Punga

Para a honra de São Benedito

Comandado por Maria da Conceição Fonseca, há décadas o tambor de crioula Brinquedo de São Benedito se dedica à preservação da cultura popular do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Tambor de crioula Brinquedo de São Bendito é fruto de pagamento de promessa
Tambor de crioula Brinquedo de São Bendito é fruto de pagamento de promessa (tambor brinquedo de São Benedito)

São Luís - Com uma trajetória de mais de três décadas, a Associação Cultural Tambor de Crioula Brinquedo de São Benedito está se preparando para o São João, época na qual grupos de tambor de crioula se apresentam nos arraiais e espaços culturais da capital. Este ano, apresentará o tema “35 anos de resistência e tradição”.

Entre os projetos para este ano está ainda o lançamento do primeiro CD do grupo. O trabalho está em fase de produção e já tem gravadas as bases (percussão) faltando as vozes e o coro. Com 10 faixas, o álbum vai celebrar os 35 anos do tambor.

Sediado no bairro Areinha desde a sua criação, o tambor de crioula Brinquedo de São Benedito foi registrado no dia 18 de novembro de 1984, sob coordenação de Maria da Conceição Fonseca, que é a responsável pela manifestação até hoje, sendo Adriano Andrade e Alcelino Amorim os coordenadores do grupo.

Adriano Andrade relata que o tambor foi iniciado antes, ainda na década de 1970, passando alguns anos sem registro, e foi feito em pagamento de uma promessa do pai de Maria da Conceição, Raimundo Fonseca (já falecido). “Ele fez uma promessa de tocar três marchas de tambor para São Benedito caso sua filha, ao chegar cem São Luís vinda do interior, tivesse uma casa própria para morar. Com o cumprimento da promessa, depois de dois anos, seu pai veio a falecer”, conta Adriano.

Para dar continuidade à vontade do pai, Maria da Conceição, aconselhada pelo falecido cantador do extinto Boi de São Vicente de Férrer (sotaque da baixada), chamado Camalhete, resolveu manter a manifestação ativa.

Adriano Andrade explica que o grupo tem como um dos objetivos, a transmissão dos saberes, por meio de realização de oficinas como dança, percussão, cantoria, cobertura de instrumentos musicais (tambores) para crianças, jovens e adultos da comunidade. “Por enquanto estamos sem oferecer estas oficinas, mas o nosso desejo é voltar com estas atividades o quanto antes”, conta Adriano, ressaltando que também está nos preparativos para concorrer no maior número possível de editais de cultura.

Hoje, o tambor Brinquedo de São Benedito reúne 30 componentes associados, sendo 15 coreiras e cinco coreiros – entre cantador, tocador e pessoas que fazem o coro para as músicas. A faixa etária dos integrantes é bem diversificada com as presenças de crianças, jovens, adultos e idosos da comunidade. As apresentações, por vontade de sua fundadora, ficam suspensas na Quaresma, retornando após o período religioso.

Fundadora

Maria da Conceição Fonseca, conhecida popularmente como dona Conceição, está intrinsecamente atrelada à história do tambor de crioula e do bumba meu boi do Maranhão. Oriunda do município de Cajapió, baixada maranhense, nasceu em 1934 e radicou-se definitivamente na capital do estado entre os anos na década de 1950.

Desde criança escutava o ecoar dos tambores no interior da baixada maranhense, com um olhar curioso e encantado. A dança lhe chamava muito a atenção e era recorrente assistir apresentações de tambor de crioula em festas. Passava horas a ver o bailado das saias coloridas, os gritos frenéticos dos brincantes, a força no braço do negro quando batia veemente o tambor, a cantoria ritmada e as luzes das fogueiras sempre presente nessas manifestações.

Além de fundar o tambor de crioula Brinquedo de São Benedito em 1984, fundou também um dos grupos de bumba meu boi mais requisitados do Maranhão na década de 1980, o Boi Capricho de São Luís (sotaque da baixada). Foi uma das primeiras diretoras do famoso Boi de Pindaré, do eterno Coxinho. Participou também diretamente do Boi de São Vicente Férrer, do saudoso Camalhete, ambos do sotaque da baixada.

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