Artigo

Delfim Moreira Bolsonaro

Lino Raposo Moreira - PhD, Economista. Da Academia Maranhense de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Como quase todos no Brasil sabem, como o restante do mundo sabe, como sabem todos os lunáticos (os habitantes da Lua, não os lunáticos brasileiros), assim também os jupiterianos e os netunianos, há em todos os continentes uma endemia de uma grave doença do trato respiratório, a Covid-19, causada pelo coronavírus.

Bicho pequeno me lembra o ser humano, como dito em uma passagem do finzinho de “Os lusíadas”. Camões o viu, então, como “um bicho da terra tão pequeno”. Pois o vírus, bicho pequeno também, está gerando sequelas na economia mundial. Provavelmente haverá uma recessão global bem como dificuldades na política internacional, nas relações humanas e em todas as áreas da vida social. Em meio às preocupações, chegou-se a um quase consenso, aqui como em todos os lugares, sobre as medidas sanitárias a serem tomadas, a fim de se controlar a expansão do mal e de se salvarem vidas humanas.

Todos conhecem as providências a serem tomadas para proteção própria ou das pessoas próximas: lavar as mãos com frequência; evitar espirros sem posicionar os braços como barreira às gotículas expelidas no ato; fugir do ajuntamento de pessoas; abolir beijos e abraços; e outras.

O presidente do Brasil, que ainda precisa ser convencido de ser o ocupante da Presidência, é suspeito de estar infectado. Mesmo em isolamento, ele ignorou a orientação dos médicos e foi até a rua em frente ao Palácio do Planalto, de modo a, com apertos de mão e abraços, cumprimentar seguidores, abraçá-los e fazer “selfies”. Se não se confirmar sua contaminação, sorte dele e de quem esteve com ele. Porém, a atitude continua temerária, ameaçadora e irresponsável com a saúde pública, pois, se se confirmar a suspeita, tanto a respeito dele quanto dos outros que com ele entraram em contato físico, haverá no decorrer do tempo crescimento exponencial da doença.

Criticado por todo o espectro ideológico brasileiro e mais uma vez demonstrando não entender os riscos envolvidos no seu menosprezo pela endemia nem perceber o papel de um presidente, afirmou que assumia a responsabilidade de possível contaminação: “Se eu me contaminei, tá certo? Olha, isso é responsabilidade minha, ninguém tem nada a ver com isso”.

De novo, ele não entendeu coisa alguma, pois todos nós temos, sim, a ver com sua autocontaminação, pois ela pode nos atingir. Ele não está preocupado com a própria saúde, revela tendências suicidas, desejando de morrer como herói nos braços do povo e não está preocupado com a saúde da população. Mas nós estamos, com a de todos os cidadãos, em especial com quem possa ser contaminado por ele.

Houve um presidente na República Velha, Delfim Moreira, originalmente vice-presidente, que assumiu o cargo em 1918, em decorrência da enfermidade e da morte do eleito para o período 1918-1922, Rodrigues Alves, vítima da gripe espanhola, e que já fora presidente no período 1902-1906. Delfim governou entre 1918-1919, quando Epitácio Pessoa (1919-1922) assumiu, após nova eleição. Delfim tinha a fama de louco, porque sofria de uma enfermidade que o deixava, por alguns minutos, desligado da realidade. Mas ninguém falou em interditá-lo, porque haveria logo nova eleição.

Hoje temos na presidência um novo Delfim, só que muito mais perigoso. Ele vive às turras com a realidade e, ainda, é transmissor de vírus. Ele tem de ser examinado. O caso é de interdição. O impeachment virá, a depender do comportamento de Delfim Moreira Bolsonaro.

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