Saúde da mulher

Equidade de tratamento no SUS é mais um dos desafios das mulheres na saúde

Instituições e ONGs de apoio a pacientes de câncer auxiliam mulheres na busca por seus direitos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Há anos as mulheres lutam pela igualdade de direitos na área da saúde
Há anos as mulheres lutam pela igualdade de direitos na área da saúde (mulher sus)

São Paulo – Com jornadas sempre muito intensas conciliando estudo, trabalho, cuidados pessoais e com a família, as mulheres desde cedo precisam lidar com problemas que podem afetar sua saúde física e psicológica, e, infelizmente, ao procurarem ajuda de um especialista podem encontrar ainda mais problemas.

Teoricamente, o acesso aos serviços de saúde do SUS é garantido a todas. Mas por que nossas mulheres continuam morrendo tanto de câncer de mama - tipo que mais acomete mulheres no país, sem contar câncer de pele não-melanoma, uma doença curável em praticamente metade dos casos? Na prática existe muita dificuldade na realização de exames, diagnósticos e tratamentos, além da desinformação. “Todos enfrentam desafios no SUS, mas a mulher enfrenta ainda mais. É ela quem cuida da família, trabalha, e precisa se preocupar com a própria saúde, pois ninguém mais se preocupa”, afirma a presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi.

Há anos as mulheres lutam pela igualdade de direitos e a área da saúde é mais um dos temas em que a discriminação e violência são desafiadores. É comum ouvir sobre equidade, mas na prática são inúmeras as histórias em que os cuidados com a saúde e a dignidade das mulheres são negligenciados. Essa carência na atenção e orientação à paciente, além de ser um ato de violência, atrasa e dificulta o diagnóstico de diferentes tipos de doenças como o câncer, em que a agilidade é determinante para a cura.

Casos como esses reforçam ainda mais a importância da atuação de instituições como a Femama, que busca ampliar o acesso ao diagnóstico ágil e ao tratamento do câncer de mama, além de promover o empoderamento de pacientes por meio da informação, com o objetivo de reduzir os índices de mortalidade pela doença no Brasil. Afinal, “as especificidades da saúde da mulher, como os ciclos menstruais, gravidez, menopausa e por vezes problemas com o colo de útero e na mama exigem uma atenção profissional mais intensa e próxima, seja do SUS ou sistema privado” complementa a Maira Caleffi.

No cenário atual da oncologia avanços médicos já são realidade e trazem mudanças significativas. A medicina personalizada e as novas tecnologias para o câncer trazem mais conforto e eficácia no tratamento. Mas, para as mulheres diagnosticadas com câncer, um cuidado acolhedor é tão importante quanto equipamentos sofisticados, pois o medo de enfrentar a doença muitas vezes a impede de tirar dúvidas no consultório e de dividir seus dilemas com a família, amigos ou colegas de trabalho.

Mesmo com os avanços da medicina, a demora para obter o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado afasta as pacientes de chances substanciais da cura. No Brasil, pacientes com câncer esperam em média 200 dias até receber o diagnóstico correto, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União. E para mudar essa realidade a Femama e sua rede de ONGs associadas mobilizou o Congresso Nacional para aprovação da Lei dos 30 dias, que estabelece que os exames necessários para a confirmação do diagnóstico de qualquer tipo de câncer sejam realizados no SUS em até 30 dias.

“O sistema de saúde vem falhando em garantir um diagnóstico precoce para brasileiras e brasileiros e, assim, proporcionar tratamentos mais assertivos e evitar milhares de mortes. Após a aprovação da Lei dos 30 dias, os esforços da FEMAMA estão direcionados para que o Ministério da Saúde regulamente a lei até o final de abril de 2020. Isso pode garantir que a lei saia do papel para toda a população.”, conclui Maira Caleffi.

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