Artigo

BBB

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Escrevo este texto na madrugada da terça-feira anterior ao sábado, de carnaval, dia em que ele não só estará publicado na página de opinião do jornal O Estado do Maranhão, mas também estará postado em minhas janelas nas redes sociais.

Ressalto o sábado de carnaval, pois este texto não trata das folias de Momo. Eu o escrevo exatamente para aqueles que não se interessam muito por elas e preferem dois dedos de uma prosa leve sobre a nossa vidinha, sem confetes nem serpentinas.

Faz tempo que gostaria de falar sobre este assunto, e logo quando resolvo fazê-lo, descubro que meu amigo, confrade e professor de direito penal, José Carlos Sousa Silva, já o fez antes de mim. Posso não tratar de assunto inédito, mas o abordarei do meu jeito. O assunto é o BBB!...

Calma!... Não se trata do reality show da Rede Globo. O BBB de quem falo é o Benedito Bogéa Buzar, um dos amigos que herdei no vasto inventário de meu pai, que, diga-se de passagem, se nos deixou alguns bens materiais, nos fez ricos de preciosas amizades.

De ascendência libanesa como eu, Buzar nasceu na cidade de Itapecuru-Mirim. Eleito deputado quando para isso não se precisava mais que uns mil amigos, e tendo na juventude ideias libertárias, foi acusado de comunista e cassado, junto com outros tão comunistas quanto ele: Sálvio Dino e Ricardo Bogéa.

Tive o prazer, enquanto deputado, de receber simbolicamente de volta na ALM, Buzar, Sálvio e Ricardo, recolocando a história nos trilhos de onde jamais deveria ter sido tirada.

No último dia 17 de fevereiro, Buzar completou 82 anos, muitos dos quais dedicados ao jornalismo, à política, ao registro histórico de personagens e acontecimentos marcantes de nossa terra. Nisso fazemos parelha. Ele é colaborador preferencial do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão. É sempre a primeira pessoa a quem recorremos para tirar alguma dúvida sobre este ou aquele fato, ou para descobrir quem está em um filme ou em uma foto antiga. Fico triste e preocupado por saber que um dia, que espero ainda demore bastante a chegar, não teremos mais quem nos diga que naquele filme de Lindberg, ou que naquela fotografia de Azoubel ou Valdo Melo, quem aparece é Carlos Vasconcelos ou Matos Carvalho.

Nos últimos anos tenho convivido bastante com Buzar. Fazemos parte do Senadinho da Fribal, que se reúne aos domingos na Ponta D´Areia, comandados por Aparício Bandeira; do grupo de ex-deputados do MDB, dirigido por Remi Ribeiro e secretariado pelo mesmo Aparício, que se reúne uma vez por mês em lautos almoços; temos a honra de fazer parte de um grupo extremamente restrito de amigos, que sempre que pode se reúne com o presidente Sarney; e principalmente, ele, Buzar, tem sido nos últimos anos, presidente da Academia Maranhense de Letras, onde realizou um maravilhoso trabalho, não apenas administrativo, mas principalmente diplomático, pois apascentar o ego e o temperamento de outras 39 criaturas, todas com muita cultura, informação, e das mais diversas formações e conformações, não é tarefa muito fácil!...

Nosso convívio na AML, graças ao seu jeito contemporizador, tem sido de grande valia para mim, pois tenho podido ajudar da maneira que mais gosto: descompromissado, sem cargo ou patente, sem responsabilidade e por isso mesmo com compromisso comigo mesmo, com uma patente de amor e devoção dada por mim, e com a responsabilidade que eu me exijo. O jeito simples de Buzar me propicia isso!

Ele tem para comigo muita consideração e sempre me dá relíquias históricas, como os documentos e fotos do senador Clodomir Millet, grande amigo dele e de meu pai. Livros sobre cinema e política, assuntos pelos quais muito me interesso.

Estava pensando em escrever essas mal traçadas linhas já faz algum tempo e aproveitei exatamente essa oportunidade, quando Buzar deixará de ser presidente da AML, para fazê-lo.

Obrigado Buzar!


PS: Vou cometer aqui uma inconfidência. Há uma coisa que os amigos mais íntimos de Buzar reclamam muito dele e que poucos que me leem agora vão entender: Buzar não é bom de reza! Definitivamente ele não rezou direito!...


Joaquim Haickel

Membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras e do IHGM

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