Balneabilidade

Apesar das placas de alerta, banho no mar continua

Todas as praias monitoradas estão impróprias para banho, conforme o mais recente relatório

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Areia cedeu e expôs esgoto
Areia cedeu e expôs esgoto (balneabilidade)

Os banhistas parecem não se importar com a qualidade da água, no litoral maranhense. Várias pessoas foram flagradas por O Estado em momento de recreação no mar, na orla da Região Metropolitana de São Luís. O risco de contaminação é alto, pois todas as praias monitoradas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) foram consideradas impróprias, após verificação feita pelo Laboratório de Análises Ambientais (LAA), no mais recente relatório de balneabilidade.

Na Praia do Caolho, nas proximidades do ponto que foi prolongado, às margens da Avenida Litorânea, a placa de sinalização que indica que o trecho está impróprio foi colocada. Apesar do alerta, famílias se divertiam na água do mar. Crianças eram levadas pelos responsáveis para tomar banho, sem preocupação com o risco de contaminação pelos coliformes fecais detectados nos exames laboratoriais.

A manicure Cláudia Barros, de 33 anos, que brincava com sua filha de 5 anos na praia, disse que tinha consciência da possibilidade de contaminação, mas acreditava que o risco era mínimo. “Eu vi a placa, mas em todo lugar está assim. Então, não vamos poder usar nenhum lugar daqui, porque todas estão impróprias. A gente banha por pouco tempo, só para não perder o momento”, justificou ela.

Esgoto na praia
Na Praia de São Marcos, também na Avenida Litorânea, a faixa de areia cedeu, o que deixou uma galeria exposta. O esgoto está escorrendo no buraco em direção ao mar, agravando o problema da contaminação. Em frente ao trecho, há uma placa de sinalização da Sema. Na abertura, a água adquiriu uma tonalidade esverdeada. O mau cheiro incomoda de longe.

De acordo com Charles Eduardo, que vende coco nas proximidades do ponto de erosão, o buraco se abriu depois da forte chuva com raios que caiu em São Luís na semana passada. “Quando chovia, desmoronou esse pedaço aí. A areia foi arrastada pela força da água. Eu trabalhava aí em frente, mas mudei porque ninguém se aproximava para comprar. O fedor é terrível, mesmo”, observou o rapaz. O esgoto é conduzido pela areia até o mar. Mesmo assim, várias pessoas tomavam banho no mar.

SAIBA MAIS

Relatório de balneabilidade

O relatório da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais acerca das condições de balneabilidade mostra que todas as praias da região metropolitana de São Luís analisadas estão impróprias para banho, em todos os trechos observados pelo Laboratório de Análises Ambientais. Por conta dessa situação, o risco à saúde de quem se arrisca é grande, em virtude das doenças que as pessoas podem contrair.

O laudo da Sema se refere à ação de monitoramento realizada no período de 30 de dezembro de 2019 a 27 de janeiro deste ano. Este foi o último boletim concernente às condições de balneabilidade divulgado pela Secretaria. Foram analisadas amostras de 21 pontos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagi. Após verificação laboratorial, os técnicos concluíram que todas estão completamente impróprias para banho.

Esse monitoramento, como a Sema frisou, obedece aos padrões fixados na Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de nº 274/00.

Perigos da contaminação

Segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde, as principais doenças de veiculação hídrica que podem surgir em alguém que toma banho nos trechos impróprios são diarreia, cólera, febre tifoide, hepatite A e infecções na pele e nos olhos. A mais comum de todas é a gastroenterite, podendo ser causada por bactérias, protozoários ou vírus, como o rotavírus.

A contaminação nesses casos acontece pela ingestão de águas contaminadas ou então por alimentos mal higienizados, que tiveram contato com a água. Os sintomas aparentes são vômito, diarreia (podendo apresentar sangue nas fezes), dores abdominais e febre. Os efeitos fisiológicos desaparecem após o quarto dia. Em casos mais graves, a consulta ao médico é indispensável.

Outra doença transmitida é a hepatite A, que é causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes de pessoas que possuem o vírus. Na maioria das vezes, pode não apresentar nenhum sintoma, mas atinge principalmente o fígado, causando inchaço e icterícia, caracterizada por uma pigmentação amarela na pele e parte branca dos olhos.

Também pode contrair a micose, infecção causada por fungos encontrados na água contaminada. Os sintomas podem ser variados, pois alteram conforme o microrganismo. Os mais comuns são coceira, irritação da pele (vermelhidão) e descamação. Uma doença que está relacionada com água contaminada, porém não diretamente, é a conjuntivite. É uma inflamação na região dos olhos, que causa vermelhidão, inchaço e secreções.

Essas são apenas algumas das doenças que podem afetar os banhistas ao entrarem em contato com uma água imprópria.

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