Artigo

Para 2020

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Finalmente completei 60 anos e conquistei alguns privilégios muito bem-vindos, alguns indesejados e outros até rejeitados.

Ter preferência de acesso e de estacionamento é maravilhoso, ocorre que a quantidade de pessoas na mesma condição, deixa essa vantagem quase sendo uma desvantagem!... Não mais poder sentar nas poltronas que ficam junto às portas de emergência dos aviões, é algo que vou odiar! Ser tido como pessoa idosa e sentir nas juntas o peso do tempo, mesmo tendo diminuído o peso do corpo, é algo doloroso, que não é compensado nem com o fato de agora em diante pagar meia entrada...

O ano de 2020 será o primeiro que viverei com o privilégio etário de poder ser rabugento, de reclamar de tudo e de todos, mesmo que não seja muito do meu feitio reclamar, assim, pura e simplesmente. Meu hábito de reclamar vem de longe, mas sempre envolto no que chamo de “observações e análises”, já que a palavra crítica ganhou um significado pejorativo, quase nunca sendo usada ou entendida como simplesmente a capacidade ou a habilidade de julgar, de estabelecer um juízo avaliativo, ou por extensão, a atividade de examinar e discorrer, minuciosamente, sobre o objeto enfocado, seja uma produção artística ou científica, bem como costumes e comportamentos, além de cenários e ações políticas.

Ao me tornar um sexagenário, passei a ter o privilégio do tempo, da experiência adquirida pela antiguidade, isso quando o sujeito não a tiver conquistado pela dedicação, estudo e mérito, o que espero seja o meu caso.

Em 2020, espero não reclamar tanto dos governantes, nos três níveis do Poder Executivo, nos três níveis do Legislativo e em todos os quatro ou cinco, ou seja lá quantos forem os níveis que tenha o nosso Judiciário.

Uma coisa que eu gostaria muito que acontecesse em 2020, era que Chico, Gil e Caetano, produzissem músicas que nós, pessoas de bom gosto, pudéssemos apreciar e nos deliciar. Elas podem ser músicas engajadas, politizadas, mas precisam ser de boa qualidade, como as que eles produziam quando no Brasil havia um regime de exceção, uma tal dita dura!... Quero poder analisar essa seca pela qual passam tão grandes vultos de nossa música.

Logo no comecinho do ano vou tentar analisar a mais rasa, vérmina, ignóbil e torpe manifestação da cultura cinematográfica humorística nacional. A engembrada e mal enjorcada produção levada a cabo, sem nenhuma tenência, pelos talentosos, mas não inocentes membros do Porta dos Fundos, sobre a vida de Jesus. Uns espertalhões bobões que se travestem de corretos para encherem os bolsos de grana.

Certamente analisarei os fatos que vão culminar com as eleições municipais de outubro, que se não forem definitivas, serão certamente indicativas do resultado das eleições estaduais de 2022, com fortes reflexos também na eleição de presidente.

No ano que vem vou ter que decidir definitivamente se continuo levando adiante a bandeira da preservação de nossa memória através de suportes audiovisuais, trabalho hercúleo que insisto em desenvolver mesmo só contando com o apoio de voluntários que se dispõem em emprestar seu tempo no afã de ver um filme de 50 anos, ou uma fotografia de 100, restaurada, digitalizada, publicada e disponibilizada, para que todos possam conhecer a nossa história, como aconteceu no belo filme de Arturo Saboia, sobre a Associação Comercial do Maranhão.

2020 será um ano de grandes realização para nós da Guarnicê Produções, do Polo de Cinema do Maranhão e do MAVAM.

Lançaremos três séries para TV: “A Pedra e a Palavra”, sobre a vida e a obra do padre Antonio Vieira; “Manufatura Fashion”, sobre moda alternativa; “Raja na Rota das Emoções”, uma aventura da Banda de Reggae, Raja, entre Santo Amaro e Jericoacoara.

Teremos também os esperados lançamentos de quatro coproduções de longas-metragens: “O pai da Rita”, “As Órbitas da Água”, “Currupira, o demônio da floresta” e “Chorando se Foi”. Além das produções da série “As Mina Pira”, que será roteirizado e dirigido por Mavi Simão, e a coprodução internacional do longa metragem “Trópico”, dirigido por Giada Colagrande, estrelado por Willem Dafoe e grande elenco.

O ano de 2020 promete. Esperemos que ele se cumpra.


Joaquim Haickel

Membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras e do IHGM

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