Covid-19

Pandemia e empatia: o que aprender com o coronavírus

Segundo as especialistas, depois que você consegue entender e aceitar a situação atual, já tem total capacidade de ter empatia e enxergar o próximo

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro (empatia)

SÃO PAULO- Desde que o coronavírus se espalhou vertiginosamente e a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou uma pandemia, o mundo virou um caos. A sensação de fragilidade, vulnerabilidade e impotência tomou conta das pessoas. De todas as idades, culturas, raças e religiões. As diferenças ficaram de lado. Hoje, somos um só. Aí que entra a empatia.

“Como usar essa adversidade global que o coronavírus representa como uma curva de aprendizado para praticar o amor e a equanimidade? Quando nos preocupamos com os outros, geralmente, temos a tendência de pensar nas pessoas dentro do nosso núcleo: nós mesmos, nossa família e nossos amigos. O momento atual nos traz a oportunidade de expandir nossa mente, exercitar o altruísmo e se preocupar pelo bem de todos os seres. Quem quer que seja e onde quer que esteja”, defende Vivian Wolff, coach especialista em desenvolvimento humano e mindfulness pelo Integrated Coaching Institute (ICI) e formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC.

“Empatia consiste na habilidade de perceber o outro, muitas vezes sem que ele precise dizer algo acerca de sua situação emocional ou afetiva. A empatia significa ‘colocar-se no lugar do outro’, sentir suas emoções. Neste momento difícil, precisamos demonstrar interesse genuíno e ativo diante das preocupações, especialmente dos idosos e dos portadores de doenças que estão no grupo de risco do coronavírus”, explica Elaine Di Sarno, psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica, e Terapia Cognitivo Comportamental, ambas pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – FMUSP.

De acordo com Vivian Wolff, precisamos primeiro trabalhar a aceitação dos fatos. “Devemos avaliar a qualidade dos pensamentos que escolhemos cultivar. Lidamos com o momento difícil cultivando pensamentos de medo que nos enfraquecem ou pensamentos que nos fortalecem? Em meio a uma crise global, ser capaz de avaliar o alcance de uma adversidade e ter recursos internos para lidar com ela da melhor maneira possível é muito valioso. Pessoas resilientes fogem de reclamação e justificativas e passam para o gerenciamento das emoções e solução de problemas”, diz Vivian Wolff.

Segundo as especialistas, depois que você consegue entender e aceitar a situação atual, já tem total capacidade de ter empatia e enxergar o próximo. “Talvez você não esteja no grupo de risco do coronavírus, mas já olhou a sua volta? Tem vizinhos idosos ou com doenças pulmonares, diabetes ou hipertensão arterial? Essas são as pessoas que precisam de maiores cuidados, que necessitam de proteção. Portanto, pratique a empatia, a solidariedade. Ofereça ajuda. Se for preciso, faça o supermercado para sua vizinha de 70 anos e evite que ela se exponha ao risco”, aconselha Elaine Di Sarno.

“Essa pandemia que estamos vivenciando nos leva a questionar como e por quem serei cuidadoso. Qual pensamento vai me guiar diante da situação atual? O que posso fazer para que minha comunidade fique em segurança? Reflita e dê o seu melhor como ser humano”, finaliza Vivian Wolff.

O que é empatia?

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.
A empatia leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo - amor e interesse pelo próximo - e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.
A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento alheio em determinadas circunstâncias e a forma como outra pessoa toma as decisões.
Com origem no termo em grego empatheia, que significava "paixão", a empatia pressupõe uma comunicação afetiva com outra pessoa e é um dos fundamentos da identificação e compreensão psicológica de outros indivíduos.

O que é uma pessoa empática?

Ser empático é se identificar com outra pessoa ou com a situação vivida por ela. É saber ouvir os outros e se esforçar para compreender os seus problemas, suas dificuldades e as suas emoções.
Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, isso significa que houve um grande envolvimento, uma identificação instantânea. O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação. Houve compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.
Para ser empático é preciso conseguir ultrapassar as barreiras do egoísmo, do preconceito ou do medo do que é desconhecido ou diferente. Para que uma pessoa consiga exercer a empatia é preciso retirar a atenção de seus próprios problemas e manter seu foco de atenção na outra pessoa.

Tipos de empatia

Apesar de haver uma definição padrão para o termo, este ainda é alvo de más interpretações. Isso ocorre por que a empatia pode ser dividida em diferentes tipos, sendo que cada um deles representa uma forma desse estado se manifestar nos indivíduos.
Confira quais são esses tipos logo abaixo.

Empatia cognitiva
Esta classificação se refere à capacidade que alguém tem de entender como outras pessoas se sentem e no que elas podem estar pensando. Este tipo de empatia ajuda a melhor a comunicação entre os indivíduos, porque auxilia no processo de assimilação de informações.

O desenvolvimento deste tipo de empatia se dá por meio de estudos e análises comportamentais. Há grande incidência de más interpretações no tocante à linguagem corporal e às expressões faciais humanas (um sorriso, por exemplo, pode significar tanto alegria quanto nervosismo).

Sendo assim, ao se iniciar uma interação com outros indivíduos, a empatia cognitiva ajudará na interpretação de sentimentos, comportamento e linha de raciocínio adotadas pela outra pessoa. Meios para garantir seu pleno funcionamento seriam: reunir as informações relevantes sobre o outro e se dispor a aprender mais sobre este.

É sempre importante atentar-se a todo tipo de feedback fornecido por meio da linguagem — seja ela escrita, verbal ou corporal

Empatia emocional
Também conhecida como “empatia afetiva”, esse tipo diz respeito à habilidade de partilhar dos sentimentos de outrem. É o clássico “sentir as dores do outro”. Esse tipo de empatia ajuda na construção de laços afetivos.

A construção da empatia emocional envolve o compartilhamento dos sentimentos da outra pessoa, gerando conexões mais profundas com a mesma.
A capacidade do indivíduo de interpretar informações sem julgamentos, colocando-se sob a perspectiva do outro e entendendo como e por qual motivo este se sente, são manifestações do desenvolvimento da empatia emocional.

Empatia compassiva
Este acaba sendo um tipo que detém certa complexidade, uma vez que envolve não apenas emoções e sentimentos, mas sim ações: ajudar os outros de modo direto e prático.
A manifestação desta classificação é exercida por meio de ações diretas, e geralmente se inicia por meio de perguntas como:
• O que pode ajudar os indivíduos que se encontram nessa situação?
• Se eu estivesse em tal posição, o que me ajudaria?
Essa manifestação permite o compartilhamento de experiências e a oferta de sugestões sobre o contexto.

Conclusão
A empatia é um estado no qual os seres humanos se encontram quando se deparam com determinadas situações envolvendo a interação entre dois ou mais indivíduos. Ela pode ser dividida em tipos, ou categorias, que dizem respeitos à forma como esta se manifesta em diferentes cenários e como ela pode ser trabalhada. Não apenas os aspectos sociais beneficiam-se deste tipo de interação, mas também os clínicos, como é o caso da relação entre terapeutas e pacientes.

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