Microssatélites

AST: bancada destaca negociação da AEB com empresas estrangeiras

Informação é de que empresas internacionais mostram interesse no lançamento de microssatélites a partir do CLA, instalado em Alcântara

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Deputados Hildo Rocha, Edilázio Júnior, Pedro Lucas Fernandes e Márcio Jerry votaram a favor do Acordo de Salvaguardas de Alcântara em 2019
Deputados Hildo Rocha, Edilázio Júnior, Pedro Lucas Fernandes e Márcio Jerry votaram a favor do Acordo de Salvaguardas de Alcântara em 2019 (Deputados federais)

Ronaldo Rocha
Da Editoria de Política

A informação de que a Agência Espacial Brasileira (AEB) já negocia com empresas estrangeiras o lançamento de microssatélites a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), situado no estado, foi comemorado por deputados federais que integram a bancada maranhense no Congresso Nacional.

A negociação da AEB com empresas estrangeiras para uso do CLA se tornou possível depois o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), que prevê parceria comercial entre o Brasil e os Estados Unidos da América, ter sido aprovado na Câmara e no Senado da República em 2019.

O acordo prevê lucros de mais de US$ 3 bilhões anuais em Alcântara. O CLA deve ingressar num mercado que movimenta hoje em torno de US$ 350 bilhões, o que equivale a R$ 1,5 trilhão por ano. A estimativa do governo brasileiro é de que esse mesmo mercado alcance movimentação de US$ 1 trilhão no mundo em 2040, ou seja, cerca de R$ 4,4 trilhões.

Para o deputado Pedro Lucas Fernandes (PTB) lembrou do esforço da bancada maranhense para a aprovação do AST no Congresso Nacional e afirmou estar com o sentimento de “dever cumprido”. Ele foi o autor de um requerimento de urgência aprovado na Câmara, fundamental para que houvesse celeridade na apreciação da peça.

“Primeiro quero dizer que estou muito feliz por saber que todos os nossos esforços para a aprovação daquele requerimento de urgência estão rendendo bons frutos. Não tenho dúvida nenhuma de que, com a aprovação do Acordo de Salvaguardas, vamos potencializar o Brasil nesse mercado aeroespacial e vamos poder trazer muita tecnologia a desenvolver essa região. Fica aqui a minha esperança de transformar não só Alcântara, mas também a Região Metropolitana, numa potência tecnológica”, disse.

Trabalho

Edilázio Júnior (PSD) também deu ênfase ao resultado do trabalho desenvolvido por meses pela bancada maranhense. “Mostra que todo o nosso esforço para aprovação do AST na Câmara e no Senado valeu a pena. O Brasil vai entrar num mercado até então inexplorado, e deve alcançar lucro inicial de mais de US$ 3 bilhões por ano. O Congresso agiu com muita responsabilidade e consolidou um ato histórico que vai beneficiar o país por gerações e gerações. Me sinto honrado por fazer parte disso”, afirmou.

Márcio Jerry, deputado pelo PCdoB, disse que torce para que os contratos da AEB com empresas estrangeiras sejam assinados. “Aprovamos o AST exatamente para que essas empresas pudessem atuar no Centro Espacial de Alcântara. Importantes estas negociações, torço para que sejam efetuados os contratos e que isto impacte positivamente o desenvolvimento de Alcântara e do Maranhão, inclusive com a garantia de direitos há décadas negados aos quilombolas que foram remanejados para a construção do CEA”, pontuou.

Importância


Hildo Rocha (MDB) destacou a importância para o país e para o Maranhão, caso a AEB consolide contratos internacionais para uso do CLA.

“É, sem dúvida nenhuma, um avanço muito positivo para o Maranhão e para o Brasil. Quando trabalhei exaustivamente para aprovar o meu relatório e que ratificou no parlamento brasileiro o AST entre o Brasil e os EUA para uso comercial da base de Alcântara [...], já tinha certeza de que isso iria ocorrer. Com esse acordo foram criadas condições para se fortalecer a base espacial de Alcântara. Estive recentemente em Israel junto com Eduardo Bolsonaro, que é o presidente da Comissão de Relações Exteriores, tendo naquela ocasião os israelenses demonstrado grande interesse em utilizar a base para lançar satélites. E somente agora, após o acordo, pode ser lançados satélites orbitais”, finalizou.

Brasil já negocia para lançar microssatélites em Alcântara

A Agência Espacial Brasileira (AEB) já negocia com empresas estrangeiras que demonstraram interesse em utilizar o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, para lançamento de microssatélites.

De olho em um mercado bilionário - e que deve triplicar de faturamento em duas décadas -, o Brasil tenta se posicionar como polo lançador de pequenos foguetes, apoiado pela localização estratégica do centro. Até por conta disso, o CLA vai mudar de nome e será chamado de Centro Espacial de Alcântara (CEA).
Em novembro do ano passado o Senado aprovou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas para uso da base espacial de Alcântara, o que permite o uso comercial do local.

Com isso, o Brasil pode receber empresas e entrar no mercado espacial, que movimenta hoje em torno de US$ 350 bilhões (R$ 1,5 trilhão) ao ano. Segundo a AEB, esse mercado deve alcançar US$ 1 trilhão (R$ 4,4 trilhões) em 2040. A ideia “conservadora” do Brasil é fisgar ao menos 1% desses negócios – ou seja, US$ 10 bilhões (R$ 44 bilhões) por ano a partir de 2040.

Ao portal, o presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira de Moura, afirmou que o Brasil já está em negociações com empresas, de pequeno e grande porte, para uso do centro para lançar pequenos satélites. A ideia é que existam acordos fechados em breve.
Alcântara é um dos melhores locais do mundo para lançamento de foguetes por conta da localização: próxima à linha do Equador, ela faz com que os custos sejam até 30% menores com a boa capacidade angular de órbitas.

Moura diz que, apesar de Alcântara não descartar projetos maiores, o nicho a ser explorado neste primeiro momento são os pequenos satélites de órbita baixa. "A gente quer demonstrar que Alcântara é um local privilegiado e, viável", explicou.

Estrutura
O CLA está preparado hoje para lançamento de pequenos satélites, com até 200 kgs, para órbita baixa a média - a cerca de 600 km de altitude. "Alcântara está preparado para lançar foguete de 50, 100 toneladas no máximo", disse o presidente da AEB.

Com essa estrutura, o centro pode receber empresas que não precisariam adaptar nada. "Ela traz o foguete, chega lá nas áreas de plataformas de lançamento e pronto. O restante (radares, aparelhos de meteorologia, tecnologia) já temos", contou.

Com essa possibilidade, a AEB acredita que as negociações podem render negócios fechados rapidamente. Caso isso ocorra, a movimentação no centro levaria a um ecossistema de empresas do setor na região.

"No caso de Alcântara, vamos desenvolver um serviço de lançamento espacial. Só que esses serviços precisam de uma série de apoios: propelentes, querosene, oxigênio, hidrogênio etc.. Então esse serviço espacial será o grande chamariz, vai necessitar de um conjunto muito grande de coisas. O centro de lançamento plenamente operacional vai desenvolver a região, pois vamos ter investirmos para ter técnicos bons, logística, energia", disse.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.