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Donos de restaurantes veem delivery como solução para vender

Com o surto do Covid-19, muitos estabelecimentos fecham e usam entregas paras manter a renda

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Com fechamento de lojas físicas, a entrega é a alternativa de venda
Com fechamento de lojas físicas, a entrega é a alternativa de venda (delivery)

Com o decreto que suspende o funcionamento de restaurantes e comércios que favoreçam a contaminação entre pessoas do Covid-19. Para tentar solucionar o problema, restaurantes da capital passaram a investir mais em delivery no intuito de manter a renda e promover saúde para clientes e funcionários.

Uma das lanchonetes da capital já está contratando novos motoboys. Segundo uma funcionária do local, que não quis ser identificada, foi necessária a contratação, pois os antigos motoristas estavam com sintomas de gripe e tiveram de ser afastados. “Sempre tivemos uma boa clientela para o delivery e agora que estamos abertos apenas para entrega o número de pedidos aumentou, então como pedimos para que os motoboys ficassem em casa para o bem da saúde deles, precisamos contratar mais motoristas”, comentou a funcionária.

Além de contratar mais funcionários, o local esta seguindo procedimentos para prevenir que funcionários sejam contaminados, e preservar a saúde deles. “Damos álcool em gel para que deixem na bolsa e possam passar na hora da entrega, já que a moto os deixa muito expostos, e também entregamos luvas descartáveis para pegar dinheiro, cartão, etc”, frisou a funcionária.

Segundo Gustavo Araújo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mais de mil restaurantes, apenas na Grande Ilha, fazem uso do delivery e, no momento, há uma saturação no serviço. “Quem via antes o serviço como algo a mais, hoje vê como a única solução, então mais pessoas estão fazendo uso do serviço de entrega e o deixando inchado. Estamos vivendo um colapso”, afirmou. De acordo com ele, o serviço de entregas representa apenas 20% da renda dos restaurantes, e mesmo com o aumento da demanda, as vendas continuam baixas.

“Muitas pessoas foram aos mercados e fizeram estoque de comida, e como eles estão em casa, preferem não pedir delivey”, frisou.

Thiago Ogro, dono de um restaurante na cidade, também teve que contratar dois motoboys para a entrega do delivery, porém, mesmo com o aumento delas, as vendas ainda não são suficientes. “O serviço aumentou apenas uns 20%. Não chega nem de perto a cobrir a ausência do atendimento presencial. Para quem já trabalhava só com delivery, deve ter melhorado no geral”, disse.

Aplicativos de entrega
Algumas empresas garantem o serviço de entrega para diversos restaurantes por meio de aplicativo, que os reúne em catálogos para o cliente. A empresa, através da plataforma, garante o entregador para o restaurante e o contato do estabelecimento com o cliente. Para garantir a movimentação do serviço e a saúde dos entregadores, algumas dessas empresas lançaram campanhas para melhorar a situação dessa área. Uma das maiores empresas no país, desse tipo de serviço, divulgou em nota medidas para ajudar o setor de alimentos e bebidas, e espera ajudar cerca de 30 mil estabelecimentos por toda a América Latina.

A empresa informou que vai oferecer aos usuários gratuidade na taxa de entrega para pedidos feitos a milhares de pequenos e médios restaurantes parceiros independentes do Brasil e da América Latina. Além disso, todos os restaurantes cadastrados na plataforma também serão isentos da taxa de retirada, quando os usuários fizerem um pedido pelo aplicativo e optarem por buscar a refeição pessoalmente. A empresa ainda vai intensificar seus esforços de marketing para esses restaurantes, com o objetivo de aumentar a visibilidade de empreendimentos locais para os usuários, pelo aplicativo e por email marketing.

“Sabemos que as próximas semanas serão desafiadoras para muitos proprietários de pequenas empresas. Hoje, anunciamos uma série de esforços para ajudar nossa comunidade a se manter saudável e segura ao usar o aplicativo. Mais que isso, queremos apoiar os milhares de restaurantes parceiros, particularmente pequenas e médias empresas independentes; os usuários que confiam na nossa plataforma para receber alimentos com segurança; e entregadores parceiros que contam com o aplicativo para gerar renda”, disse Eduardo Donnelly, diretor-geral regional na América Latina, de uma das empresas de entrega de alimentos.

