Mobilização

Ambulantes fazem manifestação e param o trânsito no Centro de SL

Camelôs estavam revoltados por terem sido retirados da Rua Grande; protesto gerou longo congestionamento e transtornos para quem precisou se locomover na região central da capital e em bairros adjacentes

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

[e-s001]O trânsito da área do Centro ficou parado no decorrer do período da manhã de ontem por causa de uma manifestação feita por vendedores ambulantes, em protesto pela retirada de suas estruturas da Rua Grande, ocorrida durante fiscalização da Prefeitura. Eles alegam que o ato prejudica mais de 400 camelôs naquela região. Objetivo principal da ação, realizada pela Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo (Semurh) é garantir a preservação do patrimônio público e o bem-estar da população que frequenta o centro comercial, atendendo ao Código de Postura do Município.

O ponto de mobilização foi nas proximidades da caixa d’água, no Centro. Os manifestantes realizaram um “apitaço”, carregando cartazes e faixas, gritando palavras de ordem como “Queremos apenas trabalhar e garantir o sustento da família”. Muitos deles sentaram ou deitaram no meio da via, impedindo a passagem dos veículos e travando o trânsito.

Os veículos, que trafegavam no sentido da Avenida Kennedy ou Getúlio Vargas para o Centro, ficaram parados por algumas horas. O engarrafamento foi extenso e atingiu os bairros do Monte Castelo, Alemanha e Areinha. Muitos passageiros, cansados de esperar, desceram dos coletivos e optaram por andar alguns quilômetros para chegarem ao seu destino.
As paradas do Centro ficaram lotadas, inclusive com a presença de idosos, crianças e estudantes. “Estou aqui há horas esperando pelo ônibus do bairro onde moro e apenas disseram que os camelôs estão fazendo uma manifestação próximo ao Canto da Fabril”, disse a funcionária pública, Ana Karla Almeida, de 56 anos.

Mobilização
Sobre a motivação da mobilização, o presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes de São Luís, Carlos Cunha da Silva, contou que na manhã de quarta-feira, 29, guardas municipais, agentes da Blitz Urbana e militares estiveram na área do centro proibindo os vendedores de trabalharem na extensão da Rua Grande. “A categoria foi pega de surpresa e mais de 400 famílias ficaram prejudicadas devido a essa atitude”, contou Carlos Cunha.

Por causa da ação da Prefeitura a categoria resolveu fazer uma mobilização e acabou inviabilizando os veículos, principalmente, os coletivos de chegarem até o centro da cidade. “Queremos apenas ficar na Rua Grande de forma ordenada, até que o shopping, que vai ser construído, ser entregue para a nossa categoria. O local em que foi disponibilizado para os vendedores não possui um bom fluxo de pessoas e isso prejudica as vendas”, esclareceu.
Jacó Pereira, de 51 anos, disse que foi impedido de vender no Centro e perdeu muitos clientes. “Estou com produto para vender, mas não tenho um local”, declarou o ambulante, que reclamou de prejuízos.

A outra ambulante, Isabel Ramos, de 37 anos, disse que tem três filhos, menores de idade, que precisam ser sustentados. “É desse trabalho da Rua Grande que garanto a alimentação diária, roupas e a moradia para a minha família”, afirmou a vendedora.

Os agentes da Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT) e policiais militares foram destinados para o local a fim de tentar reverter a confusão no trânsito. Enquanto, na Rua Grande, guardas municipais, agentes da Blitz Urbana e policiais permaneceram durante o período da manhã e tarde com o objetivo de evitar o retorno dos ambulantes.

[e-s001]Impasses
José de Ribamar Ferreira, Ribinha, presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes de São Luís, reclamou do impasse. Ainda no mês de julho do ano passado, a categoria apresentou para a Prefeitura o “Projeto Tela” em que os ambulantes venderiam o seu produto em telas, dentro da Rua Grande, mas até o momento não obteve nenhuma resposta pela parte do poder público.

Em novembro, os ambulantes foram retirados da Rua Grande e colocados nas vias transversais do Centro. Ribinha frisou que a mudança prejudicou as vendas como causou problemas com o trânsito. Alguns vendedores e clientes chegaram a ser vítimas de acidente de trânsito, mas sem registro de óbitos.

Ainda segundo Ribinha, no último dia 20, os ambulantes se reuniram com o secretário municipal de Habitação e Urbanismo (Semurh), Leonardo Andrade, e tiveram ciência que iriam ser retirados a força da Rua Grande. Na manhã de quarta-feira, a categoria resolveu fazer a manifestação, que só foi finalizada após a confirmação de uma nova roda de negociações com Leonardo Andrade, na sede da Semurh, no centro. “A categoria vai participar dessa reunião acompanhada do representante dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Maranhão”, frisou Ribinha.

Preservação
A Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo (Semurh) informou ontem, por meio de nota, que as ações de disciplinamento na Rua Grande e vias adjacentes são contínuas, tendo como objetivo principal garantir a preservação do patrimônio público e o bem-estar da população que frequenta a região.

A Semurh esclareceu ainda que o trabalho segue o previsto no Código de Postura do Município. As ações visam também o controle da venda ambulante, conforme foi acordado em rodadas de reuniões realizadas com os mesmos, quando da finalização das obras de reforma da Rua Grande.

Outras retiradas
Esta não foi a primeira vez que os camelôs foram retirados da Rua Grande. No dia 7 de agosto do ano passado, eles foram retirados e a ação ocorreu em razão da lei para o disciplinamento do espaço público e o projeto de requalificação urbanística da região central da cidade. O objetivo era deixar o lugar menos poluído visualmente e liberar as calçadas para a passagem dos pedestres.

No mês de julho de 2018, os camelôs tiveram de sair de um trecho da via. Eles estavam ocupando a calçada. Na ocasião, a Blitz Urbana e a Polícia Militar realizaram a ação. Em 2015, já havia ocorrido uma retirada de vendedores ambulantes do local A retirada foi em decorrência do aumento do fluxo de pessoas na rua, por causa das festividades de fim de ano. Os camelôs foram deslocados para outros pontos da região e a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação aumentou a fiscalização em toda a extensão da Rua Grande.

SAIBA MAIS

A Rua Grande recentemente passou por uma obra de requalificação urbanística e orçada em R$ 31.404.149,09, que promoveu a recuperação das redes subterrâneas de eletricidade, drenagem profunda e esgotamento sanitário. Bem como instalará um conjunto de postes metálicos com iluminação de LED, fiação elétrica subterrânea, pavimentação de toda a rua com piso de granito nas laterais, blocos no piso central e marcação de calçada.

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