Artigo

Ainda temos tempo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

No dizer de Aristóteles, somos todos animais políticos. Então, porque havia necessidade de se alternar o poder, em Pinheiro, minha terra, nos anos 1990 ajudei na ascensão de certo político à Prefeitura. Imaginei-o agindo com retidão. Eleito, seu desempenho me fez acrescentar mais um nome na minha curta relação de desprovidos do indispensável.

O desapontamento me impôs afastamento do que disse o filósofo. Depois, com ótica de empresário, passei a observar que todos que cuidam bem de suas coisas tendem a cuidar bem das coisas públicas. Não é uma verdade absoluta, claro. Mas o é a afirmação de que os homens que não zelam pelos seus próprios bens nunca zelarão pelas coisas públicas. Nunca.

Veja-se que no ano do seu centenário, Pinheiro teve um grande prefeito - Dico Araújo. De berço humilde, iletrado, mas grande empreendedor. Administrou bem o patrimônio do povo tão somente porque sabia administrar o seu. Já para os mais velhos, Josias Abreu foi o melhor dirigente da cidade. Estudioso, culto e, não por acaso, grande comerciante.

Em certa eleição majoritária do município, um empresário da cidade, conhecido como Real, teve grande votação. Não se elegeu. Ele, também de origem humilde, estudou pouco, mas é próspero, bem sucedido, um exemplo de zelo pelos seus múltiplos negócios, tem visão de futuro e grande capacidade de trabalho. Esse conjunto sugere que Real administraria bem nossas coisas.

Para lembrar, certo ex-mandatário do município possuía clínica médica na cidade. Mesmo de braços dados com o poder público, não prosperou. Depois, tentou empreender com uma bem equipada cerâmica. Sem sucesso. À frente da Prefeitura, melhor não comentar. Daí, como “casa de pai é escola de filhos”, fica fácil entender a atual administração municipal.

Comenta-se que um ex-prefeito do município pretende, mais uma vez, dirigi-lo. Ele é dono de empresa. Seus negócios não parecem tão prósperos, mesmo com indícios de relação incestuosa com poderes públicos. Difícil explicar por que esse cidadão sente mais atração por dirigir bens públicos do que por dirigir seus próprios bens. Vai ver que é amor à terra natal e aos conterrâneos.

Outro pretendente, supostamente dono de negócios, a cada dia mina as redes sociais com mensagens. De bobas a sábias. As de bom conteúdo, claramente não procedem de sua cabeça. Mais: a julgar por experiência anterior, a visão de futuro e capacidade empresarial desse moço lhe recomendariam a abertura de mercearia ao lado do supermercado Mateus.

De boa, não se pode alimentar ilusões de que prefeitos de Pinheiro sejam capazes de fazê-la rica e próspera. Sem chances aparentes de geração de riquezas, a mesma moeda que circulou na cidade ontem, circula hoje e circulará amanhã. Então, o desejável é que os ocupantes da Prefeitura sejam honestos e entendam que a prefeitura não é propriedade deles.

Estou seguro de que Pinheiro pode tornar-se o mais rico município do Maranhão. É possível atraírem-se investimentos para se produzirem bens de largo consumo, de alto valor agregado e a partir de matérias-primas da região. Essa possibilidade existe. Mas não creio que empresas bem intencionadas façam investimentos em municípios mal dirigidos.

Sabe-se que na cidade há um empresário próspero, novo, zeloso com seus negócios, de grande capacidade de trabalho, benquisto por seus empregados e por amigos e com reais possibilidades eleitorais, pelo seu berço. Porque cuida bem de suas coisas, tende a cuidar bem da coisa pública.

Por fim, nós, pinheirenses sessentões e setentões, mais que outros maranhenses do interior, fomos privilegiados. Estudamos num grande colégio e, a partir dele, nossos pais, às duras penas, conseguiram nos legar o que não receberam dos seus pais. Hoje, com mais formação que eles, o que estamos deixando para nossos filhos e para as gerações futuras? Bom pensar nesse assunto e fazer o que é possível fazer. AINDA TEMOS TEMPO.

J. B. RIBEIRO

Administrador de empresas e empresário

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