Covid-19

Ministros da Saúde estão na "corda bamba" no mundo

Como Luiz Henrique Mandetta, no Brasil, outros ministros da Saúde pelo mundo estão com ameaça de demissão; a diferença, no entanto, é o motivo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Mandetta e outros ministro de Saúde pelo mundo estão na "corda bamba" da demissão
Mandetta e outros ministro de Saúde pelo mundo estão na "corda bamba" da demissão (Henrique Mandetta)

São Paulo - Enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, equilibra-se na corda bamba, autoridades que ocupam o mesmo cargo em outros países também enfrentam pressão durante a pandemia do novo coronavírus, mas por outros motivos. Mandetta trava uma queda de braço com o presidente Jair Bolsonaro ao defender o isolamento social para conter o avanço da pandemia e ver com restrições o uso da cloroquina. Em outras nações, responsáveis pela área da Saúde deixaram o cargo ou foram criticados justamente por descumprir medidas de distanciamento ou por não reagirem à altura da crise.

Na Escócia, por exemplo, a diretora médica do país, Catherine Calderwood, renunciou após ser flagrada viajando durante o período de isolamento social do Reino Unido, que impede esse tipo de deslocamento. Na semana passada, ela foi fotografada pelo jornal The Scottish Sun em Earlsferry, a cerca de 70 km de Edimburgo, onde mora. A diretora chegou a ser advertida pela polícia escocesa.

Mais de 10 mil

No domingo, 12, o número de mortes no Reino Unido passou de 10 mil. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, recebeu alta após contrair a doença e ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em situação semelhante, o ministro da Saúde da Nova Zelândia, David Clark, deixou o cargo à disposição por ter quebrado as medidas de isolamento e levado a família à praia durante a pandemia. A primeira-ministra, Jacinda Ardern, entretanto, rejeitou o pedido de demissão por considerar que o momento é atípico. Em nota, a premiê reforçou que o que ele fez foi errado e que a Nova Zelândia espera e merece mais de Clark.

Com as medidas restritivas, a Nova Zelândia tem conseguido controlar a propagação, com pouco mais de mil casos confirmados e apenas uma morte.

Na Romênia, o ministro da Saúde, Victor Costache, renunciou ao cargo no dia 26 de março, em meio a críticas por falta de equipamentos em hospitais. O ministro pediu demissão 10 dias após o país decretar estado de emergência. A Romênia registrou mais de 4 mil casos e cerca de 200 mortes decorrentes da doença

Alguns dias antes, o ministro da Saúde holandês, Bruno Bruins, pediu demissão após desmaiar durante uma discussão sobre a covid-19 com parlamentares. Ele disse que o mal-estar ocorreu por trabalho intenso nas últimas semanas e que não sabia quanto tempo levaria para se recuperar. A estratégia holandesa é de "isolamento seletivo", com foco em pessoas que fazem parte do grupo de risco. Até quinta-feira passada, o país registrava mais de 20 mil casos e quase 3 mil mortes.

Para o professor de Administração Pública da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Álvaro Guedes, os responsáveis pela área de saúde ganham notoriedade durante a crise simplesmente por cumprirem o seu papel e por fazerem aquilo que se espera.

"Em um ambiente de tanta turbulência, quem faz o que precisa ser feito ganha notoriedade. Por contraste, acaba aparecendo, porque está em um ambiente de pessoas que não fazem aquilo que se espera", comentou Guedes.

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