Artigo

Amor em tempo de coronavírus

Francisco Gonçalves da Conceição

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

No momento em que, seguindo as orientações das autoridades sanitárias, estamos nos recolhendo às nossas casas, me vem à memória um slogan que ganhou as ruas do Brasil: "ninguém larga a mão de ninguém!". Mas, já que a orientação das organizações de saúde é evitar o contato físico durante a pandemia, como podemos, então, segurar a mão do outro para expressar nossos afetos, o nosso amor pelo próximo, o cuidado de si e do outro?

Embora a gente adore abraçar, beijar, cheirar, tocar, existem outras maneiras de nos mantermos conectados uns com os outros, alimentando nossas necessidades de troca de energias, informações, sentimentos, emoções. E é exatamente por isso, para evitar que a gente se sinta só e desamparado, que precisamos continuar juntos, um ajudando o outro a superar esta crise sanitária e econômica, de forma generosa, solidária e afetuosa.

Penso, por exemplo, nos profissionais de saúde, que estão se dedicando a cuidar de todos, e dos pesquisadores, que nos laboratórios das universidades pesquisam uma vacina contra o coronavírus. Muitos profissionais de saúde estão se oferecendo nas redes sociais para prestar informações confiáveis e uteis às pessoas; outros fecharam seus consultórios particulares para se dedicarem exclusivamente à rede pública, fundamental para conter o avanço do vírus.

Além dos profissionais de saúde, os policiais, bombeiros e garis estão também na linha de frente pra evitar a proliferação do vírus. Não obstante todas as medidas de segurança adotadas, conforme recomendações da OMS, eles também estão expostos a riscos e preocupados com a segurança de suas famílias, vizinhos, amigos e colegas. Pois quem ama cuida, protege, se protege e se preocupa com o outro. Toda vida importa.

Líderes religiosos suspenderam atividades comunitárias e litúrgicas em igrejas, terreiros, salões para evitar a contaminação das pessoas. Os fiéis, de acordo com as suas crenças, foram orientados a ficar em casa e participar das orações, via rádio, TV e internet. De imperatriz, a Assembleia de Deus manda uma linda mensagem: além de suspender os cultos, ofereceu ao Estado o seu templo para servir de lugar de apoio ao combate do vírus.

Os bispos da Igreja Católica suspenderam as atividades e celebrações comunitárias e recomendam que os fiéis permaneçam em casa, evitando aglomerações e participando das celebrações por rádio, TV e web. A Casa Fanti-Ashanti, a Casa de Nagô e outros terreiros de Umbanda, Candomblé, Mina e Terecô também. Comunidades espíritas organizaram grupos de reflexão nas redes sociais. Diferentes crenças unidas em uma mesma oração.

Atendendo ao decreto do governador Flávio Dino, empresários fecharam shoppings, restaurantes e bares e muitos estão colaborando com a rede de saúde. Continuarão abertos farmácias e estabelecimentos que vendem produtos alimentícios e material médico-hospitalar, entre outros serviços essenciais. Mas, não é preciso comprar tudo de uma vez. Outras pessoas também precisam de comida, remédios, produtos de higiene. Quem ama reparte e soma.

Estudantes em isolamento voluntário também podem e têm ajudado de várias maneiras: cuidando dos mais velhos e das crianças, combatendo fake news. Muitos estão se oferecendo para fazer compras para as pessoas que não podem sair de casa ou que fazem parte de grupo de risco - maiores de 60 anos, hipertensos, diabéticos, pessoas com deficiência e outras. Um exercício de solidariedade que certamente vai impactar as próximas gerações.

O título desse artigo é uma referência ao romance de Gabriel Garcia Marques, Amor em tempo de Cólera, que narra o romance de Florentino Ariza e Fermina Daza. Gabriel conta essa história pra falar da força do amor sobre a morte. Em um país marcado por profundas desigualdades, cada vida tem que ser social e economicamente protegida contra a morte. Se fizemos isso, tenho certeza, que nós vamos escrever uma belíssima história de amor. #FiqueEmCasa

Secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, pai de Rafael e Gabriel e filho de Antônio e Sofia

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.