Vice-presidente argentina

Morre Claudio Bonadio, juiz algoz de Cristina Kirchner

Integrante da direita peronista, magistrado levou à Justiça mais de cinco casos contra a atual vice-presidente; morte foi causada por tumor cerebral; Bonadio também investigava os filhos de Cristina: Máximo e Florencia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Juiz Claudio Bonadio, ao sair de seu carro em Buenos Aires
Juiz Claudio Bonadio, ao sair de seu carro em Buenos Aires (Reuters)

BUENOS AIRES — Morreu aos 64 anos, ontem, 4, o juiz federal argentino Claudio Bonadio, responsável por processos contra a atual vice-presidente argentina Cristina Kirchner e altos funcionários do período em que ela ocupou a Presidência, de 2007 a 2015. O magistrado foi vítima de complicações de um tumor cerebral, segundo o jornal La Nación.

Conhecido por seus pares como "O Áspero", Bonadio comandou a maior investigação de corrupção já realizada no país, para muitos uma Lava-Jato local. O juiz, que também acumulou denúncias de mau desempenho ao longo de seus 26 anos de carreira, protagonizou enfrentamentos com a ex-presidente nos últimos anos, levando à Justiça mais de cinco casos contra Cristina e chegando a convocá-la para depor sete vezes em um um só dia.

Ele, sozinho, emitiu nove ordens de prisão preventiva contra atual vice-presidente, que chegou a chamá-lo de "pistoleiro, mafioso e extorsionista". Bonadio também investigava os filhos da atual vice-presidente, Máximo e Florencia, algo que ela classifica como perseguição política. Cristina nunca chegou a ser presa porque, tendo sido eleita para o Senado ao fim do seu governo, tinha imunidade parlamentar.

Antes de chegar ao poder, em dezembro, o presidente Alberto Fernández disse que Bonadio seria um dos juízes que precisariam explicar suas sentenças. Com poucos amigos, o juiz era uma figura controvertida. Como Cristina, ele era peronista, só que ala direita do movimento — e chegou ao auge de sua carreira em razão disso, durante o governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999).

Detenção

Uma das vezes nas quais ele chegou a ordenar a detenção da presidente foi no caso do suposto acobertamento de ex-funcionários iranianos acusados pelo atentado à Associação Mutual Israelense Argentina (Amia), em 1994. Durante o governo de Cristina, os dois países selaram um entendimento que nunca foi ratificado pelo Parlamento iraniano (mas sim pelo argentino) e que foi considerado pela Justiça uma manobra para proteger supostos participantes do ataque à Amia, que matou 85 pessoas.

Bonadio já havia sido submetido a uma cirurgia no ano passado para remover um cisto no cérebro, procedimento que o manteve afastado de suas funções por várias semanas. Ele estava de licença médica até 1o de março. O atual governo buscava negociar sua renúncia, já que não contava com o apoio necessário para destituí-lo.

O juiz, que em setembro de 2001 matou um assaltante durante uma tentativa de roubo na região metropolitana de Buenos Aires, chegou a se encontrar com o então juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro em abril de 2017. Na ocasião, comentava-se na capital argentina que o peronista admirava o trabalho do brasileiro e incentivava a colaboração entre os dois países.

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