Agronegócio

Campo continuará produzindo alimento com ou sem Covid-19

Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, diz que o setor agrícola do país fará sua parte para manter a economia aquecida, mesmo com essa mazela do coronavírus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Safra de soja 2019/2020 é considerada boa na maior parte das regiões produtoras do Brasil
Safra de soja 2019/2020 é considerada boa na maior parte das regiões produtoras do Brasil (soja)

A epidemia de coronavírus não vai paralisar as atividades do campo, que continuará produzindo alimentos mesmo em tempos de crise. A manifestação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, e serve como um estímulo à sociedade, principalmente urbana, demonstrando que a produção agropecuária dará a sua parcela de contribuição para superar a crise.

“A população urbana está em pânico pelas informações que chegam pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. Mas o campo continua produzindo com ou sem coronavírus. Outros setores da economia já estão sendo afetados pela epidemia. Mas nós no campo não podemos parar. Precisamos colher a safra, fazer o manejo adequado para que a produção continue. Os brasileiros podem ficar tranquilos que vamos fazer a nossa parte para manter a economia aquecida, mesmo com essa mazela do coronavírus”, afirma Bartolomeu.

Os sinais do aquecimento da demanda por alimentos vêm da própria China, que está estabilizando a crise do conoravírus. O país asiático importou 82 milhões de toneladas de soja em 2019 e deve importar 85 mi/toneladas em 2020. Outro sinal vem das vendas futuras. Conforme projeções da entidade, a epidemia de Covid-19 não afetou as exportações brasileiras de soja. O país já comercializou antecipadamente 60% da safra 2019/2020 e 10% da safra 2020/2021.

“A China enfrentou a peste suína africana e o coronavírus, dois cisnes negros que provocaram impacto nas bolsas e no dólar. Mas tudo indica que os problemas internos serão resolvidos e o país tornará a importar perto de 90 milhões de toneladas. O cenário que nós projetamos a partir de informações de mercado é de aumento das importações de carnes e da produção de frango e pescado. As vendas futuras blindaram a soja brasileira”, acrescenta.

Exportações
Segundo Bartolomeu, o cenário com o dólar no patamar próximo de R$ 5,00 favorece as exportações de produtos agropecuários, entre eles a soja, e permite a entrada de capitais no país. “O dólar elevado beneficia a exportação. Estamos vendo que o mercado exportador está aquecido. A demanda mundial tem comprado nossos produtos. A soja brasileira é um produto bastante competitivo e é o preferido pelos principais mercados mundiais pela qualidade e preço. Isso leva o produtor a fazer negociações. A cadeia produtiva da soja está aquecida neste momento”, ressalta o presidente da Aprosoja Brasil.

De acordo com o dirigente, o produtor rural tem de buscar as oportunidades proporcionadas pelo câmbio favorável e pelo aumento da demanda, principalmente da China, que começa a se recuperar após a epidemia. Bartolomeu pondera, porém, que o produtor precisa estar atento à melhor estratégia diante da elevação dos custos para aquisição de insumos para a próxima safra.

“Não sabemos o que vai acontecer com o dólar. O importante é buscar a negociação futura para garantir menor custo de produção. Sabemos que esses custos vão subir bastante, que serão impactados pela alta do dólar. A gente não sabe ainda qual vai ser a oferta desses insumos agrícolas, se vai ter alguma atualização. Mas é um tema que teremos de enfrentar, se precaver, fazer Barter e negócios futuros, para garantir melhores custos de produção na safra 20/21”, comenta.

Expectativa da Aprosoja Brasil é que sejam colhidas 120,6 milhões de toneladas de soja

Apesar das fortes perdas provocadas pela estiagem no Rio Grande do Sul, o Brasil deve colher 120,6 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020 e se consolidar como o maior produtor mundial da oleaginosa, superando os Estados Unidos. Os números são da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e fazem parte do boletim Estimativas de Safra, divulgado pela entidade.
Mato Grosso segue líder da produção do grão, com 34,013 milhões de toneladas, seguido por Paraná (20,508 mi/t), Rio Grande do Sul (12,769 mi/t), Goiás (12,500 mi/t) e Mato Grosso do Sul (10,573 mi/t). A área plantada no país atingirá 36,9 milhões de hectares. O Maranhão deve colher 3,106 milhões de toneladas de soja para uma área plantada de 976 mil hectares.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, a safra 2019/2020 pode ser considerada boa na maior parte das regiões produtoras. “A região centro-oeste, que representa mais de 50% da produção brasileira e onde o plantio foi um pouco mais tardio por causa das chuvas, praticamente não apresenta problemas de produtividade. As lavouras no Matopiba, nos estados do Norte e no restante do Brasil estão indo bem. Apesar das dificuldades pontuais, seremos o maior produtor de soja do planeta”, avalia.

Perdas
O quadro geral é diferente do que ocorre em regiões do Rio Grande do Sul, onde há perdas de cerca de quase 50%. Bartolomeu Braz diz que a entidade está atenta às necessidades dos produtores gaúchos e buscará apoio do governo federal para equalizar situações de endividamento dos produtores.
“Muitos produtores não têm um seguro agrícola adequado e vão atravessar uma situação difícil. Estamos trabalhando em conjunto com outras entidades para que os ministérios da Economia e da Agricultura viabilizem uma solução para o endividamento desses produtores. Há a possibilidade de uma resolução do Banco Central e até linhas de crédito específicas”, comenta.
Os números da entidade diferem dos dados apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA), que em seus levantamentos apresentados em março apontaram colheitas de 124 milhões de toneladas e 126 milhões de toneladas, respectivamente.
“Nosso levantamento tem por base dados coletados nos 16 estados produtores, o que nos permitiu vermos o que está acontecendo com a produção. Conseguimos identificar perdas em decorrência da seca que aumentaram muito nas últimas semanas e que outros órgãos não apontaram em seus levantamentos. A Aprosoja Brasil tem feito isso com responsabilidade mostrando ao Brasil e aos mercados que as nossas projeções são feitas por técnicos e produtores”, reitera Bartolomeu.

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