Pandemia

Covid-19 no Maranhão: mais de 70% dos infectados estão abaixo da idade do grupo de risco

Entre os casos confirmados no estado, há uma criança de 1 ano; de 23 infectados no Maranhão com um óbito, apenas seis são idosos

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Novos leitos hospitalares estarão à disposição dos pacientes com coronavírus em breve
Novos leitos hospitalares estarão à disposição dos pacientes com coronavírus em breve (Leitos)

Assim como os diabéticos, hipertensos e doentes crônicos, os idosos estão no grupo de risco para o novo coronavírus. Isso é frisado diariamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). No Maranhão, a maioria dos infectados por Covid-39 (72,8%) está abaixo da faixa etária dos 60 anos, como mostra o boletim de monitoramento divulgado diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Inclusive, uma criança, do sexo feminino, de 1 ano, foi diagnosticada com a doença.

Dos 23 casos confirmados de coronavírus no Maranhão - com uma morte -, apenas seis são idosos, seguindo o limite estabelecido pelo Estatuto do Idoso e a Lei 10048/00, embora o Projeto de Lei 5383/19 pretenda alterar a legislação vigente, para que as pessoas sejam consideradas idosas a partir dos 65 anos. Os homens com Covid-19 comprovada no estado possuem 69, 66 e 61 anos. Já as mulheres têm 70, 72 e 76 anos. Esse grupo está incluído no grupo de risco, devido à idade avançada.

Os que não são idosos, mas que estão contaminados por Covid-19, têm 37, 57, 55, 28, 30, 45, 44, 29, 26, 29, 58, 36, 49, 55 e 1 ano. A pessoa que faleceu em decorrência do coronavírus tinha 49 anos, mas com histórico de hipertensão (pressão alta).

Primeira morte
Neste domingo, 29, aconteceu a primeira morte por coronavírus no Maranhão, segundo confirmado pelo secretário Carlos Eduardo de Oliveira Lula, da Secretaria de Estado da Saúde. A notícia pegou muita gente de surpresa. A vítima tinha histórico de hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, que se enquadra no denominado grupo de risco, segundo a Organização Mundial de Saúde. O óbito ocorreu nove dias após a comprovação do primeiro caso de Covid-19 no estado, fato registrado em 20 de março.

A primeira morte teve como vítima um homem, de 49 anos, segundo a SES. De acordo com informações apuradas por O Estado, ele chegou com graves sinais de insuficiência respiratória na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária, em São Luís. Como o quadro clínico dele estava crítico, as equipes médicas nada puderam fazer para aliviar os sintomas. O paciente morreu no local, antes que fosse feita a transferência.

Grupos de riscos
Segundo a OMS, algumas pessoas são mais suscetíveis ou vulneráveis ao coronavírus. Esse grupo de risco diabéticos e hipertensos, além de quem possui doença insuficiência renal crônica, respiratória crônica e doença cardiovascular. Quem tem acima de 60 anos também está entre aqueles afetados pelos maiores índices de letalidade quando atingidos. Isso acontece porque, conforme infectologistas, o sistema imunológico dos mais velhos costuma ser deficiente por causa da idade.

Além disso, os pulmões e mucosas tornam-se mais frágeis e vulneráveis a doenças virais. No organismo dos idosos, há menos anticorpos, pois as vacinas tomadas na juventude já não são tão eficazes. Segundo o infectologista Kleber Luz, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, deterioração do sistema imunológico pela idade é chamada de imunossenescência.

Já com relação aos hipertensos, uma série de fatores colabora para que esse grupo seja mais afetado que a população em geral. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o vírus pode afetar o músculo cardíaco dos pacientes, que já têm o coração sobrecarregado e causar miocardite (inflamação do miocárdio). Também pode gerar necrose pulmonar, com acúmulo de líquido no pulmão.

Por este motivo, é importante que o hipertenso esteja com a pressão arterial controlada, com as vacinas em dia e procurar ajuda médica imediatamente após o aparecimento do primeiro sintoma.

Medidas efetivas
Segundo o pesquisador Antônio Augusto Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), três medidas se mostraram efetivas no combate à transmissão do novo coronavírus: proteção dos profissionais de saúde com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); identificação dos sintomáticos, por meio da realização de testes, disponibilidade dos resultados de forma rápida e isolamento; e identificação dos comunicantes, colocando-os em quarentena. O professor destacou que a China conseguiu reduzir o contágio adotando essas precauções.

