Jardiel Soares, atleta de Futebol de 5

"Em quadra, os meus olhos são os meus ouvidos"

Maranhense que integra a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos e ganhou o Troféu Mirante Esporte, quer realizar o sonho de jogar nas Paralimpíadas do Japão

Evandro Junior / O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Jardiel Vieira Soares ganhou o Troféu Mirante
Jardiel Vieira Soares ganhou o Troféu Mirante

Um campeão e exemplo de vida com uma trajetória de superação e vitórias. Jardiel Vieira Soares, 23 anos, nunca viu a luz do sol, mas nem por isso seu caminho tem sido menos iluminado. Desde os 16 anos, ele joga Futebol de 5, nomenclatura associada a atletas deficientes visuais adeptos do tradicional futebol de salão.

O desportista, que nasceu em Pinheiro (MA), com uma doença chamada toxoplasmose, e joga atualmente no Instituto Baiano de Cegos, é esforçado e focado. Foi por isso que recebeu o Troféu Mirante Esporte, indicado por ter sido vitorioso em vários campeonatos no ano passado, a exemplo do certame regional da Copa América.

“Foram várias conquistas e elas contaram na hora da indicação para o Troféu Mirante, do qual muito me orgulho. Pretendo seguir nesse esporte, que gosto bastante”, diz ele, que se prepara para disputar a Copa dos Campeões, de 27 a 1º de março, em São Paulo.

Jardiel integra a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos
Jardiel integra a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos

Jardiel Soares tem uma vida de muita atividade. Ele treina de terça a quinta-feira, religiosamente, tudo visando às suas próximas conquistas. Como integra a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos, pretende ser escalado para as Paralimpíadas do Japão, que serão realizadas no segundo semestre. O Brasil, que é tretacampeão paralímpico e é a principal potência desse esporte no mundo, está classificado.

“Estou confiante de que serei escalado, principalmente por causa das minhas conquistas em 2019. É por isso que estou treinando direto, pois tenho a esperança de ser escalado para viajar com a seleção, o que é um grande sonho da minha carreira como atleta paralímpico”, afirma.

Treino

O maranhense, assim como os outros atletas cegos da modalidade, treina com uma bola especial. Alguns guisos emitem um sinal sonoro para que eles se localizem em quadra. Ele costuma dizer que, “em quadra, os meus olhos são os meus ouvidos”. A comunicação entre os jogadores, por outro lado, dá-se naturalmente, como no jogo de 11. Quando não está praticando o esporte, ele se dedica a outra atividade profissional: tem um estúdio de locução em casa.

No estúdio residencial, Jardiel grava e edita vinhetas e comerciais para TV, trabalho do qual se orgulha de fazer. “Trabalho nessa área há três anos, além de me dedicar ao futebol. Gravo com a minha própria voz e depois edito”, conta ele, que também pratica musculação, diariamente.

Jardiel Soares afirma nunca ter sofrido nenhuma discriminação por ser deficiente visual, embora afirme que nem todo mundo se prontifique a ajudá-lo quando ele precisa. “Eu ando sozinho, seja de ônibus, a pé ou de transporte por aplicativo. Não me recordo de ter sofrido discriminações. O que acontece é que nem sempre as pessoas se mostram fáceis para ajudar, quando a gente precisa”, revela.

Eu ando sozinho, seja de ônibus, a pé ou de transporte por aplicativo. Não me recordo de ter sofrido discriminações. O que acontece é que nem sempre as pessoas se mostram fáceis para ajudar, quando a gente precisa”

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