Saída de Moro

Bolsonaro nega que tenha pedido dados relativos a processos da PF

Presidente da República fez pronunciamento oficial na tarde de sexta-feira, 24, após acusações de interferência feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante coletiva para anunciar sua saída

Agência Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
(Bolsonaro)

O presidente Jair Bolsonaro negou, em pronunciamento na sexta-feira, 24, que tenha pedido informações sobre processos em investigação da Polícia Federal. A acusação de interferência foi feita pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ao anunciar sua demissão do governo.

O ex-juiz federal decidiu deixar o posto após a exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. Na saída, acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando do órgão para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência."Nunca pedi para ele o andamento de qualquer processo até porque a inteligência com ele perdeu espaço na Justiça", declarou Bolsonaro em discurso no Palácio do Planalto.

Bolsonaro citou diversas vezes, porém, que pediu e quase "implorou" para Moro dar informações sobre investigações de interesse do chefe do Planalto, entre elas o atentado à facada na campanha presidencial, o caso do porteiro do Rio de Janeiro e informações relacionadas ao filho, Jair Renan Bolsonaro.

Ao ler uma carta direcionada ao ex-juiz da Lava Jato no discurso, Bolsonaro disse estar "decepcionado e surpreso" com o comportamento de Moro. O chefe do Planalto classificou as declarações do ministro como infundadas. "Não são verdades as insinuações que eu desejaria saber sobre investigações em andamento.""Desculpa, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso", declarou Jair Bolsonaro ao contestar Moro. O presidente exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, após o ministro deixar claro que sairia do governo caso a demissão se concretizasse.

STF

O presidente declarou, também, que Sérgio Moro, então ministro da Justiça e Segurança Pública, condicionou a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro.
Moro era um dos cotados para vaga no STF, indicação que cabe ao presidente da República.

"Me desculpa, mas não é por aí", declarou Bolsonaro no Palácio do Planalto ao relatar o suposto pedido de Moro para exonerar Valeixo só em novembro depois de indicá-lo para o STF. "Reconheço as suas qualidades em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. E, outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso."

Bolsonaro negou que tenha pedido para Moro blindá-lo na Polícia Federal ou proteger alguém da sua família, mas deixou claro que apelou para o chefe da pasta agir no órgão para investigar alguns casos, como o atentado da facada na campanha eleitoral e o porteiro que citou o presidente no assassinato da vereadora do Rio, Marielle Franco.

O presidente ainda contestou Sérgio Moro em relação a seu poder de mudar peças nos mais altos escalões do Executivo.
"Oras bolas, se eu posso trocar um ministro por que não posso trocar o diretor da Polícia Federal?", questionou Bolsonaro em discurso no Palácio do Planalto. Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, do cargo, levando Moro a pedir a demissão.

O chefe do Executivo federal se queixou de, na avaliação dele, a Polícia Federal dar mais atenção ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) do que ao atentado contra ele na campanha presidencial

"Será que é interferir na polícia federal exigir, quase que implorar o Sérgio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito eles aí. Não interferi." Autonomia, de acordo com Bolsonaro, não é "soberania".

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