“As evidências estão se acumulando e ainda há uma chance de parar essa epidemia. Não podemos achar que esse vírus vai se instalar entre nós e ser apenas mais um responsável pela gripe, pois ele tem taxas de transmissibilidade muito elevadas e sua letalidade não é baixa”, pontuou o pesquisador em seu artigo intitulado “Sobre a possibilidade de interrupção da epidemia pelo coronavírus (Covid-19) com base nas melhores evidências científicas disponíveis”.

Augusto Moura salienta que a pandemia está se espalhando no mundo, em parte, porque os testes nos suspeitos demoram, o que adia os resultados e o isolamento. Outro fator é o desleixo dos comunicantes, que não procuram os serviços de saúde, pois desenvolvem doença leve. Isso, na opinião do pesquisador, dificulta a identificação dos casos e controle da doença. “A China está conseguindo bloquear a epidemia provavelmente porque está identificando e isolando pelo menos 80% dos contactante”, explicou o professor da UFMA, que tem pós-doutorado em Epidemiologia Perinatal pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

“Há chance de parar essa epidemia, pois os casos assintomáticos parecem não alimentar de forma importante a transmissão. São prioridades absolutas: proteger os profissionais de saúde, testar e colocar em quarentena pelo menos 80% dos comunicantes. É preciso agir rapidamente, porque, associando-se a taxa de letalidade com a rapidez da transmissão do vírus, o número de casos tem dobrado de tamanho a cada cinco dias. A Coreia do Sul também está tomando essas providências e já conseguiu estabilizar a epidemia rapidamente nos últimos dias. Precisamos agir rápido”, alertou o pesquisador.

De acordo com ele, a China, por exemplo, deslocou 1.800 epidemiologistas para rastrear os contactantes na província de Hubei e enviou 40 mil profissionais de saúde de outras localidades para atender os casos em Wuhan, onde a pandemia começou, em dezembro do ano passado.

SAIBA MAIS

ABERTURA DE RESTAURANTES POPULARES

Durante os fins de semana, os restaurantes populares localizados em São Luís serão abertos, enquanto durar a pandemia da Covid-19. A Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) fez um pedido, por meio do Núcleo de Direitos Humanos. O funcionamento dos estabelecimentos vai beneficiar os moradores em situação de rua. No ofício, o defensor público Jean Carlos Nunes Pereira explicou que essas pessoas recebem, durante a semana, duas refeições provenientes desses restaurantes.
No entanto, esse serviço funciona somente durante a semana. Então, com o isolamento social, ficou mais comprometida a nutrição dos moradores de rua. Os restaurantes populares, porém, deverão adotar as medidas de segurança e prevenção contra o coronavírus.

AÇÃO COM CAMINHONEIROS

No domingo, 29, e segunda-feira, 30, o 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS) realizou uma ação, juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), em São Luís. A operação preventiva integrou a campanha “Siga em Frente Caminhoneiro”, que tem a finalidade de prestar solidariedade a esses profissionais. As equipes distribuíram kits de higiene, cestas básicas e material informativo com orientações de prevenção à contaminação pela Covid-19, além de refeições aos motoristas que circularam pela BR-135. A operação deve acontecer em outros dias nesta semana.

PERFIL

Casos confirmados
Homem, de 69 anos (1º)
Mulher, de 37 anos (2º)
Homem, de 66 anos (3º)
Mulher, de 70 anos (4º)
Mulher, de 72 anos (5º)
Mulher, de 76 anos (6º)
Homem, de 43 anos (7º)
Homem, de 57 anos (8º)
Homem, de 55 anos (9º)
Mulher, de 28 anos (10º)
Homem, 30 anos (11º)
Mulher, de 45 anos (12º)
Mulher, de 44 anos (13º)
Mulher, de 29 anos (14º)
Homem, de 26 anos (15º)
Homem, de 29 anos (16º)
Homem, 61 anos (17º)
Mulher, 58 anos (18º)
Mulher, 36 anos (19º)
Mulher, 49 anos (20º)
Mulher, 55 anos (21º)
Criança, sexo feminino, 1 ano (22º)
Homem, 49 anos (23º)

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