Mercado financeiro

Consultores falam dos impactos de Covid-19 nos investimentos

Bolsas de valores mundiais registraram fortes quedas como consequência da pandemia; apesar do desafio, especialistas esperam recuperação até 2021

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Assessor financeiro Nazareno Lima diz que adversidades devem ser superadas pelo setor financeiro
Assessor financeiro Nazareno Lima diz que adversidades devem ser superadas pelo setor financeiro (consultor)

Desde a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu como pandemia o surto do novo coronavírus, bolsas de valores de todo o mundo têm demonstrado constantes oscilações e quedas expressivas, afetando, diretamente, o cenário econômico do planeta. Não diferente dos demais países, há, no Brasil, uma inquietação sobre as projeções econômicas para os próximos meses, uma vez que, pondo em risco a saúde da população mundial, o Covid-19 ameaça, também, a saúde financeira de milhares de empresas espalhadas pelo globo. Para esclarecer pontos importantes relacionados ao atual cenário econômico nacional e internacional, O Estado conversou com os assessores de investimentos financeiros Gustavo Matos e Nazareno Lima, que pontuaram desafios e estimativas diante da crise.

Além da questão sanitária, o surto do novo coronavírus tem impactado negativamente na economia global devido ao lockdown, protocolo indicado pelas autoridades de saúde e adotada amplamente mundo à fora, que resultou no fechamento do comércio e orientação para que as pessoas não saiam de casa.

Em uma espécie de efeito em cadeia, o problema de saúde pública gerou severas quedas nas bolsas de valores mundiais, entre elas a brasileira, que, após atingir níveis históricos de alta em janeiro, quando superou 118 mil pontos, despencou, chegando a registrar pouco mais de 63 mil pontos no último dia 23. Apesar da enxurrada de problemas e desafios para toda a população, a expectativa do setor financeiro é de recuperação, seguindo tendências de outros momentos de adversidades superados pelo segmento, conforme destacou Nazareno Lima.

“Diante da pandemia do coronavírus estamos presenciando medidas de segurança e prevenção dos governos em todo o mundo como os lockdowns, bloqueios, e fechamentos de estabelecimentos. Essa restrição de circulação certamente impacta o consumo e traz volatilidade para o mercado financeiro na medida em que os investidores perdem a referência das receitas futuras das empresas. O impacto é de alta magnitude, no entanto, vemos medidas das maiores economias do mundo para conter a desaceleração econômica, além de uma situação de caixa e endividamento saudável em muitas companhias, o que em relação a crises passadas configura um sinal positivo. O mundo parece ter aprendido com as crises anteriores”, esclareceu Nazareno Lima.

Índice Bovespa

Ainda segundo Lima, os picos registrados pelo Índice Bovespa em janeiro faz jus a uma das principais características do mercado financeiro, que é a tentativa de antecipar os movimentos da economia global, o que pode acarretar certa euforia nos preços. No caso brasileiro, a alta registrada no período que antecedeu o surto resultou da especulação de que haveria uma melhora significativa no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O novo cenário apresentado pelo Covid-19, no entanto, rompeu esta expectativa – uma vez que grande parte das produções do país precisaram ser suspensas – o que, de acordo com o especialista, corroborou para um movimento mais forte de queda, potencializada, ainda, pelo baixo grau de investimentos no país.

“A bolsa brasileira historicamente apresenta volatilidade maior que a dos demais países ao redor do mundo. Muito por conta da falta de cultura e conhecimento em relação a investimentos, aqui o pânico geralmente é maior. Entretanto, a principal razão se deve ao baixo grau de investimento no Brasil. O investidor estrangeiro não se sente confortável em manter o capital aqui, e em tempos de crise vemos um alto fluxo vendedor destes”, explicou Nazareno Lima.

Carteira de investimentos

Devido à complexidade da crise do Covid-19, investidores devem se manter atentos e, sobretudo, determinados a superar os desafios consequentes da pandemia do novo vírus. Neste momento de incerteza, o maior risco é tomar ações impensadas no que se refere à aplicação de renda e, para o assessor Gustavo Matos, um dos caminhos mais adequados para proteger a carteira de investimentos diante de fortes quedas da bolsa pode ser a diversificação.

“Recomendamos sempre em primeiro lugar se ater à composição correta da parcela de renda variável em seu portfólio de acordo com o seu perfil, manter sempre uma reserva de oportunidade e reserva de emergência em ativos de renda fixa já traz muito equilíbrio para a carteira do investidor. Há alguns instrumentos financeiros que também são propícios para gerar rentabilidade e proteção em mercados de baixa como o ouro, contratos de índice do mercado futuro e opções de venda. Se utilizados corretamente estes ativos podem proporcionar uma boa proteção para a carteira de investimentos”, ressaltou Matos, especialista em renda variável.

Apesar do cenário adverso, as expectativas do setor financeiro são de recuperação, considerando, entre outras coisas, algumas estratégias positivas do Governo Federal que, seguindo a tendências de economias mundiais, reduziu os juros da taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) em 0,5%, o que, para o assessor de investimentos financeiros Nazareno Lima é a medida correta a ser adotada, uma vez que o crédito e a redução de juros são essenciais para estimular o mercado em momentos como esse, podendo gerar resultados favoráveis a médio e longo prazo.

“No curto prazo, certamente, a expectativa ainda é de volatilidade, o mercado não mostrou claramente sinal de reversão da tendência de baixa. No médio prazo, à medida que a percepção dos impactos nas empresas fica mais claro, se espera uma normalização do setor e queda da volatilidade. Já a longo prazo, muitas empresas, provavelmente, voltarão às atividades normais e poderemos ver um processo de ‘reestocagem’ no mercado, o que fomentará, substancialmente, as receitas das empresas. Apesar do consenso de projeções pessimistas para este ano, muitas instituições já projetam grande recuperação econômica para 2021, o que nos deixa otimista em relação ao futuro”, estimou Lima.

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