Operação Resgate

Uma oportunidade de recomeço: Ação Resgate no Mercado Central

Quarta edição da atividade foi realizada na manhã de ontem e agregou não somente pessoas em situação de rua, mas a comunidade do entorno do mercado, que também recebeu atendimentos de saúde e participou de café da manhã

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Pessoas em situação de rua e a comunidade do entorno do Mercado Central ganharam café da manhã e atenção
Pessoas em situação de rua e a comunidade do entorno do Mercado Central ganharam café da manhã e atenção (Ação resgate)

A quarta Ação Resgate aconteceu no Mercado Central nesta quinta-feira, 5, um dos locais com maior índice de pessoas em situação de ruas e dependentes químicos da cidade de São Luís. A atividade foi feita pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial de atendimentos a álcool e drogas (CAPS AD) e a Delegacia do Costumes e Diversões Públicas (DCDP)

Milton Neto mora na rua. Quando tinha 9 anos, perdeu o pai e passou a morar com a com o novo marido da mãe, que batia neles, o que causou transtornos na família e o revoltou. Ele diz que teve muita oportunidade de estudar e trabalhar como manobrista, porém, seus traumas e revoltas com a família o fizeram buscar abrigo nas drogas e álcool, “Eu achava que aquilo era uma vantagem para mim, mas na verdade não era”, disse.

Ele passou a morar nas ruas e foi rejeitado por sua família. Hoje, com a ajuda da da Ação Resgate, foi conduzido para uma clínica de reabilitação, na Cohab, e pretende parar com as drogas.

A atividade visa ajudar pessoas que, assim como Milton Neto, vivem nas ruas, e disponibilizar não apenas auxílio básico de saúde, mas também tratamento psiquiátrico, reabilitação e capacitação. O diretor da CAPS do Maranhão, Marcelo Costa explicou que a escolha do Mercado Central ocorreu devido a familiarização daquelas pessoas com o espaço, pois é importante para a ação que eles se sintam confortáveis. A ação já é realizada a 9 anos, em que o serviço CAPS tenta se aproximar dessa comunidade mais fragilizada para levar apoio médico e psicossocial.

“A região do Mercado Central ainda é endêmica na cidade, quanto ao agrupamento dessas pessoas em condição de rua, que fazem o consumo diário de drogas e álcool, tanto drogas lícitas e ilícitas. A nossa ideia é, junto com a Secretaria Municipal de Saúde, fazer uma aproximação desse público, por meio do café da manhã, para levar recursos as eles” afirmou Marcelo Costa.

A ação
O projeto conta com uma média de 30 participantes, tanto do CAPS quanto de instituições particulares que apoiam, como algumas universidades. Ela é composta por médicos clínicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem e farmacêuticos.

São oferecidos diversos tipos de atendimento para acolher esse grupo, como consultas clínicas, teste de glicemia, aferição de pressão, testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite, atendimento social pela Semcas (Secretária Municipal de Criança e Assistência Social), exames laboratoriais e também é oferecido café da manhã no intuito de facilitar a aceitação dos exames.

Caso a pessoa seja diagnosticada com HIV ou alguma outra doença, ela recebe encaminhamento para continuar o tratamento e a pessoa é levada para o centro de referência, como o CTA ou o bairro de Fátima, no caso das ISTs.
Se a pessoa optar participar da reabilitação, ela é encaminhada para uma unidade CAPS e depois transferida para a unidade terapêutica da Cohab, onde ela vai participar de um tratamento de seis meses a um ano com auxílio médico, medicamentoso e atividade diversas, incluindo capacitação profissional, como é o caso de Milton que irá participar do programa.

Pessoas atendidas
Apenas na ação de ontem, 323 pessoas tiveram atendimento clínico e fizeram exames de glicemia, pressão e os testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite, quatro deles possuíram resultado positivo para sífilis, tiveram seu tratamento iniciado com o fármaco e foram encaminhados para a unidade de tratamento do Bairro de Fátima.

Além deles, ocorreram quatro internações para tratamento de dependência química na unidade de acolhimento da Cohab. Segundo o delegado Joviano Furtado, só na primeira ação do ano, oito pessoas foram acolhidas para a unidade de reabilitação.

Esperança
A ação acabou se tornando uma esperança para aqueles que se sentem esquecidos pela sociedade e não enxergam mais uma forma para se recuperarem dos vícios. “Aqui já foram recolhidas oito pessoas pela primeira ação, temos o objetivo de conscientizar e trazer auxílio para essas pessoas, algumas estão tão vulneráveis que vivem situação de homicídio” comentou o delegado.

Milton Neto vê a ação como uma oportunidade de recomeçar sua vida. “A minha história é uma história triste. A gente sente uma tristeza por ser rejeitado pela família, eu perdi tudo, minha família, minha casa. Eu só tinha amor quando bebia e usava drogas, mas percebi que isso não era amor. Pra mim, isso aqui significa um levantamento de moral que a gente nunca tem, e agora eu vou parar com essa vida”, frisou.

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