Editorial

Ameaça aos profissionais de saúde

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

O medo e o cuidado estão presentes em médicos do país que estão no grupo de risco. Esses profissionais que atuam em unidades de saúde (postos, UPAs, prontos-socorros e hospitais, entre outros) que oferecem assistência a casos confirmados e suspeitos de Covid-19 poderão informar falhas na infraestrutura de trabalho oferecida por gestores públicos e privados. Na segunda-feira,30, entrou em operação uma plataforma online na qual o profissional poderá comunicar a situação que encontrou em seu local de trabalho.

Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revela que ao menos um a cada cinco médicos no Brasil possui 60 anos ou mais. Dos 414.831 profissionais dessa categoria no país, 84.310, ou 20,3%, estão nessa faixa etária. Essa situação se torna preocupante tendo em vista que com o avanço do Covid-19, o Brasil vai enfrentar uma situação que já ocorreu em outros países: o adoecimento dos profissionais de saúde durante a pandemia. Diante dessa grave situação existe a certeza que o país não pode abrir mão de um profissional de saúde sequer, mesmo os dos grupos de risco.

Sem equipamentos de proteção adequados, a preocupação só aumenta. É muito difícil num momento de pandemia. E o Brasil vai precisar decidir qual é a participação do setor privado na epidemia. Atualmente, o setor privado concentra mais médicos e mais estruturas e leitos de UTI que o SUS proporcionalmente No levantamento do CFM, não há dados específicos sobre o Maranhão, mas sabe-se que a situação é mais crítica em dois estados do Nordeste: Alagoas e Paraíba.

Os dados não apontam se esses médicos estão no SUS ou na iniciativa privada, nem quantos, de fato, estarão na linha de frente. Contudo, dados do Ministério da Economia apontam que o percentual de médicos acima de 60 anos é similar nas redes pública e privada. Enfermeiros e técnicos de enfermagem, que também possuem alto grau de exposição, são categorias com menor proporção de idosos — 2,5% e 4,25%, respectivamente, de acordo com números do Ministério da Economia. O CFM alerta que o profissional de saúde não pode ficar restrito a uma luva, ao seu jaleco e a uma máscara cirúrgica. Sem equipamento, é completamente inviável para trabalhar.

O risco de perder mão de obra durante a epidemia é um “grande problema”, segundo o vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino. Ele também projeta um afastamento de 40% da força de trabalho por causa do Covid-19 e de outras doenças. O CFM recomenda que médicos com mais de 60 anos não atendam diretamente casos de coronavírus. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) faz a mesma recomendação.

Em se tratando de medidas de combate ao Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro continua sendo alvo de críticas por minimizar o Covid-19. De acordo com a rede britânica BBC, as atitudes de Bolsonaro dão a entender que ele não está levando a sério o perigo da pandemia. Enquanto o mundo tenta desesperadamente combater o coronavírus, o presidente do Brasil está fazendo o possível para minimizá-la.
Portanto, vale como recado ao presidente a decisão da Comissão Europeia, órgão legislativo da União Europeia. A conceituada entidade afirmou que medidas de emergência no combate ao coronavírus precisam respeitar princípios democráticos. A declaração vem um dia depois que o Parlamento da Hungria aprovou um polêmico projeto de lei que permite ao governo de Viktor Orbán legislar por decreto, em um regime de estado de emergência sem limite de tempo para lutar contra o novo coronavírus.

A instituição europeia lembrou a Hungria que "medidas de emergência devem ser limitadas ao necessário" e devem ser "proporcionais". Segundo o órgão, todas as normas aplicadas pelo governo de Orbán serão "analisadas de perto" e que a liberdade de expressão deve ser garantida. As regras desencadearam críticas da oposição húngara. Segundo a agência Reuters, grupos de direitos humanos reclamam que não há um prazo claro para o fim da intervenção.

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