Crise

Demissão de secretário foi a segunda ocorrida sob pressão a Bolsonaro

Presidente da República foi pressionado pelo Congresso Nacional após o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, ter utilizado frase de Joseph Goebbels, ministro do ditador Adolf Hitler

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
(Alvim demitido)

BRASÍLIA - A demissão do secretário especial de Cultura do Governo Federal, Roberto Alvim, foi a segunda ocorrida por causa da pressão imposta pelo Congresso Nacional imposta ao presidente da República, Jair Bolsonaro.

Alvim caiu do cargo após ele ter gravado um vídeo institucional – publicado nas redes sociais da pasta -, com discurso quase idêntico ao do ideólogo nazista Joseph Goebbels, auxiliar do ditador Adolf Hitler.

A publicação provocou reação imediata dos presidentes do Senado da República e da Câmara Federal, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, respectivamente, e de lideranças políticas governistas e de oposição, além de representantes de todas as esferas de poder.

Antes de Alvim, contudo, Bolsonaro já havia demitido, também por pressão semelhante, o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. O ministro enfrentava forte resistência dentro e fora do Governo.

A demissão do ministro da Cultura ocorreu no mês de abril de 2019, apenas quatro meses após a posse de Bolsonaro. Na ocasião, o presidente anunciou Abraham Weintraub em seu perfil em rede social, e agradeceu Vélez “pelos serviços prestados” ao país.

Crise

Bolsonaro exonerou Roberto Alvim na última sexta-feira e formalizou o ato no mesmo dia no Diário Oficial da União (DOU). A demissão foi publicada em edição extra do diário. Pouco antes, o próprio presidente classificou a situação do então secretário como “insustentável”.

“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, escreveu o presidente nas redes sociais.

Alvim foi nomeado secretário de Cultura no mês de novembro de 2019. Ele estava no governo desde junho, como diretor do Centro das Artes Cênicas da Fundação Nacional das Artes (Funarte).

A demissão ocorreu como uma resposta rápida do Governo ao Congresso Nacional, que repudiou o vídeo gravado pelo auxiliar de primeiro escalão da Presidência da República.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou o pronunciamento do secretário como “acintoso, descabido e infeliz”.

“No interior do Amapá, na localidade de Ariri, participando da retomada do programa 'Luz para Todos', somente agora tive o desprazer de tomar conhecimento do acintoso, descabido e infeliz pronunciamento de assombrosa inspiração nazista do secretário de Cultura, Roberto Alvim, do governo federal. Como primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo.

É totalmente inadmissível, nos tempos atuais, termos representantes com esse tipo de pensamento”, enfatizou.

Rodrigo Maia também defendeu a demissão imediata do secretário. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, disse.

SAIBA MAIS

Na curta passagem pelo cargo, Alvim ganhou brigas com os ministros da Cidadania, Osmar Terra (MDB), e do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), ao receber aval de Bolsonaro para nomear quem quisesse. Na ocasião, Bolsonaro mudou a estrutura da Esplanada para retirar a secretaria de Alvim do guarda-chuva de Terra e evitar atritos entre eles. Toda a estrutura da Cultura agora está vinculada ao Ministério do Turismo.

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