Opinião

Ser político, segundo Millôr

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
O ato, praticado pela Secretaria da Educação de Rondônia, mandava recolher 43 obras literárias das escolas públicas, sob o argumento de conterem “conteúdos inadequados”, para os estudantes da rede pública estadual.Benedito Buzar

A sociedade brasileira tomou conhecimento, na semana passada, de um ato que a deixou estarrecida e revoltada.

O ato, praticado pela Secretaria da Educação de Rondônia, mandava recolher 43 obras literárias das escolas públicas, sob o argumento de conterem “conteúdos inadequados”, para os estudantes da rede pública estadual.

O Estado de Rondônia, para quem não sabe, é governado pelo coronel Marcos Rocha, um bolsonarista de carteirinha, que se elegeu pelo PSL.

Na relação das obras proibidas, alguns clássicos da literatura nacional, a exemplo de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Os sertões, de Euclides da Cunha, Macunaíma, de Mário de Andrade, sem esquecer livros de autores notáveis, como Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Rubem Fonseca e Millôr Fernandes.

Dentre os livros proibidos de Millôr Fernandes, pontificava “A bíblia do caos”, com pensamentos, preceitos, raciocínios, considerações, ponderações, devaneios, elucubrações, ideias, conceitos, reflexões, introspecções, especulações sobre o Brasil e os brasileiros.

De “A bíblia do caos”, selecionei este texto sobre a política e os políticos. “Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um imã e um caleidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar sem ver a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo para a bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que o seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando para a história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar uma seis para resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a distribuição dos bens sociais, começando é natural por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente o gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.”

Aproveito o espaço para reproduzir algumas frases de Millôr Fernandes, versados, também, em torno da política e de políticos: “Em política nada se perde e nada se transforma, tudo se corrompe”. “Eu não entendo nada de política, mas percebo todas as politicagens”. “As boas intenções políticas diminuem em razão direta da aproximação do dia da posse”. “Em política, o que dizem nunca é tão importante quanto o que você ouve sem querer”. “Em política, basta se ter condições de repetir muito uma mentira para ela virar verdade”. “O mal do PT é que tem excesso de cabeças e carência de miolos”. “Em Brasília, não se chama ninguém de ladrão, mas de pessoa movida pela ideologia da propina”. “A diferença entre o político e a galinha é que o político cacareja e não bota o ovo”. “Por mais hábil que seja, o político acaba sempre cometendo alguma sinceridade”. “Quando um político grita que outro é um remendo ladrão é impossível não revelar na voz um leve traço de inveja”. “O político é um gaiato que prefere a versão ao fato”. “Os políticos andam tão ocupados com salvar o país que não têm tempo de ser honestos”. “Mais cedo ou mais tarde todo político corresponde aos que não confiam nele”. “Político profissional jamais tem medo do escuro. Tem medo é da claridade”. “Político franco e direto é o que vai logo dando pseudônimo aos bois”. “O político procura não parecer o que é; porque o outro pode não ser o que parece ou ainda mais enganador, ser e parecer”.

Rotary ou Lions?

Na semana passada, o governador Flávio Dino almoçou no Palácio dos Leões com um convidado especial: o deputado Josimar Maranhãozinho.

Antes que o rega-bofe acabasse, Josimar comunicou a Flávio Dino, a intenção de ser candidato a governador do Estado.

Estupefato, Flávio teria perguntado ao deputado: - Governador do Rotary ou do Lions?


Sonho ou realidade?

Segundo o ex-deputado Joaquim Haickel, tudo que acontece agora com relação às eleições para a prefeitura de São Luís, virá por águas abaixo por conta de um acontecimento surpreendente e deflagrado antes do processo eleitoral.

Trata-se, segundo Quincas, do apoio do governador Flávio Dino à candidatura de Eduardo Braide.

Veto a Neto

Quem conhece a vida política do Maranhão sabe de um fato lamentável que ocorreu no passado entre o ex-deputado João Evangelista e o atual deputado Edivaldo Holanda.

Dizem que por causa desse rumoroso acontecimento, o prefeito Edivaldo Holanda Junior jamais apoiará a candidatura do deputado Evangelista Neto à sua sucessão.

Flávio e Bolsonaro

As relações institucionais entre o Presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Governador Flávio Dino, estão cada vez mais tensas e impossíveis de se tornarem cordiais.

Como os dois não se toleram, seja no plano pessoal ou político, toda vez que acontecer um evento ou uma reunião em Brasília, como na semana passada, quem vai marcar presença é o vice-governador Carlos Brandão.

Trocou o alvo

No lançamento prévio da candidatura de Eudes Sampaio à prefeitura de São José de Ribamar, a presença do ex-prefeito Luís Fernando Silva, sinalizava um revide, no mesmo tom, às agressões verbais assacadas contra a sua pessoa e sua gestão pelo senador Weverton Rocha.

Mas que pensava assim, frustrou-se porque Luís Fernando trocou o alvo: em vez do senador, bateu sem dó e piedade no deputado Gil Cutrim.

Renúncia do vice

O desembargador Lourival Serejo, em novembro do ano passado, antes de se eleger presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, foi eleito vice-presidente da Academia Maranhense de Letras.

No entendimento de haver incompatibilidade no exercício das funções, Serejo renunciou ao cargo de vice-presidente da Casa de Antônio Lobo.

Para o cargo não ficar vago, os imortais elegeram o acadêmico Luiz Phelipe Andrés para a vice-presidência da AML.

Discurso de Madeira

O nome de Carlos Madeira é pouco conhecido do eleitorado de São Luís, mas os adeptos da sua candidatura a prefeito, acreditam que ele dará a volta por cima no curso dos programas da Justiça Eleitoral.

Isso porque o ex-juiz é um excelente orador e tem um discurso muito bom e adequado à realidade da capital maranhense.

Aniversário de Sarney

Além dos eventos solenes e comemorativos dos noventa anos do ex-presidente, José Sarney, a serem realizados em abril, em São Luís e Brasília, outras iniciativas, também, estão sendo programadas.

Um álbum, com ilustrações e textos da autoria de figuras da política e da literatura nacional; um documentário sobre a vida política e a obra literária do aniversariante; e uma exposição das obras de arte que lhe dizem respeito.



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