Aniversário

São Raimundo faz 29 anos e precisa de obras e mudanças

Conjunto da zona rural faz aniversário e O Estado relembra um pouco de sua história

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Conjunto ainda precisa de melhorias para se tornar independente
Conjunto ainda precisa de melhorias para se tornar independente (Conjunto São Raimundo)

Localizada na zona rural de São Luís, o Conjunto São Raimundo foi criado no dia 19 de março de 1991 e completa nesta quinta-feira, 19, 29 anos. Ele foi um resultado do “Plano Pai”, projeto da Caixa Econômica, em parceria com 15 empresas.
Inicialmente, seriam construídas 7 mil casas no local, com seis metros de comprimento e três de largura - sala, cozinha e banheiro. Não haviam quartos. Porém, apenas metade das casas foram construídas, as outras 3 mil e 500 seriam produzidas na segunda etapa do projeto, contudo, o terreno destinado ao ele foi invadido e posteriormente se tornou a Vila Cascavel.

Na época, não existia nada no conjunto, apenas as casas construídas. Era necessário que os moradores se locomovessem até outros bairros para qualquer tipo de serviço. “Foi muito difícil na época, não tinha nada, apenas as casas construídas e a maioria estava abandonada”, disse Manuel De Jesus Caires, presidente do Conselho Comunitário Sociocultural do Conjunto São Raimundo, que mora no local há 29 anos.

Calmaria
Porém, se por um lado alguns viam como um defeito o local não ter nada, algumas pessoas enxergavam como qualidade. Micah Arguiar, estudante, mora no conjunto há 20 anos e comentou que a calmaria foi um dos fatores decisivos para sua família se mudar para o local. “Na época que meus pais decidiram morar aqui, era um conjunto relativamente novo, poucas pessoas sabiam daqui, então como eles estavam começando uma família e aqui era muito calmo, achamos que seria o melhor local”, afirmou.

Em agosto de 1996, foi inaugurado o Conselho Comunitário Sociocultural do Conjunto do São Raimundo. O Conselho é uma entidade representativa do Conjunto do São Raimundo e cuida das questões sociais do bairro, além de entrar em contato com entidades para representar a comunidade do local.

Locomoção
Nos primeiros anos, apenas um ônibus fazia linha para o conjunto, passando duas vezes ao dia - de manhã e no fim da tarde – pelo local. Hoje existem quatro rotas que também passam pelos bairros mais movimentados da cidade. “O Transporte público não me apresenta tanta dificuldade, pois temos quatro rotas que passam pelos bairros mais importantes da cidade e isso ajuda muito”, disse Micah Arguiar.

Porém, mesmo assim, a locomoção no bairro ainda deixa muito a desejar devido à estrutura das ruas e pelo local ter apenas uma entrada e saída. “Esse é o nosso principal calcanhar de Aquiles, o ideal era que tivéssemos uma via que interligasse os bairros”, disse Manuelzinho. Ele é autor de um projeto para ligar a via principal até o KM 0 da BR-135 e ao retorno da Universidade Estadual do Maranhão. “Esse projeto é ideal para o crescimento do nosso bairro”, frisou. O projeto permanece apenas no papel.

Saúde
Outro ponto que os moradores do bairro reclamam, é a falta de Unidade de Saúde Emergencial, a comunidade precisa se locomover até outros bairros para receber atendimento médico. “Algumas vezes eu desisti de ir no médico por ter que sair daqui, pois é um pouco complicado sair de um bairro para o outro e também tem a questão do horário”, disse Micah Arguiar. O bairro possuí o Centro de Saúde Nazaré Neiva, porém no momento ele está em reforma.

Obras Inacabadas
O conjunto também possuí obras inacabadas, que tem causado transtornos para os moradores, pois locais se tornaram ponto de violência e vandalismo. “Muitos desses lugares que já eram para ser entregues estão sendo invadidos por vândalos e as pessoas têm medo de ficar nesses lugares”, comentou Manuelzinho.

Segundo ele, os locais que possuem obras inacabadas são o Centro de Referência em Assistência Social, a quadra poliesportiva do colégio UEB São Raimundo e a reforma do Centro de Saúde Nazaré Neiva.

Em nota a Secretária de Estado do Desenvolvimento Social informou ao Estado que obras estavam temporariamente paralisadas por conta das fortes chuvas do período, e que equipes técnicas da Sedes estão em contato com a empresa responsável, definindo a melhor data para a retomada da obra, o mais breve possível. A Secretária Municipal de Saúde informou em nota a O Estado que o Centro de Saúde Nazaré Neiva está passando por reforma, para ser entregue em breve à comunidade, e que todos os atendimentos estão sendo feitos nas igrejas Moriah e Semear, além do Centro Comunitário do bairro. A Secretária Municipal de Educação informou que está aguardado o repasse de verbas por parte da FNDE, para a retoma dos serviços no colégio UEB São Raimundo.

OPINIÃO

Raphaella Cunha, estudante, mora no Conjunto São Raimundo há 22 anos
“O conjunto não tem muita estrutura, embora muita coisa já tenha mudado para melhor. Por exemplo, se a gente quiser ir ao banco resolver uma emergência, temos de sair do bairro, o que requer uma demanda maior de tempo, porque aqui mesmo não tem. Tinha uma lotérica antes, mas nem isso tem mais. A mesma coisa com supermercado. Outra coisa é a dificuldade que se tem em solicitar transporte por aplicativo. Não é todo motorista que topa fazer corrida. Mas acho que a vivência é um ponto positivo. Querendo ou não, se você mora em um condomínio, as relações mudam bastante. Eu tenho a impressão de que a vida é bem mais restrita e menos partilhada. Aqui, os meus amigos de infância são os mesmos até hoje e isso é muito bom”.

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