Coronavírus

Prevenção deixa ruas do Centro Histórico vazias

Comércio local, hotéis, bares e restaurantes são os que mais estão sentindo impacto; prejuízo chega a 80% em alguns estabelecimentos

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Centro Histórico está vazio com a ausência de consumidores, recolhidos em suas casas
Centro Histórico está vazio com a ausência de consumidores, recolhidos em suas casas (Centro Histórico)

As ruas vazias e o receio de sair de casa chegou ao setor turístico da cidade e o impacto é visível na região do Centro Histórico. O lugar, que é destino dos turistas, principalmente os estrangeiros, está vazio. Hotéis estão tendo suas reservas canceladas e os restaurantes, bares e comércio estão tendo queda nas vendas.

Segundo o Sindehotéis-MA (Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro e Meios de Hospedagem, Gastronomia, empresas de refeição coletiva, empresas de turismo e casas de diversões), esses setores está tendo um deficit de 50% a 80%, variando de acordo com setor e estabelecimento.

Hotéis, pousadas e hostels

Em São Luís, o principal público é estrangeiro, principalmente europeus, e mesmo estando em baixa temporada, a redução de pessoas se hospedando na cidade é crescente, desde que os casos do Covid-19 se intensificaram na Europa.

Marcele Claude trabalha no setor comercial e de marketing de uma pousada na Rua do Giz e informou que o número de hóspedes reduziu em relação ao mesmo período no ano passado. Em março de 2019 a ocupação era de 32%, nesse ano é de 30%.

Diego Leite, gerente-geral de hotel, se queixa da mesma coisa, ele informou que ocorreram vários cancelamentos nas últimas semanas, principalmente após o anúncio de que os Lençóis Maranhenses seriam fechados. “Pelo que a gente pode mensurar, houve um número bem grande de cancelamentos e já estamos pensando em formas de reduzir os custos”, frisou. O local deve suspender contratos com colaboradores por 60 dias e diminuir nos gastos de compras.

Essa redução acontece porque, além dos voos estarem sendo cancelados, as pessoas estão receosas de viajar, entrar em contato com um grande número de pessoas e não terem condições de se tratar.

Julie Charvet é francesa e está no Brasil há seis meses. Apesar de o país possuir menos casos de coronavírus do que a França, ela diz se sentir mais segura lá. “Eu tenho medo do presidente e de como o Brasil vai encarar a situação se tiver mais casos”, comentou. Ela volta nesta sexta-feira (20) para a França e vai permanecer em quarentena por 14 dias, por precaução.

Já Artur Pinheiro, dono de hostel, está passando por uma situação contrária. Como seus clientes são estrangeiros, ele está com todos os quartos ocupados, pois muitas pessoas preferiram permanecer no Brasil do que voltar. Esse é o caso do venezuelano Tukui Volador. “É meio complicado, pois não tenho casa aqui, mas acho mais seguro, já que está tendo menos casos”, disse. Ele está no Brasil há cinco meses e há um mês em São Luís.

A sindehotéis-MA informou que estão avaliando caso a caso dos hotéis para propor uma solução, mas que estão cogitando férias coletivas.

Bares e restaurantes
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Gustavo Araújo, houve quedas bruscas nas vendas e 80% dos locais estão em baixa. A porcentagem varia de um local para o outro e há restaurantes que tiveram 100% de queda nas vendas.
Um dos restaurantes mais populares da Praia Grande teve 80% de deficit nas últimas semanas e um dos bares mais frequentados, também no Centro Histórico, teve queda de 90%, mesmo com 50% de desconto no cardápio, para tentar manter as vendas. Com a queda brusca nas vendas, cogita fechar por tempo indeterminado.

A coordenadora do Cresol (Centro de Referência Estadual de Economia Solidaria), Maria Luiza Mendes, informou que o local também esta sentindo o impacto, “Normalmente vendemos entre 25 e 30 pratos, mas esses dias vendemos apenas quatro por dia”, frisou.

A Abrasel também informou que o projeto Vila Reviver, que consiste na criação de um espaço gastronômico com 14 restaurantes no espaço da Praia Grande, foi cancelado temporariamente até que a situação melhore.

De acordo com a Sindehotéis-ma, a solução que os restaurantes estão tendo no momento é investir nas entregas deliveries.

Comércio
O comércio na Praia Grande também está registrando queda nas vendas por falta de público.
Silvia Cristini Barbosa é proprietária de uma loja de artesanato no Centro Histórico, comenta que já está há duas semanas com poucas vendas e não sabe o que fazer. “Não tenho o que fazer, o jeito é esperar isso tudo passar, mas eu não posso fechar, essa é a minha renda”, disse.

A feirinha de São Luís, realizada todos os domingos na Praça Benedito Leite, foi suspensa temporariamente em uma das medidas para evitar aglomerações constantes em decreto da Prefeitura de São Luís.

Pontos Turísticos

Visando a saúde da população, após a divulgação dos decretos, tanto da Prefeitura quando do Governo Estadual, museus de São Luís estão fechados temporariamente. O Parque dos Lençóis Maranhenses e o Passeio do Rio Preguiça também estão suspensos.

A Vale, por meio de nota, divulgou que o Centro Cultural da Vale, localizado na Praia Grande, e o Parque Botânico, na Avenida dos Portugueses, suspenderam suas atividades temporariamente para conter o avanço do Covid-19 e proteger a população.

Márcio é dono de um restaurante no Reviver, e devido as quedas nas vendas e a preocupação com a saúde de seus filhos, decidiu fechar o restaurante.

A gente não vai abrir mais, não adianta ficar arriscando, as vendas caíram muito e com esses vírus é aconselhável não sair de casa, sem falar que não se acha mais nada nos mercados, alguns materiais estão em falta. Só vou reabrir quando estiver tudo seguro, até porque moro em um local em que a maioria das pessoas que passam são de fora. Só Deus sabe como vou fazer com minha renda, a esperança é esperar alguma ajuda do governo”, frisou.

Números

80% é o deficit na economia de Restaurantes e Bares
50% a 80% dos hotéis estão sofrendo cancelamentos

Fonte: ABRASEL e SINDEHOTÉIS-MA

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