Editorial

Pontos distintos da festa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Carnaval é a festa mais democrática do mundo, onde todos podem participar e expressar a alegria em três, quatro e até cinco ou seis dias, nos quais tudo é permitido. Pobre vira rei e rei tem dias de plebeu, com suas fantasias no meio da multidão, na rua, todos no mesmo espaço, comungando as mesmas experiências.

A festa, apesar de encarada com desdém por muitos, também pode ser vista como a tradução mais plausível do que se pode ter de igualdade de classes. A fantasia cabe perfeitamente e, hoje, independentemente de politicamente correto, todos podem ser colombinas, odaliscas, pierrots, índios, palhaços, dançarina de funk, bailarina, super-herói, heroína empregada doméstica, princesa e bruxa.

Um ideal, uma utopia, um sonho de sociedade perfeita, igualitária, alcançada em alguns dias e noites de êxtase de brilho e purpurina. A festa envolve e também parece ser capaz de extrair o que há de melhor em cada um, com todos pulando e brincando juntos, atrás do trio elétrico ou do bloco de sujo, em ruas, praças, clubes, todos dispostos a entrar na dança carnavalesca.

As famílias buscam passar a receita de alegria para as gerações mais novas, o que faz com que ocorram as vesperais - não muito comuns nessa época de internet, mas que ainda sobrevivem -, e grupos se reúnam exibindo os mesmos modelitos e personagens, montando bloquinhos e caindo na folia. A união, nesse caso, faz a força e fortifica a brincadeira por todo o país.

Só que nem sempre dá para ser tão sonhador assim. A realidade sempre ronda os foliões. No Carnaval, apesar da alegria da festa, os índices de violência são bastante altos, principalmente os de pequenos roubos. Por isso, o folião deve se precaver de todas as formas. E hoje, até o local escolhido para brincar as festas, influencia nessa prevenção.

Talvez por isso mesmo as autoridades em todo o país tentem descentralizar a festança, fazendo com que as comunidades não precisem se movimentar tanto de um lado a outro nas cidades. A festa fica mais perto. Em São Luís, ao que parece, esse pensamento é seguido, sendo aprovado pelos foliões. Pelo que o cidadão observa, a intenção, mesmo sem muita descentralização para bairros e periferia, além de oferecer mais opções, é promover a aglomeração em pontos distintos, tornando mais fácil a contenção de multidões em caso de necessidade.

Assim, o Carnaval ocorre festivo e a cidade dispõe de espaços distintos para quem é mais, digamos, cult, e para quem é mais popular. Isso mesmo. Dessa forma, parece ser mais fácil para as autoridades desenvolverem seus planos de segurança. É notório que atrações como Saia Rodada e Mano Valter, por serem mais midiáticas, atraiam um público mais numeroso, jovem e mais disposto a se esbaldar na folia.

Do outro lado, os artistas mais cults, como Maria Rita e Cidade Negra, atraiam público mais voltado aos bloquinhos em família, com crianças e pessoas de mais idade, e a grupos de amigos mais preocupados em desfilar com a melhor e mais brilhosa fantasia.

Essa distribuição das atrações, com certeza, não é à toa. Porém, como observa os cidadãos, tem suas razões de ser. E, nesse clima de festa, o que importa é que todos saiam de casa dispostos a brincar e, claro, que todos tomem as precauções necessárias para que a festa acabe na Quarta-Feira de Cinzas, deixando apenas boas lembranças em todos os espaços.

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