Moqtada al-Sadr

Clérigo populista volta a apoiar manifestações no Iraque

Retirada de seu apoio há uma semana fez com que governo atacasse acampamentos; principal liderança religiosa do país condenou uso da força

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Manifestantes iraquianos balançam bandeiras do país durante ato na praça de Al Wathba, em Bagdá
Manifestantes iraquianos balançam bandeiras do país durante ato na praça de Al Wathba, em Bagdá (Reuters)

BAGDÁ - O popular clérigo iraquiano Moqtada al-Sadr voltou a apoiar as manifestações no Iraque, uma semana após dizer que não tinha mais envolvimento com elas. A interrupção do apoio de Sadr, que tem milhões de seguidores e é considerado um populista, fez com que seus apoiadores deixassem os acampamentos, o que criou claras divisões entre o grupo e os demais manifestantes. Os ataques do governo aconteceram logo depois desta retirada.

Ao mesmo tempo, a principal figura religiosa do Iraque, o clérigo xiita e grande aiatolá Ali al-Sistani, condenou nesta sexta-feira o uso da força contra manifestantes em todo o país, que já deixou 11 mortos desde que os protestos recuperaram fôlego no início deste mês.

Sadr lidera o bloco político Saeroon, que ganhou o maior número de assentos no Parlamento. Em um comunicado, ele disse que os manifestantes devem estar unidos. “Todos aqueles que já protestam em praças são seus irmãos”, afirmou Sadr em nota. “Nunca se divididam em slogans, afirmações ou ações.”

Os protestos entraram em uma nova fase crítica, e grupos políticos disputam para indicar um novo premier, após a renúncia em novembro de Adel Abdul Mahdi. Desde então, ele permanece em condição interina, e o Iraque está sem governo.

500 mortos

Quase 500 pessoas foram mortas nos distúrbios que começaram em outubro, com forças de segurança e pistoleiros não identificados matando pessoas que exigem a saída do que consideram uma elite governante corrupta e o fim da interferência estrangeira na política iraquiana, especialmente do Irã, que passou a dominar instituições estatais desde que o ditador Saddam Hussein foi derrubado na invasão liderada pelos EUA em 2003 .

Sistani, que transmitiu sua mensagem por meio de um representante nas orações d sexta-feira,31, na cidade sagrada de Karbala, renovou os apelos para que eleições antecipadas sejam realizadas de forma livre e justa.

" É imperativo apressar-se e realizar eleições antecipadas para que o povo tenha voz e para que o próximo Parlamento seja formado por seu livre arbítrio, para tomar as medidas necessárias em direção a reformas", disse ele.

Ele acrescentou que o próximo Parlamento poderá “tomar medidas decisivas que determinarão o futuro do país, especialmente no que diz respeito à preservação de sua soberania e à independência de suas decisões políticas”.

As tensões voltaram a aumentar no Iraque desde que os EUA assassinaram o general iraniano Qassem Soleimani em um ataque de drones em Bagdá em 3 de janeiro. O Irã respondeu com ataques de mísseis balísticos a duas bases militares iraquianas que abrigam tropas americanas.

Veja também:Do Afeganistão a Soleimani, o avanço dos drones em ataques mortais dos EUA

Bagdá condenou tanto o assassinato de Soleimani quanto os ataques com mísseis do Irã contra duas bases iraquianas que abrigam tropas americanas, considerando-os como atos de agressão ao Iraque e violações de sua soberania.

Sistani também "condenou veementemente" o plano de paz do presidente dos EUA, Donald Trump, no Oriente Médio.

— A autoridade religiosa condena fortemente o plano opressivo que foi apresentado recentemente para legitimar a ocupação de mais terras palestinas — disse Sistani.

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