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Trump diz que plano de paz para Israel ''faz muito sentido para todos''

Autoridades palestinas indicaram que não foram convidadas a Washington e rejeitaram ''a priori'' um acordo, ressaltando viés pró-Israel do presidente americano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Presidente dos EUA, Donald Trump, e primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca
Presidente dos EUA, Donald Trump, e primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca (Reuters)

WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem, 27, que a Casa Branca irá divulgar na tarde de hoje, 28, seu aguardado plano de paz, proposto há mais de dois anos, para Israel e Palestina.

Ao receber na Casa Branca o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o líder da oposição, Benny Gantz, em encontros separados, Trump disse a jornalistas que o plano de paz "faz muito sentido para todos". Ele não divulgou detalhes e sobre como o plano poderia beneficiar os palestinos, mas afirmou que "é algo que eles deveriam querer".

Apesar de ter ressaltado que "eles provavelmente não vão querer inicialmente", Trump disse:

" Acredito que no fim eles irão... É muito bom para eles. Na verdade, é excessivamente bom para eles. Então vemos o que acontece", afirmou.

Os palestinos, no entanto, indicaram que não haviam sido convidados a Washington para a ocasião e rejeitaram "a priori" o plano.

Área agrícola

O acordo inclui, segundo os palestinos, a anexação por parte de Israel do Vale do Jordão, uma área agrícola e estratégica que representa cerca de 30% da zona ocupada da Cisjordânia e dos assentamentos israelenses na região, além do reconhecimento oficial de Jerusalém como capital única e indivisível de Israel. Os palestinos querem ver em Jerusalém Oriental a capital de um futuro Estado independente.

Os assentamentos israelenses em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia são considerados ilegais pelo direito internacional e por resoluções do Conselho de Segurança da ONU, a mais recente delas de 2016.

Segundo a agência de notícias AFP, autoridades palestinas confirmaram que Trump tentou várias vezes nos últimos meses entrar em contato com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, especialmente através de terceiros. Abbas não respondeu, segundo a agência.

Segundo Abbas, Washington não pode ser visto como um mediador honesto porque, de acordo com o presidente palestino, tem um viés pró-Israel. A acusação segue uma série de decisões de Trump vistas como enviesadas, entre elas o reconhecimento de Jerusalém como a capital israelense, a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, e o corte de centenas de milhões de dólares em assistência humanitária para a Palestina.

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, também criticou a decisão do governo americano.

"Nós rejeitamos isso e exigimos que a comunidade internacional não seja parceira disso porque [o acordo] vai contra as bases da lei internacional e aos direitos inalienáveis palestinos", disse. "Não é nada além de um plano para acabar com a causa palestina".

Problemas internos

Trump e Netanyahu são fortes aliados políticos. No entanto, ambos enfrentam problemas internos: o americano tem sido acusado de tentar usar o plano de paz para tirar atenção de seu julgamento de impeachment, agora no Senado. E Netanyahu foi acusado de corrupção em novembro e está em um limbo legal. Ambos negam quaisquer atos irregulares.

Os dois estão em campanhas de reeleição — Netanyahu em março, tendo como principal rival Gantz, do Partido Azul e Branco, e Trump em novembro. O premier israelense tentou duas vezes, mas não conseguiu, obter maioria no Parlamento no ano passado.

Trump tem repetidamente adiado a divulgação do seu plano de paz para evitar causar problemas à eleição de Netanyahu, do Likud, de direita, já que existe a possibilidade de que o acordo preveja algumas concessões de parte de Israel.

O plano será revelado às 14h desta terça, no horário de Brasília. Em frente à Casa Branca, Trump disse nesta segunda acreditar que o plano "tem uma chance" e afirmou que espera obter o apoio dos palestinos ao projeto, visto como fadado ao fracasso pela maioria dos analistas.

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