UTI

País tem 1,6 milhão de pessoas sem acesso a serviços de UTI

Levantamento do Ipea considerou apenas a população de baixa renda e que tem mais de 50 anos de idade, vulneráveis ao novo coronavírus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Dificuldade de acesso a diagnóstico e atendimento médico adequado tem potencial para aumentar as estatísticas de letalidade da Covid-19
Dificuldade de acesso a diagnóstico e atendimento médico adequado tem potencial para aumentar as estatísticas de letalidade da Covid-19 (UTI)

Brasília - O Brasil tem cerca de 1,6 milhão de pessoas vulneráveis ao novo coronavírus com dificuldade de acesso a tratamento intensivo em caso de infecção grave pela doença, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O levantamento considerou apenas a população de baixa renda e que tem mais de 50 anos de idade, morando a uma distância maior do que cinco quilômetros percorridos de carro até unidades de saúde capazes de fazer a internação de pacientes em leitos de Unidade de Terapia Intensiva com respirador mecânico. O estudo abrange apenas hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas 20 maiores cidades do país.

A dificuldade de acesso a diagnóstico e atendimento médico adequado tem potencial para aumentar as estatísticas de letalidade da doença, disse Rafael Pereira, técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea.
"Isso pode ter um efeito sim sobre o aumento da letalidade. A baixa disponibilidade de leitos aumenta muito as chances de estrangulamento de tratamento de saúde. Com o estrangulamento, pode aumentar a mortalidade, seja por covid seja por outras enfermidades", ressaltou Pereira.

Nas cidades investigadas, 41% da população de baixa renda na faixa etária acima de 50 anos têm dificuldade de acesso à internação pelo SUS. O Rio de Janeiro tem o maior contingente de vulneráveis, 384,5 mil pessoas, 55,5% da população nessa faixa etária e condições precárias de renda. Em São Paulo, 263,1 mil moradores enfrentam a mesma dificuldade.

A cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, tem a situação mais grave em relação ao tamanho da população local: 82,4% dos habitantes acima de 50 anos e de baixa renda têm dificuldade de acesso à internação em UTI pelo SUS, o equivalente a 67 mil moradores.

Em Duque de Caxias, entre os 121 casos confirmados com a doença até ontem, houve 20 mortes e outros quatro óbitos suspeitos eram investigados. A cidade tem apenas dois hospitais que ofertam leitos de UTI com respiradores mecânicos pelo SUS. A cada 10 mil moradores, há apenas 0,3 leito de terapia intensiva em Duque de Caxias, quando a recomendação do Ministério da Saúde - em condições normais, fora de pandemia - é de um leito de adulto em UTI a cada 10 mil habitantes.

O município da Baixada Fluminense, de pouco mais de 905 mil habitantes, tem ainda 13,5 mil pessoas vulneráveis com dificuldade de acesso a atendimento médico pelo SUS para realização de triagem e atendimento médico, o que pode resultar em subnotificações de casos de covid-19.

Nas 20 maiores cidades brasileiras, cerca de 228 mil pessoas de baixa renda e acima de 50 anos moram a mais de 30 minutos caminhando até uma unidade de saúde que poderia fazer triagem e dar encaminhamento para pessoas com casos suspeitos do novo coronavírus.
"Obviamente que se você tem uma parcela grande da população que tem dificuldade de acesso a serviços de saúde, você aumenta a chance de subnotificação e de ser encaminhado para receber o tratamento adequado", concluiu Rafael Pereira.

O número de casos confirmados no Brasil nas últimas 24 horas desacelerou de 3.058 ontem para 2.105 nesta quinta-feira, 16. Desta forma, o total o País tem 30.425 pessoas contaminadas pela covid-19. As mortes chegaram a 1.924, ante 1.736 na quarta-feira. O índice de letalidade da doença passou de 6,1% para 6,3%. Os dados são da plataforma do Ministério da Saúde.

O Estado de São Paulo é o que mais tem casos e mortes por coronavírus - respectivamente, 11.568 e 853. A letalidade é de 7,4%. Na sequência, aparece o Rio de Janeiro, com 3.944 contaminações e 300 óbitos. A unidade da federação menos afetada até agora é Tocantins, com 29 infectados e 1 morte.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.