15 de março

Bolsonaro convoca ato e diz ter sido traído

O presidente fez o apelo à plateia que assistia ao seu discurso em Boa Vista (RR), antes de embarcar para os Estados Unidos

Estadão Conteúdo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Presidente Jair Bolsonaro convocou população para manifestações do dia 15
Presidente Jair Bolsonaro convocou população para manifestações do dia 15 (Bolsonaro)

Depois de compartilhar pelo WhatsApp vídeos em defesa da manifestação bolsonarista marcada para o dia 15, o presidente Jair Bolsonaro convocou abertamente ontem a população para participar dos protestos. Ele se declarou vítima de traidores em seu governo. "Já levei facada no pescoço dentro do meu gabinete", afirmou.

O presidente fez o apelo à plateia que assistia ao seu discurso em Boa Vista (RR), antes de embarcar para os Estados Unidos, onde se encontraria com o presidente americano, Donald Trump. Bolsonaro disse que os atos marcados para a próxima semana são "espontâneos", "bem-vindos" e "pró-Brasil". Apesar de os apoiadores do presidente convocarem o protesto em meio a ataques a parlamentares e a ministros do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro afirmou que o ato não será "contrário ao Congresso Nacional ou ao Judiciário". Ele acrescentou: "Quem diz que os protestos do dia 15 são contra a democracia está mentindo".

Depois de se referir aos protestos, o presidente afirmou ter sido alvo de traições - sem citar nomes ou fatos - em seu próprio governo, colocando-se como vítima para a plateia que o assistia. "Pessoal, não é fácil. Já levei facada no pescoço dentro do meu gabinete. Por pessoas que não pensam no Brasil. Pensam neles apenas. Essa é uma grande realidade."

Personagem central na recente crise do governo com o Congresso, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno Ribeiro, também discursou em Boa Vista. "O presidente Jair Bolsonaro fará um novo Brasil e está dando certo", afirmou.

O ministro também associou a corrupção aos que se opõem ao governo. "Ele (Bolsonaro) tem encontrado uma resistência muito grande, porque a rede de corrupção que se criou nesse País, que está sendo desbaratada por esse governo, tem prejudicado planos espúrios de muita gente". Mais uma vez, o general não deu nomes nem fatos ou citou providências tomadas contra a "rede de corrupção".

Foi uma outra fala de Heleno que deu força às convocações para os protestos. O ministro do GSI acusou os parlamentares de fazerem "chantagens" com o governo, em meio às negociações em torno do chamado Orçamento Impositivo. A reclamação foi captada por áudio da transmissão de um evento no Palácio da Alvorada.

O discurso de ontem de Bolsonaro foi gravado e compartilhado pelos perfis no Twitter do presidente e do deputado federal e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Horas antes, milhares de perfis bolsonaristas do Twitter começaram a divulgar a hashtag #EuQueroMaiaNaCadeia, que foi compartilhada cerca de 60 mil vezes.

Anteontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia afirmado que "o entorno do governo tem uma estrutura para viralizar o ódio" por meio de fake news. Disse ainda que "o governo gera insegurança grande para a sociedade e investidores".

"Essas declarações do Maia atiçaram ainda mais as ruas, que provavelmente vão levar mais gente à manifestação. O presidente da Câmara será um dos alvos. O pessoal está bravo", disse Nilton Cacáos, coordenador do movimento bolsonarista Avança Brasil, um dos principais grupos por trás da convocação dos protestos.

Não foi a primeira vez, contudo, que o presidente fez chamamentos para os protestos. Conforme revelado pelo jornal O Estado de São Paulo, no dia 25 Bolsonaro já havia compartilhado com aliados, através do WhatsApp, vídeos convocatórios para a manifestação, fato criticado por lideranças como Maia e que resultou em uma semana tensa nas relações entre Executivo e Legislativo. Bolsonaro chegou a chamar a notícia de mentirosa e atacou a jornalista Vera Magalhães, colunista do jornal O Estado de São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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