COLUNA SOCIAL

Pergentino Holanda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
PARA NÓS, principalmente os maranhenses, hoje é um dia de glória. É a data em que os sinos tocam para anunciar a celebração dos bem vividos 90 anos de um dos maranhenses mais ilustres de todos os tempos: José Sarney. Nesta data, não fosse a pandemia do coronavírus, seria lançado um livro com o depoimento de personalidades de todo o país sobre a trajetória do homem, do político e do escritor José Sarney. Fato que ocorrerá oportunamente. E como do livro também faço parte, com uma contribuição carinhosa e amiga, publico a seguir a minha homenagem ilustrada pela capa do livro, que divulgo em primeira mão
PARA NÓS, principalmente os maranhenses, hoje é um dia de glória. É a data em que os sinos tocam para anunciar a celebração dos bem vividos 90 anos de um dos maranhenses mais ilustres de todos os tempos: José Sarney. Nesta data, não fosse a pandemia do coronavírus, seria lançado um livro com o depoimento de personalidades de todo o país sobre a trajetória do homem, do político e do escritor José Sarney. Fato que ocorrerá oportunamente. E como do livro também faço parte, com uma contribuição carinhosa e amiga, publico a seguir a minha homenagem ilustrada pela capa do livro, que divulgo em primeira mão

Sarney: entre a paisagem e o sonho
O mundo seria pequeno demais, tosco demais, árido demais, rústico demais, absurdo demais, selvagem demais, angustiante e opressor demais, infeliz demais, triste demais, pesado demais, impraticável e sem sentido se não fosse a poesia.

A poesia é o sopro que areja a existência de tudo, é o bálsamo que lubrifica o atrito entre as engrenagens que compõem o mundo, é a panaceiavital capaz de permitir o fluir da seiva intangível que confere, se não sentido, pelo menos o conforto e o aconchego necessários para que o peso do existir tenha leveza e possa alçar do solo duro os pés que, então, ganham como que asas.

A poesia na obra literária de José Sarney permite voar e transcender as limitações do corpo, tocando sutilmente os intransponíveis
limites da eternidade.

Enquanto houver quem cante o canto do Poeta, enquanto houver quem leia suas linhas, quem contemple suas telas, quem assista às
suas produções visuais, quem viaje em suas memórias, quem reflita sobre suas propostas, a finitude seguirá sendo protelada e o pulsar da vida continuará achando caminhos para fluir como sangue vital por veias infinitas.

Por ser poeta, José Sarney conseguiu erigir em vida um castelo sólido de tijolos de brisa, amalgamado na argamassa da criatividade e da inspiração,fundeado nas entranhas da alma e, por isso mesmo, inabalável, irredutível e indestrutível.

Ele chega aos bem vividos noventa anos, contemplando o castelo que construiu em poesia, em contos, em crônicas, em romances, a mais perene e sólida matéria já concebida pelos deuses, pelos anjos e pelos homens.

Sou de uma geração que pode se orgulhar de já ter convivido por mais de meio século com o mais ilustre maranhense do nosso tempo. Para mim, em especial, esse convívio tem sido pontuado de passagens inesquecíveis, tendo como pano de fundo não só a paisagem de São Luís, que tanto nos deslumbra e emociona, mas igualmente lugares como Lisboa, Porto, Coimbra, em Portugal, a França
e suas cidades mais emblemáticas, a Argentina de Jorge Luís Borges, os Estados Unidos, entre outros. Como não recordar da Universidade de Coimbra toda engalanada para fazer a entrega solene, ao maranhense presidente da República do Brasil, do
título de Doutor Honoris Causa?

Da mesma forma, ainda estão vivos na minha memória os passeios pelo Quartier Latin, em Paris, com Jorge Amado, Zélia Gatai, Napoleão Saboia, companheiros de caminhadas e adoráveis conversas.

Como não lembrar da visita a Aixen-Provence, onde percorremos a pé a mesma trilha com cheiro de ervas até o monte Sainte-Victoire, inspiração para o pintor Paul Cézanne usar sua paleta de cores para compor as mais belas telas pós-impressionistas?

É impossível esquecer a festa de aromas e cores que só se encontra no Vieux Port, de Marselha, mercado fundado pelos fenícios em eras maisdo que priscas. Não há vista mais colorida no mundo do que o mercado de Marselha. Alhos rosados, pimentões verdes e vermelhos, tomates, berinjelas, abobrinhas, aspargos, cogumelos silvestres, acelgas, alcachofras, marmelos, nozes, abóboras, ervas-doces, negras azeitonas, o infindável prateado dos peixes e o grená sanguíneo das carnes.

Ora, direis, essa é a descrição de todos os mercados do mundo – o que é exato, desde que se atente para o mundo que circunavega os seus balcões.

