Precaução

Pedida simulação de desastre ambiental em área onde navio encalhou

Sema solicitou à UFMA modelagem computacional, em caso de incidente na embarcação sul-coreana, carregada com minério de ferro e movida a óleo

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Recursos tecnológicos poderão ser disponibilizados pela UFMA para aferir riscos e orientar medidas
Recursos tecnológicos poderão ser disponibilizados pela UFMA para aferir riscos e orientar medidas (navio simulação)

Os esforços para a retirada do óleo do navio MS Stellar Banner, que está encalhado no Oceano Atlântico, na Baía de São Marcos, a 100 quilômetros da costa maranhense, continuam sendo realizados pelo Gabinete de Crise, que é coordenado pela Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Maranhão. De acordo com a Polaris Shipping, empresa sul-coreana proprietária da embarcação, o Plano de Salvatagem deve ser apresentado no próximo domingo, 8. Simulações de cenários em caso de prováveis desastres ambientais também podem acontecer, pois houve solicitação.

De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Estado do Ambiente e Recursos Naturais (Sema), a modelagem computacional foi solicitada, em caso de incidente na embarcação sul-coreana, para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O objetivo desse procedimento é elaborar planos táticos, como forma de estabelecer ações de resposta a desastres ambientais, que não são descartáveis, ainda mais porque o navio possui quase 300 mil toneladas de minério de ferro na carga do porão e 3.400 toneladas de óleo nos tanques.

“Tal modelagem é importantíssima para a simulação de cenários em caso de sinistro”, frisou a Sema em nota. O órgão destacou que todas as equipes estão trabalhando diariamente para monitorar e gerenciar o caso referente ao navio, que está encalhado desde o dia 24 de fevereiro deste ano, depois de ter saído do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís.

Monitoramento rotineiro

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais, está sendo realizado, rotineiramente, o monitoramento da área ao redor da embarcação, por meio de intervenções da Marinha do Brasil. A partir desse procedimento, é verificado se há a presença de óleo no mar, assim como o odor da água salgada. Além disso, as equipes fazem sobrevoos na aeronave Poseidon, que pertence ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A aeronave possui sensores que detectam manchas de óleo na água com precisão. “A Sema lembra, ainda, que não houve incidentes registrados com o óleo contido na embarcação até o presente momento. Estão sendo realizados diversos estudos e procedimentos minuciosos, além da disponibilização de embarcações, aeronaves e equipamentos necessários para que o trabalho seja bem executado, tudo sendo acompanhado pela Marinha, Vale, IBAMA e Polaris (Gabinete de Crise)”, pontuou o órgão.

Plano de Salvatagem

Com relação à retirada do óleo do navio encalhado, a Polaris Shipping explicou que o Plano de Salvatagem, provavelmente, será apresentado no próximo domingo, 8. De acordo com a proprietária da embarcação, a operação deve começar, de fato, na próxima semana, em data ainda indefinida, pois a confirmação depende de algumas variáveis. “Informaremos sobre os detalhes da operação depois de aprovada, assim como os próximos passos, e vamos atualizando conforme tivermos mais novidades”, salientou a empresa.

A empresa Polaris Shipping ressaltou que não há vazamento de óleo no local e que a embarcação permanece estável.

Visita do ministro

No último dia 4 de março, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez uma visita ao local onde o navio está encalhado. Durante uma entrevista coletiva, ele comentou que não havia mais óleo no mar, como foi verificado nas últimas operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais e Marinha do Brasil. A pequena quantidade que havia sido detectada recentemente se dissipou na água salgada, sem risco de causar poluição no Oceano Atlântico, o que poderia gerar prejuízos inestimáveis à fauna marinha, em virtude da contaminação.

“Não há nova detecção de óleo no mar. Mas, em caráter preventivo, a Marinha do Brasil, o Ibama, a Vale e a empresa proprietária do navio estão permanentemente atuando no local, com boias para o caso de novos vazamentos”, declarou o ministro do Meio Ambiente. Além disso, segundo Ricardo Salles, o dois navios Oil Spill Recovery Vessel (OSRV), que foram solicitados a Petrobras para contenção de eventual vazamento, estão em atividade na área onde a embarcação sul-coreana está com a quilha enterrada na areia com 275 mil toneladas de minério de ferro, que seriam levados até a China.

O ministro destacou que o Gabinete de Crise, coordenado pela Marinha, está realizando o trabalho junto com os outros órgãos e agências.

Área afetada

Ainda na coletiva, o chefe de Estado-Maior do Comando do 4º Distrito Naval, Robson Neves Fernandes, explicou que a área onde afetada pela avaria na proa é de aproximadamente 25 metros, mas isso não significa que é um buraco desse tamanho, como ressaltou. Esse problema está no lado direito, conhecido em termos náuticos como boreste ou estibordo. Acima dessa parte, fica o porão de carga, onde está o minério de ferro, outra preocupação dos órgãos envolvidos devido ao risco de entrar em contato com a água do mar, o que deve contaminar o mar.

Segundo o capitão de Mar e Guerra, a área afetada foi detectada nas operações de mergulho pela equipe, que é composta por seis profissionais. Essas pessoas estão sendo auxiliadas por robôs subaquáticos. “Os mergulhadores iniciaram as atividades no dia 1º deste mês. São mergulhos com segurança, para delinear o que ocasionou a avaria, a colisão. Vamos apurar o que de fato aconteceu, para que a água adentrasse no navio. Mas ainda não sabemos a quantidade de água. A equipe de salvatagem encaminhou um relatório sobre a extensão do incidente”, expressou o comandante.

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite do dia 24 de fevereiro, data do incidente. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado por meio de rebocadores e navios da Petrobras.

Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão, a embarcação transportava minério de ferro. O problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana. O incidente foi registrado por volta das 21h30 daquele dia. Equipes de mergulho da Marinha do Brasil estão fazendo os trabalhos de inspeção, para que sejam identificados os danos no casco e compartimentos alagados.

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