Acidente

Empresa de helicóptero que transportava Kobe suspende operações

Companhia ''Island Express Helicopters'' não tinha autorização para voar em más condições de visibilidade, informou imprensa americana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Kobe Bryant com a filha Gianna em um jogo de basquete feminino
Kobe Bryant com a filha Gianna em um jogo de basquete feminino (Reuters)

ESTADOS UNIDOS - A empresa de helicópteros que transportava o jogador de basquete Kobe Bryant, que morreu no domingo,26, em um acidente na Califórnia junto com a filha, Gianna Maria, e outras sete pessoas, suspendeu as operações, informou a imprensa americana. Foram suspensos tanto os voos regulares quanto os fretados, mas a empresa não deu mais detalhes sobre a suspensão.

Segundo o jornal "The New York Times" e a rede de televisão americana CNN, a companhia "Island Express Helicopters", dona do helicóptero que levava o jogador, não tinha autorização para voar em más condições de visibilidade - como as que existiam no momento do acidente.

Assim, a empresa teria que cumprir as chamadas "regras de voo visual" para operar: ter pelo menos 3 milhas (cerca de 4,82 km) de visibilidade e um teto de nuvens que não fosse mais baixo do que 300 metros acima do solo, conforme regras da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês).

No dia do acidente, a visibilidade quando o helicóptero decolou de Costa Mesa estava a cerca de 4 milhas (6,4 km), acima das condições de voo visual. Mas, conforme seguiu para o norte, o helicóptero encontrou um teto de nuvens cada vez mais baixo, e a visibilidade caiu para 2,5 milhas.

De acordo com o "The New York Times", o helicóptero tinha instrumentos sofisticados a bordo que permitiam o chamado "voo com instrumentos" - quando não há condições de visibilidade boas o suficiente para navegação visual, mas é possível voar com ajuda do equipamento a bordo.

O piloto, Ara Zobayan, também tinha a certificação necessária para voar dessa forma. Mas, por causa de limitações na forma que a "Island Express Helicopters" era autorizada pela FAA a operar, Zobayan era obrigado a voar apenas em condições de visibilidade que permitissem o voo visual.

Quando chegou a Burbank, o piloto então pediu uma autorização especial para voo visual, que o autorizaria a voar com uma visibilidade menor que 3 milhas desde que o helicóptero ficasse longe de nuvens. Depois, à medida que se dirigia para o sul e para o oeste em direção a Calabasas - local da queda -, Zobayan informou que a visibilidade tinha voltado a ser suficiente para um voo visual. Mas, quando continuou, o tempo parece ter piorado, disse o "The New York Times".

Relatos de pessoas no solo sugerem que as condições podem ter piorado mais quando o helicóptero atravessou as montanhas na margem oeste do vale de San Fernando, onde fica Los Angeles. As nuvens estavam a cerca de 90 metros do chão, disseram testemunhas perto da cena do acidente.

Autorização limitada

As limitações da companhia, segundo o "The New York Times", não são incomuns. Outra empresa, a "Group 3 Aviation", que fica no mesmo aeroporto da "Island Express Helicopters", declarou ao jornal que nenhum de seus operadores tinha autorização para voos com instrumentos. Isso se deve, em parte, porque é simples navegar em baixa altitude no sul da Califórnia, que tem rodovias fáceis de seguir e clima ensolarado.

"Não vale a pena, não voamos nesse tipo de tempo de qualquer forma. E na maioria das vezes o tempo está bom", disse Claudia Lowry, dona da "Group 3 Aviation".

Mas os detalhes sobre a autorização que a "Island Express Helicopters" tinha da FAA levantam questões sobre por que o piloto não pediu um plano de voo com instrumentos - que teria permitido a ele voar acima dos montes com neblina e seguir para o aeroporto de Camarillo, que não era longe do torneio de basquete para onde Kobe Bryant ia, disse o "The New York Times".

A "Island Express Helicopters" não respondeu a perguntas feitas pelo jornal sobre a certificação.

Funcionários do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes americano ainda investigam as causas do acidente.

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