José Sarney é um homem afeito a essas referências, além de ser também um desses raros homens que não fazem amigos: eles nascemespontaneamente ao seu redor, inebriados com sua personalidade.

Um dos segredos da atração irresistível que exercem tipos humanos como José Sarney é que eles inspiram uma tal fidúcia afetiva que
nos transmitem a convicção de que jamais seremos agredidos ou ofendidos por eles, que nunca nos desentenderemos com eles – e que o convívio que formos estabelecer com eles será sempre rico e proveitoso de humanidade.

São estes homens serenos e mansos, cordiais e amigos, iluminados de simpatia, que fazem a riqueza da vida.

O outro lado de Sarney é a política. Sempre fazendo dessa atividade o meio de bem servir a comunidade, granjeou o respeito dos seus
concidadãos como um exemplo de dedicação à causa pública. Sarney teve coragem de mudar na hora certa, quando o país precisava. E se tornou um exemplo de sabedoria política, sem dúvida o mais virtuoso de sua geração. E compôs, com dignidade, coragem e força, um belo hino à vida.

Afinal, poucos homens que viveram nestes dois últimos séculos podem dizer que amaram mais e lutaram mais pelo Brasil e pela
preservação de suas riquezas do que o maranhense que completa noventa anos no dia 24 de abril de 2020. Toda a sua existência, desde a juventude, passando pela sua vida pública, Sarney dedicou a denunciar aqueles que achavam que o Brasil não tinha futuro.

Poucos hoje bebem na mesma fonte que o velho político e escritor nascido na Baixada Maranhense.

Como jornalista, Sarney é o último remanescente de uma geração brilhante de profissionais nascidos aqui e educados nas nossas redações. Desde muito novo, produziu, em meio a um ambiente de baixa extração literária, uma escrita vigorosa, limpa e só aparentemente simples, como sempre se pretendeu que fosse escrever em jornal.

Havia naqueles textos uma estética poética, o brilho de ideias que vinham dos Cahiers du Cinéma, da filosofia alemã, da “geração perdida” dos cafés parisienses, de Hegel, Marx, Weber, de Gramsci, da militância política, das mesas de bar e das infinitas noites do Largo do Carmo, em São Luís.

Há poetas, jornalistas, contistas, cronistas, romancistas, políticos que são admirados, outros imitados, mais raros os que são amados, os que se incorporam para sempre naquele “fatal meu lado esquerdo”, como queria Vinícius.

Em nove décadas de vida, com atuação marcante na política, na literatura e nas artes, ele tem sabido cumprir a sua rotina com sabedoria, e pode se orgulhar de já ter registrado seu nome em uma das páginas da História que só a poesia escreve. E sua
trajetória poética, sua constante lição de claridade, contenção e beleza são – e serão para sempre – exaltados como um cristal ou diamante entre a paisagem e o sonho.

A morte de Natália
Causou grande consternação em São Luís – e também em São Paulo, onde ela estudava Publicidade e Propaganda na ESPM – a morte, vítima do coronavírus, da jovem maranhense Natália Rosa Murad Marão, filha de Fádua Rosa Murad (seu pai era o saudoso
Venizelos Murad) e Marco Antonio Marão.
O presidente da ESPM, Dalton Pastore, enviou uma comovente carta para toda a comunidade ESPM, cujo teor, que publico logo a seguir, teve grande repercussão entre os parentes e amigos de Natália nesta Capital.

A morte de Natália 2
Eis a íntegra da carta: “Um dia muito triste para a ESPM. Faz 43 dias que fechamos nosso campi.
Uma parte querida de nossas vidas fechadas por 43 longos dias. E doeu muito cada um deles. Mas ontem nossa comunidade sentiu uma dor muito maior. Perdemos uma de nossas meninas. E não há dor que se compare a esta.
Precisamos chorar juntos, mas não podemos estar juntos. Precisamos de um abraço, mas não podemos nos abraçar.
Precisamos uns dos outros, mas não podemos nos encontrar...”

A morte de Natália 3
E continua: “Peço a Deus que a família possa receber consolo e paz. Que olhe por todos e cada um de vocês. Que nos dê força e sabedoria para vencer este mal.
Que venha logo o dia em que possamos nos abraçar e chorar juntos. E que juntos possamos fazer uma escola cada vez melhor
para honrar a memória da menina que perdemos ontem”.

Humor e lirismo
O leitor pergunta por que publico tantas crônicas nesta coluna. Crônica, caro leitor, é literatura com outro viés, com humor e lirismo.
Hoje, não encontramos mais tantos conhecidos na Praça João Lisboa, por isso a crônica é uma forma de falar às pessoas sobre São Luís e as coisas que acontecem aqui, os cheiros e ruas da cidade, sempre com a leveza que é marca da crônica.
Sou tradicionalista, e por hora nada substitui o jornal de papel.

