Deputados federais que integram a bancada maranhense no Congresso Nacional e que atuam na oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), repudiaram a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, que atingiu as empregadas domésticas e as classes mais pobres do país.

Guedes fez uma relação entre o câmbio do dólar e a ida de brasileiros à Disney, nos Estados Unidos da América (EUA), em tom pejorativo às domésticas.

Pedro Lucas Fernandes (PTB) divulgou uma nota em seu perfil, em rede social, sobre o tema. Ele criticou a declaração do ministro e falou sobre a desvalorização e o desrespeito aos direitos trabalhistas do empregado doméstico no Brasil. Márcio Jerry (PCdoB) e Bira do Pindaré (PSB), também se manifestaram sobre o tema.

“O Brasil é o país que tem mais trabalhadores domésticos no mundo. Infelizmente a maioria ainda na informalidade e essa estatística bateu recorde em 2018. A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi equivocada e não condiz com a realidade desses trabalhadores”, disse.

O parlamentar do PTB cobrou respeito aos profissionais. “São cerca de 6,24 milhões de empregados domésticos, e apenas 1,82 milhão trabalham de carteira assinada. O desafio é diminuir a informalidade, porque esses trabalhadores são importantes para a economia, merecem respeito e a garantia de mais direitos”, completou.
Márcio Jerry cobrou do Palácio do Planalto, retratação sobre as declarações do ministro.

“O mínimo que o presidente poderia fazer agora seria pedir desculpas em nome do governo e repudiar publicamente idiotice preconceituosa de seu principal ministro”, enfatizou.

Bira do Pindaré afirmou que a declaração de Guedes não surpreende a sociedade. Ele repudiou a manifestação do ministro e se solidarizou às empregadas domésticas.

“Mais uma manifestação desnecessária e desrespeitosa que infelizmente surpreende um total zero de pessoas. Afinal de contas ele é parte de um governo presidido por uma pessoa que foi contra o reconhecimento dos direitos trabalhistas das empregadas domésticas. Fica aqui o meu repúdio a mais essa declaração infeliz do ministro, senhor Paulo Guedes, e nosso total apoio e solidariedade às empregadas domésticas”, finalizou.

Polêmica

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira, durante o encerramento do Seminário de Abertura do Ano Legislativo, que o dólar mais baixo permitia empregadas domésticas irem à Disney, nos Estados Unidos. Ele acrescentou que a alta do dólar fará “todo mundo conhecer o Brasil”.

O dólar fechou em alta de R$ 4,35 na ocasião, o quarto recorde seguido, impulsionado pela divulgação dos dados do varejo brasileiro e do maior otimismo do mercado em relação à contenção da epidemia do coronavírus na China.

“Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada. Mas espera aí? Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu. Vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil, que está cheio de coisa bonita para ver”, declarou.

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Manifestação

O governador Flávio Dino (PCdoB) também se manifestou em seu perfil, em rede social, sobre a declaração do ministro Paulo Guedes. “A ideologia da violência e do ódio conecta coisas aparentemente desconexas: agressões contra jornalistas; discriminação contra empregadas domésticas; proteção a milicianos; vídeos nazistas. Não são deslizes, é um projeto contra a nação”.

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