Operação

Óleo deve ser retirado de navio encalhado entre 8 e 10 deste mês

Área afetada pela avaria na proa é de 25m; de acordo com a Marinha do Brasil, isso não significa que o buraco no casco possui esse tamanho

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, destacou atuação do Gabinete de Crise
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, destacou atuação do Gabinete de Crise (coletiva navio)

O planejamento para retirada do óleo dos tanques do navio MS Stellar Banner, de propriedade da empresa sul-coreana Polaris, continua ocorrendo, pois a operação é considerada delicada, devido às condições da embarcação, que está encalhada na Baía de São Marcos, a 100 quilômetros da costa maranhense. Em visita a São Luís, nessa quarta-feira, 4, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, comentou que o procedimento, desde a aprovação do plano até a execução, deve acontecer entre os dias 8 e 10 deste mês.

Na entrevista coletiva sobre a situação do MV Stellar Banner, o ministro destacou que não há mais óleo no mar, como foi verificado nas últimas operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA). De acordo com Ricardo Salles, a pequena quantidade que havia sido detectada recentemente se dissipou na água salgada, sem risco de causar poluição no Oceano Atlântico, o que poderia gerar prejuízos inestimáveis à fauna marinha, em virtude da contaminação.

“Não há nova detecção de óleo no mar. Mas, em caráter preventivo, a Marinha do Brasil, o Ibama, a Vale e a empresa proprietária do navio estão permanentemente atuando no local, com boias para o caso de novos vazamentos”, declarou o ministro do Meio Ambiente. Além disso, segundo Ricardo Salles, o dois navios Oil Spill Recovery Vessel (OSRV), que foram solicitados a Petrobras para contenção de eventual vazamento, estão em atividade na área onde a embarcação sul-coreana está com a quilha enterrada na areia com 275 mil toneladas de minério de ferro, que seriam levados até a China.

O ministro destacou que o Gabinete de Crise, coordenado pela Marinha, está realizando o trabalho junto com os outros órgãos e agências.

Retirada do óleo

Na coletiva, Ricardo Salles disse que o trabalho é técnico e bem detalhado, que deve seguir um procedimento. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, a retirada das 3.400 toneladas de óleo dos tanques da embarcação depende, primeiro, da aprovação de um plano, que está sendo estudado com muita cautela, para que o transbordo ocorra sem qualquer risco de contaminação do mar. Essa operação, na prática, será realizada por meio de um navio, que servirá como suporte.

“A apresentação do plano, da aprovação até a execução, deve ocorrer entre os dias 8 e 10. Não deve haver novos impactos com relação ao óleo no mar, pois o plano contempla a retirada com segurança”, pontuou o ministro Ricardo Salles. Ele explicou que, no que tange ao minério de ferro, ainda não há previsão, mas deve ocorrer em breve. O produto será extraído, também, com a ajuda de outro navio, que receberá essa matéria-prima, que é utilizada na produção de aço.

“São duas preocupações no momento: o óleo e o minério de ferro. Com relação ao minério, está sendo estudada a melhor forma de retirá-lo, para um navio que deve acoplar. Com a retirada desse material, o navio deve adquirir a capacidade de flutuação. A data e o cronograma para essas operações estão sendo produzidos por estudos técnicos e elaborados pelas equipes”, observou o ministro. Ricardo Salles frisou que tudo está sendo planejado em atendimento a um alinhamento, para que as ações ocorram mais breve possível, dentro dos padrões de segurança.

Área afetada

Ainda na coletiva, o chefe de Estado-Maior do Comando do 4º Distrito Naval, Robson Neves Fernandes, explicou que a área onde afetada pela avaria na proa é de aproximadamente 25 metros, mas isso não significa que é um buraco desse tamanho, como ressaltou. Esse problema está no lado direito, conhecido em termos náuticos como boreste ou estibordo. Acima dessa parte, fica o porão de carga, onde está o minério de ferro, outra preocupação dos órgãos envolvidos devido ao risco de entrar em contato com a água do mar, o que deve contaminar o mar.

Segundo o capitão de Mar e Guerra, a área afetada foi detectada nas operações de mergulho pela equipe, que é composta por seis profissionais. Essas pessoas estão sendo auxiliadas por robôs subaquáticos. “Os mergulhadores iniciaram as atividades no dia 1º deste mês. São mergulhos com segurança, para delinear o que ocasionou a avaria, a colisão. Vamos apurar o que de fato aconteceu, para que a água adentrasse no navio. Mas ainda não sabemos a quantidade de água. A equipe de salvatagem encaminhou um relatório sobre a extensão do incidente”, expressou o comandante.

Inquérito da PF

A Polícia Federal no Maranhão (PF) abriu um inquérito para apurar crime ambiental, uma vez que já vazaram dos porões do navio sul-coreano cerca de 333 litros de óleo e ainda existe a possibilidade de poluição no mar por conta do minério de ferro. De acordo com o órgão, a investigação vai avaliar as circunstâncias que levaram a embarcação a encalhar na Baía de São Marcos, por meio do Comitê Estadual de Segurança Portuária (Cesportos), presidido pela PF.

O crime ambiental estaria relacionado ao vazamento de óleo no mar, bem como ao impacto que o contato do minério de ferro com a água oceânica pode causar no ecossistema, afetando os fatores bióticos (organismos vivos) e abióticos (ambiente físico e químico que fornece condições de vida).

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite do último dia 24. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado por meio de rebocadores e navios da Petrobras.

Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão, a embarcação transportava minério de ferro. O problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana. O incidente foi registrado por volta das 21h30 daquele dia. Equipes de mergulho da Marinha do Brasil darão início aos trabalhos de inspeção, para que sejam identificados os danos no casco e compartimentos alagados.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.