Salvatagem

Adiada operação para retirada de óleo de navio encalhado no MA

Condições meteorológicas e oceanográficas levaram à remarcação da data do procedimento para amanhã, dia 12

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Operação para retirada das 3.400 toneladas de óleo do navio é considerada complexa devido a diferentes variáveis
Operação para retirada das 3.400 toneladas de óleo do navio é considerada complexa devido a diferentes variáveis (navio óleo)

Foi adiada, para quinta-feira, 12, a operação de retirada de óleo do MV Stellar Banner, navio que está encalhado desde o dia 24 de fevereiro deste ano na Baía de São Marcos, a 100 quilômetros da costa maranhense. O procedimento, coordenado pela Marinha do Brasil (MB), estava marcado para ser realizado ontem, 10, conforme previsão do órgão das Forças Armadas. A embarcação é de propriedade da empresa sul-coreana Polaris Shipping. Dentro dela, há quase 300 mil toneladas de minério de ferro, que seriam enviados à China, no continente asiático.

De acordo com a Marinha do Brasil, o Plano de Remoção do Óleo foi recebido no último dia 8 de março, mas foi aprovado no dia seguinte. A operação, no entanto, não aconteceu devido às condições meteoceanográficas do local do encalhe. Existe, ainda, a necessidade de reavaliação contínua da situação do mar pelas empresas Ardent e OceanPact. Com foco nisso, houve a 13ª reunião de coordenação na Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), em São Luís, na segunda-feira, 9.

Participaram desse encontro, além da Marinha do Brasil, a Vale, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Gerência Ambiental do Porto do Itaqui, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Polícia Federal (PF) e Agentes Marítimos. O horário para a retirada das 3.400 toneladas de óleo do navio sul-coreano não foi divulgada pelos órgãos envolvidos. O procedimento é considerado complexo, devido às variáveis envolvidas, como correntes marítimas e variações da maré.

Outras informações

A Marinha informou que a situação do navio permanece estável. O helicóptero S-76 da Vale sobrevoou o local do encalhe. As equipes da mineradora não detectaram vestígios de óleo no mar, muito menos mudanças de inclinação da embarcação. O Plano de Contingência está sem fase final de ajustes, para que seja aprovado. Além disso, as empresas Ardent e Smit Salvage estão em etapa de coleta de dados, informações e avaliações para elaboração do Plano de Salvatagem, que, posteriormente, será encaminhado à Marinha do Brasil.

Equipes envolvidas

Para acompanhamento da situação, estão sendo empregados 255 militares da Marinha, além dos navios de Apoio Oceânico “Iguatemi” e Hidroceanográfico “Garnier Sampaio”. Outros meios são o helicóptero UH-15 e quatro embarcações da Capitania dos Portos do Maranhão. De acordo com informações da MB, atuam no encalhe cinco rebocadores (sendo três dotados com materiais para combate à poluição por óleo), um drone com câmera térmica, um helicóptero S-76C e três embarcações de suporte às atividades de contingência de derramamento de óleo.

Área afetada

Segundo o chefe de Estado-Maior do Comando do 4º Distrito Naval, Robson Neves Fernandes, a área onde afetada pela avaria na proa é de aproximadamente 25 metros, mas isso não significa que é um buraco desse tamanho, como ressaltou. Esse problema está no lado direito, conhecido em termos náuticos como boreste ou estibordo. Acima dessa parte, fica o porão de carga, onde está o minério de ferro, outra preocupação dos órgãos envolvidos devido ao risco de entrar em contato com a água do mar, o que deve contaminar o mar.

Segundo o capitão de Mar e Guerra, a área afetada foi detectada nas operações de mergulho pela equipe, que é composta por seis profissionais. Essas pessoas estão sendo auxiliadas por robôs subaquáticos. “Os mergulhadores iniciaram as atividades no dia 1º deste mês. São mergulhos com segurança, para delinear o que ocasionou a avaria, a colisão. Vamos apurar o que de fato aconteceu, para que a água adentrasse no navio. Mas ainda não sabemos a quantidade de água. A equipe de salvatagem encaminhou um relatório sobre a extensão do incidente”, expressou o comandante.

Inquérito da PF

De forma concomitante, a Polícia Federal no Maranhão abriu um inquérito para apurar crime ambiental, uma vez que já vazaram dos porões do navio sul-coreano cerca de 333 litros de óleo e ainda existe a possibilidade de poluição no mar por conta do minério de ferro. De acordo com o órgão, a investigação vai avaliar as circunstâncias que levaram a embarcação a encalhar na Baía de São Marcos, por meio do Comitê Estadual de Segurança Portuária (Cesportos), presidido pela PF.

O crime ambiental estaria relacionado ao vazamento de óleo no mar, bem como ao impacto que o contato do minério de ferro com a água oceânica pode causar no ecossistema, afetando os fatores bióticos (organismos vivos) e abióticos (ambiente físico e químico que fornece condições de vida).

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite do dia 24 de fevereiro, data do incidente. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado por meio de rebocadores e navios da Petrobras.

Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão, a embarcação transportava minério de ferro. O problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana. O incidente foi registrado por volta das 21h30 daquele dia. Equipes de mergulho da Marinha do Brasil estão fazendo os trabalhos de inspeção, para que sejam identificados os danos no casco e compartimentos alagados.

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