SÃO PAULO- Não se deve confundir isolamento social com abandono do idoso. Quem faz o alerta é o professor Carlos André Freitas dos Santos, da disciplina de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Por ser considerado o grupo de maior risco às consequências do coronavírus, a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos profissionais de saúde a quem tem mais de 60 anos é a reclusão domiciliar, evitando contato com outros indivíduos, incluindo vizinhos, amigos e parentes.
Para Santos, que também coordena o ambulatório de Promoção à Saúde e Envelhecimento Ativo da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), é importante lembrar que o afastamento temporário é diferente de isolamento. "Apesar de ser em caráter de proteção, familiares, vizinhos e amigos não devem abandonar seus idosos, mantendo um canal de comunicação frequente com eles. Muitas vezes, ele mora sozinho, recebe um membro da família, de duas a quatro vezes por semana, uma visita que tem caráter social, mas também de vigilância. É nesses momentos que vemos como a casa está sendo cuidada, se ele está se alimentando e se cuidando", explica.
"Quando deixamos de fazer isso por eles, perdemos a capacidade de percepção acerca de sua real situação. O medo e a ansiedade vão existir, mas eles são mais resignados e resilientes. Afinal, quantas situações difíceis já passaram na vida? Os idosos mais vulneráveis, em especial aqueles com doenças severas e graves, são mais um motivo para não abandonarmos. Ainda que remotamente, é fundamental manter contato, dando a eles total atenção", destaca o professor da Unifesp.
Solidão
Diversos estudos têm revelado o quanto é penoso o isolamento social para os idosos. Fatores como o estabelecimento de relações virtuais, fruto do avanço tecnológico, associados a outras causas, tem provocado um aumento de queixas de solidão. O período de afastamento como prevenção ao coronavírus pode agravar ainda mais a situação.
A sensação de estar sozinho conduz a um mal-estar por fazer esses indivíduos pensarem que lhes falta suporte, sobretudo de natureza afetiva. Os problemas de saúde, a baixa autoestima e a rejeição social podem estar na base do surgimento de sentimentos de solidão.
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