A partir de segunda-feira (23), a empresa também começa a oferecer um novo programa para que restaurantes parceiros pequenos e independentes, em mercados específicos, recebam pagamentos diários durante esse período. “Ouvimos de entidades do setor, como Sebrae e Abrasel, além dos nossos próprios parceiros, que os restaurantes estão preocupados com o que a crise da saúde acarretará nas vendas, seu impacto no fluxo de caixa e sua capacidade de pagar fornecedores e funcionários”, afirmou Fabio Plein, diretor-geral da empresa, no Brasil. "É por isso que vamos dar a esses pequenos restaurantes a opção de receber pagamentos diários, em vez de esperar até o final da semana, o que pode ser ainda mais importante à medida que o delivery se torna uma parcela maior de suas vendas durante esse período".

A empresa também está trabalhando em colaboração constante com os governos locais para respeitar medidas e restrições obrigatórias durante esse período. “Muitos de nossos consumidores estão trabalhando de casa. Por isso, trabalharemos duro para que eles continuem tendo acesso a refeições, e ofereceremos descontos para os restaurantes que mais precisam de ajuda possam atingir mais usuários e potencializar suas vendas nesse momento crucial de apoio à nossa comunidade”, acrescentou Eduardo Donnelly.

Em nota, outra empresa de entrega de serviços informou que como líder do setor, entende seu importante papel neste momento de pandemia e tomou uma série de medidas para garantir a segurança de todo o seu ecossistema e medidas preventivas contra o Covid-19. A empresa está realizando comunicações educacionais e outras iniciativas para entregadores, restaurantes, colaboradores e consumidores.

A empresa também afirmou que no caso dos entregadores parceiros independentes, foi criado um fundo solidário no valor de R$ 1 milhão para dar suporte àqueles que necessitem permanecer em quarentena. A orientação ao entregador que tenha suspeita ou confirmação do Covid-19 é que siga todas as recomendações de saúde transmitida pelos órgãos públicos (também compartilhada pelos canais específicos de comunicação da empresa com o entregador) e, assim que possível, comunique a empresa do pelos canais de atendimento.

O entregador receberá do fundo solidário um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos 14 dias de quarentena.

A instituição também dedicou-se ainda a buscar soluções que amenizem os impactos econômicos e sociais do Covid-19 para os restaurantes cadastrados em sua plataforma. Para que isso aconteça, a foodtech anuncia três grandes ações que passam a valer a partir do dia 2 de abril. A primeira ação visa o Maior lucro por pedido para o restaurante. A empresa destinará R$50 milhões de sua receita na forma de um fundo de assistência a restaurantes, com foco especial nos pequenos estabelecimentos locais.

A empresa antecipará os recebimentos dos restaurantes, sem custo adicional, para melhorar fluxo de caixa desses estabelecimentos. Dessa forma, todo restaurante que optar por fazer parte dessa iniciativa, receberá seu pagamento em 7 dias após a venda nos meses de abril e maio. Com isso, a expectativa é injetar até R$ 600 milhões no mercado brasileiro.

De acordo com orientações de distanciamento social e outras determinações dos órgãos públicos, a previsão é que nos próximos dias muitos restaurantes tenham que fechar seus salões ou que sintam diminuição considerável no número de clientes que frequentam seus estabelecimentos. Por isso, todo o valor arrecadado pela empresa em taxas do serviço ‘Pra Retirar’ (no qual os usuários fazem o pedido via app e retiram diretamente no restaurante) será devolvido integralmente aos restaurantes parceiros.

Além de receber de volta o valor do serviço, os restaurantes permanecem ainda como ponto de retirada de pedidos, o que mantém viva a atividade principal: o salão. Atualmente, o recurso ‘Pra Retirar’ está presente em cerca de 120 mil restaurantes localizados em mais de mil cidades em todo o país. Os detalhes de todas as medidas serão apresentados pela empresa na próxima quarta-feira, 25 de março.

Números

1 mil restaurantes, no mínimo, fazem uso do serviço delivery na cidade
20% do atendimento da maioria dos restaurantes é do serviço de entregas
80% é o deficit na economia de Restaurantes e Bares

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