Mudança

EUA destaca em Londres ''enormes benefícios'' do Brexit

O Reino Unido deixará o bloco às 23h locais (20h de Brasília) hoje, 31, embora na prática quase nada mude durante o período de transição planejado até o final de dezembro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
O premier britânico, Boris Johnson (d), recebe o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na Downing Street
O premier britânico, Boris Johnson (d), recebe o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na Downing Street (Reuters)

LONDRES - Um dia antes de seu país deixar a União Europeia (UE), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recebeu, ontem,30, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que enfatizou os “enormes benefícios” para os dois países do acordo comercial pós-Brexit que eles estão prestes a negociar.

Todos sorrisos e apertos de mão na frente dos fotógrafos, Johnson e Pompeo se reuniram por 30 minutos em Downing Street.

Ao sair, o chefe da diplomacia dos EUA apenas disse que tinha sido um encontro “fantástico”. Mas antes, em uma cerimônia pública com seu colega britânico, Dominic Raab, Pompeo deixou claro que o Brexit será vantajoso para o relacionamento entre os dois aliados históricos.

“Estou otimista, porque havia coisas que o Reino Unido tinha que fazer como membro da UE”, e “agora eles podem fazê-lo de maneira diferente”, comentou.

“Tudo isso será visto no acordo de livre-comércio”, que Londres e Washington querem começar a negociar imediatamente. “Quando você olha pelo espelho retrovisor, verá os enormes benefícios para nossas duas nações”, afirmou.

Depois que o Parlamento Europeu ratificou o acordo de divórcio na quarta-feira, 29, o Reino Unido deixará o bloco às 23h locais (20h de Brasília) hoje, 31, embora na prática quase nada mude durante o período de transição planejado até o final de dezembro.

Londres encerrará quase 47 anos de relacionamento com a UE, que, pela primeira vez em sua história, perderá um membro e conquistará um poderoso concorrente comercial e financeiro à sua porta.

Um dos principais argumentos dos defensores do Brexit tem sido, desde a campanha do referendo de 2016 em que foi decidido por 52% dos votos, recuperar o controle de sua política comercial para negociar livremente acordos com outros países.

China é ‘principal ameaça’

O presidente americano, Donald Trump, considera “uma prioridade absoluta” alcançar um ambicioso acordo de livre-comércio com o Reino Unido, e seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que espera concluí-lo ainda este ano. Washington e Londres têm, contudo, várias pedras ao longo do caminho.

A decisão britânica de permitir que a fabricante chinesa de telecomunicações Huawei participe, mesmo que limitadamente, de sua rede 5G é uma das principais.

Washington acusa a gigante tecnológica chinesa de ser espiã do governo de Pequim, o que a empresa nega.

Com esse argumento e em um contexto de rivalidade comercial, ele pediu a seus aliados que excluíssem a Huawei do desenvolvimento da próxima geração de sua rede de Internet móvel de alta velocidade.

Os Estados Unidos alertaram que poderiam parar de compartilhar sua Inteligência com países que incluem o grupo chinês em suas redes de telecomunicações.

“O Partido Comunista Chinês representa a principal ameaça do nosso tempo”, afirmou Pompeo em Londres.

A China “é uma economia enorme, à qual a economia dos EUA está intimamente ligada. Esta é uma grande oportunidade para fazermos negócios”, disse ele.

O secretário americano ressaltou, porém, que “o Partido Comunista Chinês do presidente Xi deixou claro que ele tem objetivos que não são consistentes com grandes valores” e com “princípios democráticos ocidentais”.

Na véspera, Johnson havia defendido o direito dos britânicos de acessar a tecnologia de ponta da Huawei, embora tenha garantido que isso não prejudicaria a cooperação com os Estados Unidos.

Dupla negociação complicada

Ao mesmo tempo em que negocia com Washington, Johnson deve negociar o futuro relacionamento com a UE após o Brexit.

Até agora, seus 27 parceiros temem que o Reino Unido se torne um concorrente injusto, exigindo que respeitem um certo número de normas de direitos trabalhistas, ou ecológicas, para acessar o mercado europeu.

Este exercício será delicado. Nas negociações com os Estados Unidos, Londres poderá ter de aceitar, por exemplo, produtos com padrões menos rígidos para a saúde, ou para o meio ambiente, em relação aos alimentos, do que os impostos pela UE.

Entre outras questões que tensionam as relações anglo-americanas, estão o projeto britânico de taxar gigantes da Internet, a recusa dos EUA em extraditar a esposa de um diplomata envolvido em um acidente de trânsito que matou um adolescente na Inglaterra, assim como a denúncia de um procurador de Nova York de que o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, não estaria cooperando com uma investigação do FBI sobre o falecido pedófilo Jeffrey Epstein.

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