Artigo

A economia em tempos de coronavírus

Antônio Augusto Ribeiro Brandão, Economista. Membro Honorário da ALL e da ACL. Filiado à IWA e ao ELOS Literários

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Em 2008, quando de quase um novo ‘crash’ na economia americana, com repercussões e alguns efeitos colaterais negativos ainda perdurando, bastou que o Federal Reserve – FED, o banco central de lá, afrouxasse a liquidez que se convencionou chamar de ‘quantitative easing’ - QE, para que, pelo menos, o sistema financeiro fosse salvo. O então presidente do FED, Ben Bernanke, dizia ter aprendido com o que aconteceu em 1929, e fez exatamente o contrário injetando trilhões de dólares nos mercados.

Ressalte-se que, diferente de 2008, quando capitalismo salvou-se à custa de muita concentração, fusões e aquisições, em 1929, a ‘quebradeira’ foi geral e teve profundas repercussões econômicas e sociais; o capitalismo sobreviveu à custa de ativos sendo ‘trocados de mão’, o que sobrou.

Quando acabou a Segunda Grande Guerra, em 1945, os vencedores precisavam reconstruir os mercados dos derrotados e recorremos ao Google: “O Plano Marshall (conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia), um aprofundamento da Doutrina Truman, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall. Os americanos deram ajuda econômica no valor de cerca de 14 bilhões de dólares na época (equivalente a cerca de cem bilhões de dólares em 2018 ajustado pela inflação), que foram entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que se juntaram à Organização Europeia para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.”

A crise atual fruto do coronavírus é diferente, porque ainda nem se sabe bem como deve ser tratada clinicamente, apesar dos cuidados com o isolamento horizontal que, se durar, poderá causar sérios problemas à atividade econômica. Países de origem – uns mais ricos e outros, menos – fizeram o que foi possível e até tiveram que improvisar, contudo não evitaram as mortes decorrentes e reflexos negativos na economia.

O Banco Central do Brasil anunciou o nosso ‘QE’, que certamente evitará o pior, mas não poderá proporcionar grandes retornos: com o País em recessão esses recursos correm o risco de não repercutirem na economia real e, no máximo, serão trocados por ativos eventualmente garantidores desse auxílio à liquidez; ainda, por trás de tudo, há o problema da insegurança a pairar sobre os agentes da produção.

O Presidente, entretanto, tem procurado agir: após ouvir os governadores, admitiu uma moratória geral às dívidas com a União; também autorizou liberar 86 bilhões de reais aos Estados e Municípios, para o combate ao Covid-19, e haverá compensações ao FPM e FPE, que vão ter perda em virtude de queda na arrecadação do IPI e IR, cerca de 16 milhões de reais, durante quatro meses.

Há outras medidas em curso na tentativa de garantir o emprego, como a revogação da Medida Provisória sobre suspensão de contratos de trabalho.

Essa ajuda que o governo vai dar aos de baixa renda, sejam trabalhadores informais, pequenos empreendedores e empresas, deve ter prazo certo. Isto porque, se a economia ficar parada, essa ajuda vai transformar-se em dívida e aí a coisa poderá ficar pior, pois, além de sem emprego, sem clientes e sem produção, o Brasil também corre outro risco: entrar em depressão.

A China e os Estados Unidos tem cacife para, nesse caso, prorrogar essa ajuda e até assumir as dívidas de pessoas e empresas, mas os países emergentes, não, apenas estão oferecendo crédito.

Precisamos reverter as expectativas, porque na verdade existem variáveis que não comandamos.

Estamos em uma ‘guerra’ diferente a exigir, quem sabe, um novo ‘Plano Marshall’, em que os países mais fortes atingidos pelo vírus ajudariam os países mais fracos a saírem da crise.

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