Acordo

Rússia e Ucrânia garantem fornecimento de gás para a Europa

Pacto evitou possível interrupção no fluxo e garante receita vital para Kiev; pagamento pela Grazpom de US$ 2,9 bilhões em indenizações à Ucrânia contribuiu para a conclusão do acordo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Representantes da União Europeia, da Rússia e da Ucrânia durante entrevista coletiva
Representantes da União Europeia, da Rússia e da Ucrânia durante entrevista coletiva (Reuters)

MOSCOU / KIEV - A Ucrânia e a Rússia assinaram um acordo que garante que o gás russo continuará sendo enviado através do território ucraniano para a Europa pelos próximos cinco anos. Kiev, em conflito com Moscou desde 2014, receberá no período o equivalente a US$ 7 bilhões pelo uso do seu território, fundos vitais para o orçamento da ex-república soviética.

O acordo, que ocorreu apenas 24 horas antes do término do atual contrato de dez anos, na terça-feira, 31, evitou uma possível interrupção do fluxo de gás russo para a Europa. O acordo foi assinado após cinco dias de conversas e seguiu-se a uma reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e o colega ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, no início deste mês em Paris.

O pacto evita um possível conflito entre a Rússia e a Europa, beneficiando a Ucrânia financeiramente. A União Europeia estava preocupada com a possibilidade de o suprimento russo através da Ucrânia ser suspenso se o acordo atual expirasse sem ser renovado.

A questão do gás faz parte de uma disputa política mais ampla entre Moscou e Kiev. Os dois países estão em conflito desde 2014, quando uma revolta apoiada pelos Estados Unidos e países europeus depôs um governo pró-Rússia na Ucrânia. Moscou, em represália, anexou a península da Crimeia, que havia sido cedida aos ucranianos no período soviético, e apoiou uma revolta separatista no Leste da Ucrânia.

No domingo, 29, forças do governo ucraniano e os separatistas pró-Rússia concluíram uma grande troca de prisioneiros, que incluiu um cidadão brasileiro.

O pagamento pela Grazpom de US$ 2,9 bilhões em indenizações à Ucrânia contribuiu para a conclusão do acordo. Em troca, os ucranianos retiraram queixas judiciais contra a companhia russa que somavam mais US$ 12,2 bilhões.

As exportações russas de gás para a Europa somam cerca de 200 bilhões de metros cúbicos, e a Gazprom responde por cerca de 36% do mercado europeu de gás.

Em 2018, o trânsito de gás russo via Ucrânia para a Europa foi de 86,8 bilhões de metros cúbicos. Sob os termos do novo acordo, a Rússia prometeu enviar 65 bilhões de metros cúbicos via Ucrânia em 2020 e 40 bilhões de metros cúbicos anualmente de 2021 a 2024. Moscou está construindo um novo gasoduto para enviar gás à Europa, o Nord Stream 2, que passa pelo Mar Báltico e evita o território ucraniano.

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