Excesso
Mais do que político, Roberto Jefferson é um ator e sabe como voltar a jato ao noticiário.
Pelo twitter, há quatro dias, denunciou uma conspiração para derrubar o presidente Jair Bolsonaro. Depois, calou-se e ficou por isso mesmo.
A nação deve a Jefferson a denúncia sobre o esquema de corrupção, feita há 15 anos, no governo federal.
Custou-lhe a própria cassação. Agora, porém, não precisa exagerar, criando ficção.

TVN para toda a família
Uma programação diferente, em casa e com a família e muito entretenimento de qualidade é a opção da TVN para seus clientes. Ou seja: os assinantes do serviço de TV a cabo Digital e HD, independente do seu tipo de pacote, podem desfrutar da abertura
de sinal de diversos canais – telejornalismo, documentários, filmes e programação infantil. Para ver a lista completa, basta checar o site www.tvn.com.br

DE RELANCE

A receita que precisa
A política é uma das esferas inevitáveis da vida, mas nem sempre deve ser o centro dos fatos e das decisões. No caso da pandemia do coronavírus, a máquina de colar rótulos retomou a sua capacidade máxima de funcionamento. Hoje, qualquer posição sobre isolamento e economia vem acompanhada de um carimbo que estampa um nome de político: Bolsonaro, Rodrigo Maia, Mandetta, Teich ou João Dória. Podemos bem mais do que isso. Desfulanizar o debate seria um dos caminhos da cura.

Dia da Educação
O Dia da Educação está chegando, 28 de abril, e mais do que nunca a data deverá ser comemorada com louvor. Isto pelo empenho que professores estão fazendo para manter o cronograma de aulas por meio das plataformas digitais. A Pitágoras, em São Luís, conseguiu reunir uma equipe de professores da área da saúde para ministrar lives e palestras abertas ao público com orientações de como combater o coronavírus e demais orientações. Todas as veiculações ficarão disponíveis no Instagram: @pitagoras.saoluis.

Modelo dos freios
A retomada da Economia será um desafio gigantesco. Não há momento melhor do que agora para romper com o círculo vicioso da burocracia no país, representada por uma rede inesgotável e cansativa de formalidades. São cartórios, taxas, guias, carimbos e tudo mais que existe de empecilhos. Esse conjunto consome tempo, dinheiro e desestimula a atividade produtiva.

Nas mãos dos governos
Esta não pode ser a década da perda irreversível deempregos. Sozinho, o poder público não resolverá. Sem usar a tática de imposições, muitas absurdas, precisará reaprender a ouvir os empresários que investem dinheiro, correm riscos e geram vagas.

Vão perder a chance?
Se a atual composição do Senado e da Câmara dosDeputados quiser ir adiante, deverá se empenhar na reformulação completa da estrutura tributária e nãoapenas fazer uma maquiagem. Provavelmente, existem parlamentares com conhecimento suficiente sobre
assunto. Entidades representativas do capital e do trabalho não podem ficar fora. O recesso provocado pela pandemia é uma grande oportunidade.

Recusa de Mandetta
Luiz Henrique Mandetta emitiu aviso a todos os governadores: não aceitará convite para assumir qualquer secretaria estadual da Saúde. Até 2022, vai atender em sua clínica médica e encaminhar a candidatura ao governo de Mato Grosso do Sul.

Passo de tartaruga
Começou a tramitar no Senado projeto que obriga bancos a oferecerem máscaras e álcool em gel para clientes nas agências. Ótima iniciativa. Conhecendo a tradicional lentidão, será aprovado quando o próximo verão estiver chegando.

Queda de braço
Presidente, governadores e prefeitos ajudariam o país se agissem em sintonia nesta hora. Não precisam concordar em tudo, mas bater boca pelos meios de comunicação e pela internet confunde a população e acirra ânimos.

Interesse pelo vírus
Pesquisa nos Estados Unidos mostra: cidadãos com mais de 65 anos continuam acompanhando as notícias sobre o coronavírus com mais atenção de que os jovens adultos.

Sintonia
Em sua primeira entrevista coletiva, o ministroda Saúde, Nelson Teich, mostrou que está sintonizado com médicos e hospitais, que querem aretomada do atendimento de pacientes de outras doenças, para evitar o agravamento do quadro de saúde e prejuízos financeiros às instituições.

Para escrever na pedra:
“Se tem inveja dos que têm mais dinheiro, não se limite a ficar aí sentado e a queixar-se. Faça qualquer coisa para ganhar mais dinheiro para si – gaste menos tempo a beber, fumar ou a socializar e mais tempo a trabalhar”. e Gina Rinehart, milionária por herança.

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