Tensão

Dois navios da Petrobras já estão operando onde embarcação está encalhada

Segundo o Ibama, 333 litros de óleo já vazaram dos porões da embarcação. O material se espalhou por uma área de 0,79km2

Nelson Melo/ De O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Navio encalhou na noite de segunda-feira (24)
Navio encalhou na noite de segunda-feira (24) (navio oleo)

O impasse acerca do navio MV Stellar Banner, de propriedade da empresa sul-coreana Polaris, permanece. A embarcação, que levaria 275 mil toneladas de minério de ferro até a China, está encalhada a uma distância de 100 km da costa maranhense. Dois navios Oil Spill Recovery Vessel (OSRV), que foram solicitados a Petrobras para contenção de eventual vazamento de óleo, já estão no litoral maranhense. Na última sexta-feira, 28, manchas finas de óleo foram detectadas na água do mar daquela região.

De acordo com informações da Vale, os dois navios OSRV, contratados pela empresa com apoio da Petrobras, encontram-se mobilizados desde a manhã de sábado, 29, onde o MV Stellar Banner está encalhado. Foi apurado que os tanques de combustível da embarcação sul-coreana permanecem intactos. Eles estão localizados na popa, do lado oposto à região onde ocorreu a avaria, ou seja, na proa, defeito que interrompeu o deslocamento até a Ásia, continente onde o minério de ferro iria ser descarregado.

Os navios OSRV, requisitados preventivamente, fazem parte de um conjunto de ações previstas em plano de contenção de eventual vazamento de óleo. Segundo a Vale, no entorno do MV Stellar Banner foi estendida, até o momento, uma barreira de cerca de 200 metros, que é formada por boias adequadas para conter a substância no mar.

Análise da água

Em outra “frente”, estão sendo feitas análises de amostras de água do mar no entorno da embarcação sul-coreana pelo Laboratório de Análises Ambientais (LAA), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). Esse procedimento está sendo realizado conjuntamente com outros órgãos de fiscalização, incluindo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dentro das competências cabíveis de cada um.

Estão sendo realizados, ainda, estudos de modelagem e monitoramento pelo Grupo de Trabalho, do qual a Sema faz parte com instituições e empresas que atuam na gerência do Gabinete de Crise, que foi instaurado pela Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA). O objetivo dessa força-tarefa é cooperar e prevenir possíveis vazamentos de óleo no mar, que pode causar um desastre ambiental, com morte de vários espécimes de animais marinhos.

Outros procedimentos

Foi realizada a solicitação e obtenção junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis da autorização formal para o deslocamento das embarcações para a costa do Maranhão. Foi pedida, ainda, a contratação de especialistas em salvatagem, que é uma série de medidas que servem para o resgate e manutenção da vida após um desastre marítimo. O objetivo principal do procedimento é atenuar ou evitar que acidentes em plataformas de petróleo e/ou embarcações aconteçam.

Essa medida servirá para acelerar o plano de retirada do óleo do navio sul-coreano, que continua encalhado. Foram solicitadas, também, boias oceânicas off shore, que podem servir preventivamente como barreiras de contenção adequadas para mar aberto, em caso de necessidade. Helicópteros foram disponibilizados para a movimentação das equipes até o local onde a embarcação está, na Baía de São Marcos, a uma distância de 100 quilômetros da costa de São Luís, fora do acesso ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira.

Retirada do óleo

A Marinha, que coordena o Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo (COIP), anunciou que pretende, nos próximos dias, retirar parte do óleo e do minério de ferro do navio sul-coreano, que possui quatro milhões de litros de combustível. De acordo com o Ibama, desse total, 333 litros de óleo já vazaram dos porões da embarcação. O material se espalhou por uma área de 0,79km2. O Navio de Apoio Oceânico (NApOC) “Iguatemi” está em operação para tentar desencalhar o MV Stellar Banner.

Essa retirada do navio está sendo feita em conjunto com os rebocadores que estão ao redor da embarcação sul-coreana. A Marinha também enviou o Navio Hidroceanográfico “Garnier Sampaio” para área de ação. Importante destacar que o óleo foi detectado durante uma inspeção realizada na manhã de sexta-feira, 28, pelo Ibama, que sobrevoou o mar. Naquele momento, a empresa Polaris, proprietária MV Stellar Banner, disse que, provavelmente, o material detectado era “óleo morto” que estava no convés, e não combustível vazado dos tanques da embarcação.

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite de segunda-feira, 24. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado, com envio de rebocadores e colaboração com as autoridades marítimas.

A Marinha do Brasil informou, por meio da Capitania dos Portos do Maranhão, que tomou conhecimento do episódio a partir de uma agência marítima. O órgão disse que a embarcação transportava minério de ferro da Vale e que o problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana.

De acordo com a CPMA, o incidente foi registrado por volta das 21h30 de segunda-feira. As equipes identificaram dois vazamentos no navio, que está encalhado, por medida de segurança. Quatro rebocadores foram enviados ao local, para coletar mais informações e prestar apoio, em caso de necessidade. Somente após a conclusão do inquérito administrativo, instaurado pela Marinha do Brasil, as causas, circunstâncias e responsabilidades do incidente serão esclarecidos.

Outra providência tomada foi o envio um rebocador com material para conter possíveis danos ambientais, com o intuito de prevenir futuras possibilidades de vazamento.

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