Violência

Polícia aborta tentativa de chacina por grupo contra facção rival

Os criminosos, de uma organização que surgiu em São Paulo, foram presos na Vila Magril, zona rural da capital maranhense; eles estavam em um acampamento, dentro do mato. Outros integrantes da facção iriam chegar ao local para reforçar a operação

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Armamento apreendido em poder de criminosos durante operação policial na Vila Magril
Armamento apreendido em poder de criminosos durante operação policial na Vila Magril (Divulgação)

SÃO LUÍS - A guerra entre facções parece que está longe de acabar na Região Metropolitana de São Luís. Quando não ocorrem retomadas de territórios, acontecem conflitos em ruas movimentadas. No último fim de semana, quatro membros de uma organização criminosa que surgiu em São Paulo foram presos na Vila Magril, zona rural da capital maranhense. Na ocasião, policiais militares apreenderam cinco armas de fogo com o grupo, que pretendia promover uma chacina contra integrantes rivais.

De acordo com o coronel Aritanã, comandante do Comando de Policiamento de Área Metropolitana 2 (Cpam 2), a guarnição da zona rural do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM) fazia patrulhamento de rotina, quando identificou um grupo escondido dentro de um matagal da Vila Magril. No momento em que os militares desceram da viatura e entraram na vegetação, os criminosos perceberam movimentos estranhos entre as árvores e saíram correndo. No entanto, apenas um conseguiu fugir com uma arma de fogo nas mãos.

O coronel disse que os outros quatro foram capturados. No acampamento que eles montaram no mato, foram encontradas cinco armas de fogo: uma escopeta calibre 12, dois revólveres calibre 38 e duas pistolas (uma calibre .380 e outra calibre . 40). Além disso, contou o oficial do Cpam 2, a equipe apreendeu 26 munições, três armas brancas, três rádios de comunicação e três celulares.

Segundo o comandante, um dos presos, de 19 anos, tem antecedentes por porte ilegal de arma de fogo, roubo qualificado e tráfico de drogas. O outro, de 23, tem passagens criminais por roubo qualificado. O terceiro, de 18, já havia sido conduzido por tráfico de drogas e lesão corporal. O último possui mandado de prisão preventiva expedido pela Comarca de Vargem Grande em virtude de uma investigação de roubo qualificado.

Zona em conflito

A Zona Rural 2, como é chamada, é marcada pelo conflito entre facções criminosas. Na área, já ocorreram mortes, retomadas de territórios e invasão de condomínios do “Minha Casa, Minha Vida” por bandidos. No dia 19 de outubro de 2018, uma operação policial resultou na apreensão de vários pacotes de entorpecentes e três armas de fogo, em um acampamento de faccionados na área de matagal localizada na Vila Cotia, na região do Conjunto São Raimundo, em São Luís.

Dentre os materiais recolhidos, havia uma pistola .40, pertencente à Secretaria de Segurança Pública do Estado de Tocantins, e coletes balísticos. A apreensão aconteceu depois que cinco membros de uma facção criminosa originária do Rio de Janeiro invadiram uma residência na Rua do Muro, na Vila Cascavel, e levaram vários objetos, incluindo uma TV e aparelhos de som. Após o caso ter sido relatado ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), policiais militares fizeram a incursão na zona de segurança do Aeroporto Internacional de São Luís, em uma área de matagal que pertence a Infraero.

Segundo o tenente-coronel Marcelo, comandante do 6º BPM, os militares observaram de longe uma movimentação estranha dentro do mato. Eram faccionados reunidos em um acampamento. Até redes de descanso estavam amarradas entre as árvores. Após ouvirem os policiais pedindo que se entregassem, os criminosos começaram a atirar, o que deu início a um confronto.

Desse confronto, conforme o tenente-coronel, dois criminosos foram baleados e levados ao Hospital Municipal Doutor Clementino Moura (Socorrão 2). Outros conseguiram fugir ao correrem em direções opostas dentro do matagal. Mas as equipes conseguiram prender João Vinícius de Araújo Barros, o “Cabeça”, de 26 anos. Ele estava foragido da Justiça, pois há em seu desfavor um mandado de prisão preventiva decretado.

Um adolescente de 16 anos foi apreendido nessa ação policial. No acampamento, de acordo com o comandante Marcelo, foram encontradas três armas de fogo, sendo uma pistola .40, modelo Taurus, da polícia tocantinense, contendo 9 munições intactas; uma escopeta calibre .12, contendo 12 munições intactas, e uma espingarda de fabricação caseira, de calibre .20. Também foram recolhidas munições de calibre .38 e um colete balístico de uma empresa de segurança privada, além de vários pacotes de maconha, cocaína e crack, e três balanças de precisão, que estavam sendo utilizadas já na pesagem das drogas.

Alguns objetos que haviam sido levados da residência na Vila Cascavel pelos faccionados foram recuperados no matagal. O comandante do 6º BPM disse que foi solicitado apoio do Batalhão de Choque, Comando de Operações de Sobrevivência em Área Rural (Cosar) e Grupo Tático Móvel (GTM), para que seguissem os rastros daqueles que escaparam ao cerco, mas as equipes não obtiveram êxito nas incursões.

Esquartejamento

Também naquela região ocorreu um crime no ano passado. Um rapaz de nome Marcelo foi esquartejado, no Conjunto São Raimundo, em São Luís, quando ele foi visitar a namorada. O jovem foi confundido com um integrante da facção rival, de acordo com a Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP).

Até hoje, o corpo do rapaz, que morava na Divineia, na capital, não foi encontrado. Em 21 de junho de 2018, morreu, em confronto com a polícia, Maycon Breno de Oliveira, 16, que era apontado como um dos envolvidos no esquartejamento de Marcelo.

Sumiço de jovem

Em 2017, um garoto de 14 anos, Leonardo Silva Mendes, foi sequestrado na Vila Cascavel, área do Conjunto São Raimundo, por integrantes de uma facção criminosa. O grupo invadiu a residência para encontrar “Léo Rato”, membro do grupo rival, mas este não estava na casa. Então, os autores atiraram no padrasto de ambos, Wellington Carlos de Jesus Costa, 40, que caiu morto dentro do imóvel.

Vale ressaltar que o adolescente levado pelos faccionados estava tomando banho no momento da invasão. Ele é portador de necessidades especiais, sendo que foi sequestrado nu pelos bandidos. Até hoje, nunca encontraram o rapaz, que teria sido esquartejado.

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