vivencia uma nova realidade escolar
Raíssa Rodrigues Murad precisou se adaptar a uma nova e repentina rotina e vivencia uma nova realidade escolar

Com 25 anos e integrante da terceira geração de uma família cuja missão é educar, a maranhense Raíssa Rodrigues Murad trabalha a melhor estratégia para enfrentar a crise que o Brasil e o mundo passam neste ano por conta do coronavírus. Ela encara os efeitos da pandemia como um desafio, pois precisou se adaptar a uma nova e repentina rotina e vivencia uma nova realidade escolar. Diretora pedagógica do Dom Bosco, a pedagoga e doutora em Psicologia da Educação teve que reinventar a forma de ensinar e aprender.

“Nos últimos anos, a educação vinha passando por um profundo processo de mudanças. O contexto pré-crise já exigia das escolas muito mais do que apenas conteúdo. Quando elaboramos o projeto pedagógico do Dom Bosco Exponencial, percebemos a necessidade de desenvolver em nossos alunos não apenas competências cognitivas, mas socioemocionais, que neste momento estão sendo fundamentais”, diz, salientando aspectos como visão holística e sistêmica, criatividade, inovação, empatia e responsabilidade.

As metodologias ativas adotadas pela instituição têm sido importantes para a atual realidade educacional, pois colocam o aluno como agente ativo no processo de ensino-aprendizagem, conforme Raíssa Murad. “Nosso programa de mentoria tem colhido resultados incríveis, mesmo nesse período de distanciamento social. Não diria que é o futuro da educação, mas é a educação atualmente”, conclui.

A pedagoga explica que o desenvolvimento de uma criança ou um jovem não para, pois o cérebro das crianças é mais “plástico”, ou seja, todos os estímulos que elas recebem nessa fase são apreendidos de forma mais profunda e perene.

“Não temos a opção de interromper esse processo. Por isso, nós, educadores, não podemos parar. Nesse momento, as práticas pedagógicas não acontecem da mesma forma de antes. O que não quer dizer que seja melhor ou pior. Apenas que têm que acontecer diferente. Nas grandes dificuldades que surgem as grandes ideias e soluções. Que bom que já estávamos caminhando no sentido de ressignificar o papel do Dom Bosco”, diz.

Educadora Raíssa Rodrigues Murad em registro com a família, destacando-se a mãe, Ceres; a avó, Izabel; e a tia Elizabeth
Educadora Raíssa Rodrigues Murad em registro com a família, destacando-se a mãe, Ceres; a avó, Izabel; e a tia Elizabeth

Exemplos
Raíssa tem como exemplos de vida o pai, Roosevelt, a mãe, Ceres Murad, a avó, Maria Izabel, o avô, Luiz Pinho Rodrigues, e a tia, Elizabeth. Eles construíram todo o seu alicerce pessoal e profissional.

“Todos os meus valores, desejos da pessoa que eu me tornaria, a forma de encarar a vida, as conquistas e as adversidades, foram pautados na admiração que nutro por cada um deles. Dessa forma, é óbvio que eles estão no topo das minhas inspirações. E mais: eu convivo no Grupo Dom Bosco com pessoas que me inspiram diariamente. Talvez elas não saibam disso, mas toda a equipe com a qual eu trabalho é uma intensa fonte de inspiração”, agradece, destacando o incentivo que recebe também do marido, Rodrigo Lauande, e das filhas: Anick, Isadora e Catarina.

A educadora conta que os dias têm sido intensos e que o desafio é manter o equilíbrio nas diversas versões dela mesma. “Carregamos dentro da nós um pouco de tudo que somos. E somos o que somos por causa de cada um que faz parte de nossas vidas. No meu papel de filha, dou apoio a meus pais com compras, conversas virtuais e trocas de experiências do dia a dia.

A transformação digital, que já vinha acontecendo em muitos mercados, agora se tornou essencial (...) Acredito que teremos menos beijos e abraços, mas teremos mais solidariedade e empatia”

Enquanto mãe, mulher e esposa, eu tenho aprendido muito e aproveitado para estar com eles 24 horas e me transformado. Estamos mais unidos do que nunca e há momentos de tensão, de estresse, de bagunça, de diversão e de rotina. Já no trabalho diário, há muitas reuniões, estudos e planejamentos para manter nosso compromisso com a educação dos nossos alunos, dentro do nosso propósito, da qualidade exigida por todos nós e, ao mesmo tempo, reinventado a forma de educar”, conta.

Sobre o futuro, ela pondera: “Algumas mudanças deverão perdurar. A transformação digital, que já vinha acontecendo em muitos mercados, agora se tornou essencial. As formas de relacionamento mudarão verdadeiramente. Acredito que teremos menos beijos e abraços, mas teremos mais solidariedade e empatia. A preocupação e o cuidado com o outro se intensifica. Empresas estão mais atentas e atuantes no quesito ‘responsabilidade social’. Temos visto incontáveis demonstrações de solidariedade das empresas dos mais diversos ramos, desde microempresas a multinacionais. As crises fazem as comunidades se unirem e trabalharem mais como equipes”.

Projetos
A maranhense informa que a instituição está trabalhando em vários projetos. As impressoras 3D do Dom Bosco e da UNDB, por exemplo, estão voltadas para a confecção de máscaras faciais, as quais são doadas a profissionais da saúde. Os cursos da área da saúde doaram seus estoques de EPIs. Já os alunos e professores desenvolvem aplicativos para apoiar pessoas infectadas, como o “Rede de Afeto-Covid-19”, um espaço virtual que permite acesso aos doentes infectados e em isolamento sem contato físico.

Há ainda o aplicativo “Diário do Paciente - Covid-19”, prontuário virtual de sintomas e informações que auxiliam no tratamento do doente. A equipe trabalha ainda no projeto “Mapa de Calor-Covid-19”, identificando os casos distribuídos entre os bairros de São Luís com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, há iniciativas de pesquisa, extensão universitária e as Ligas Acadêmicas da UNDB, que desenvolvem projetos focados no tema da pandemia.

“Prestes a fazer 60 anos, fizemos uma reflexão sobre qual o nosso papel como instituição de ensino hoje. Temos a responsabilidade de cuidar além de nós, de nossas casas, de nossas necessidades. Como comunidade, somos mais fortes. No atual contexto, fica mais evidente que não podemos existir sozinhos”, finaliza.

Não temos a opção de interromper esse processo. Por isso, nós, educadores, não podemos parar. Nesse momento, as práticas pedagógicas não acontecem da mesma forma de antes. O que não quer dizer que seja melhor ou pior. Apenas que têm que acontecer diferente”

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