Artigo

Unidos, somos melhores

Luiz Thadeu Nunes e Silva, Eng. Agrônomo, Palestrante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Mesmo com as atuais medidas de contenção da covid-19, houve da doença, nos primeiros 43 dias de sua irrupção no Brasil, mais casos do que os de sarampo, influenza, dengue e chicungunha, somados, no ano passado todo. Mas sem o isolamento social esses números seriam muito mais elevados. Estamos próximos do ponto em que a curva de contágio vai começar a crescer exponencialmente. A lentidão inicial se tornará uma corrida sem obstáculos.

Afinal, qual o objetivo das autoridades de saúde ao isolar as pessoas? É evitar que, sem restrições de contato entre elas, a endemia escape de qualquer controle, levando a curva de contágio a um pico elevado demais em dado momento. Tal situação levaria ao colapso dos sistemas de saúde público e privado, por falta, a essa altura, de respiradores, máscaras cirúrgicas, leitos de UTI, etc. Os Estados hoje ainda têm 50% de seus leitos de UTI disponíveis. Em verdade, contudo, não têm nenhum, pois eles desapareceriam em pouquíssimos dias ou horas. No Amazonas os hospitais não têm mais capacidades de receber doentes graves.

Já vi dezenas de projeções feitas por conceituadas instituições, que comparam as duas circunstâncias, uma com as medidas mitigadoras e outra sem elas. O resultado mostra diferença, a menor, com o uso do isolamento, estimada em centenas de milhares de mortos. Mas a questão não é apenas de perdas humanas versus perdas econômicas. Vamos supor a inexistência de diferença na contagem dos mortos. No segundo caso, estaríamos condenando milhares de pessoas, a maioria de idosos, a um dos piores tipos de morte, justamente na porta dos hospitais, por sufocamento.

Quase todos os economistas liberais-conservadores conceituados de quem li a opinião sobre o assunto afirmam só haver um caminho a seguir, o atual: Pedro Malan, Gustavo Loyola, Henrique Meirelles, Maílson da Nóbrega, Alexandre Schwartsman, José Roberto Mendonça de Barros, Armínio Fraga. A Universidade de Chicago concluiu uma pesquisa em 25/3, entre economistas americanos. A larga maioria dos entrevistados vê o abandono de isolamento social como mais danoso à economia, mais à frente, do que sua manutenção. Os economistas liberais de todas as tendências, brasileiros ou não, estão clamando pela intervenção estatal a fim de se evitar o pior tanto do ponto de vista da preservação de vidas, quanto da economia.

E os autônomos agora com renda zero? O governo (ou pelo menos parte dele) está conseguindo colocar dinheiro nas mãos desse grupo e de outros necessitados. A quantia ainda é insuficiente, mas são três meses, ao fim dos quais outras soluções poderão ser adotadas. Ou as mesmas.

Para cobrir despesas decorrentes da nova conjuntura, o Banco Central poderá, pela PEC do orçamento de guerra, atuar no mercado secundário de títulos privados (debêntures, CDBs, carteiras crédito), como já pode aumentar a base monetária; ou o Tesouro poderá emitir títulos da dívida pública, apesar da provável elevação dos juros. O risco inflacionário é nenhum.

Se, como sociedades, não formos capazes de fornecer, ao menor custo humano possível, proteção a seus membros mais vulneráveis, então nossa sociedade está num beco sem saída.

É falso o dilema entre o isolamento social e o vertical, este impossível de ser implantado. As escolhas deste período, formam necessariamente as pré-condições para a recuperação da economia mais à frente. Se não persistirmos não haverá economia nenhuma a ser recuperada.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.