Opinião

Fernanda Montenegro e o Maranhão

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Bem escrito, com texto leve e muita informação sobre o meio artístico e a cena política do país, é o livro “Prólogo, ato e epílogo”, de Fernanda Montenegro, uma das glórias do teatro, cinema e televisão do país, que do auge de seus noventa anos, relata de modo consciente e verdadeiro a sua trajetória de vida, ora de bonança, ora de tempestade, ao longo da qual soube se conduzir com dignidade e altivez.

Fernanda Montenegro, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Não se preocupa somente em elevar ao mais alto nível sua arte de representar, mas insiste igualmente em meditar sobre o sentido, a função, a dignidade, a expressão social da condição de atriz em qualquer tempo e lugar”.
No seu excelente livro de memórias, publicado pela Companhia das Letras, em três momentos, ela se reporta a episódios vividos no Maranhão como mulher e artista.

O primeiro episódio ocorre nos anos 1950, quando ela e o marido Fernando Torres decidiram levar para o palco a peça “O mambembe”, de Arthur Azevedo, por ocasião das comemorações dos cinquenta anos do Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, pelo qual ele tanto lutou para ser criado, mas que toda a classe artística foi contra aquela encenação, por considerar o teatrólogo maranhense desatualizado e a peça incompatível com o momento de modernidade vivido pelo Brasil.

A peça, dirigida por Gianni Ratto, que através de pesquisa, reproduziu o ambiente e os costumes do Rio de Janeiro, depois de três meses de ensaio, foi levada ao público, que durante meses lotou o Teatro Municipal, para aplaudir um espetáculo, com um elenco fantástico de artistas, com realce para Sérgio Brito e Fernanda Montenegro.

O segundo episódio diz respeito ao convite por ela recebido do então Presidente da República, José Sarney, para assumir em março de 1985 o recém-criado Ministério da Cultura.
Passado o impacto, ela, que jamais esperava receber convite daquela magnitude e de tamanha responsabilidade, recolheu-se com o marido, Fernando, num sítio em Teresópolis, onde ficaram pesando os prós e os contras.

Depois de muita reflexão, viajou para Brasília, sendo recebida pelo Presidente Sarney e Dona Marly, no Palácio da Alvorada, onde e quando teve a oportunidade de agradecer e declinar de tão honroso convite.
O terceiro episódio, de Fernanda Montenegro, com relação ao Maranhão, foi em 2005, quando passou dois meses nos Lençóis Maranhenses, com a filha Fernanda e o neto Joaquim, então com sete meses, para filmar “Casa de areia”, dirigida pelo genro, Andrucha Waddington.

Sobre essa presença em nossa terra, com a palavra a própria artista: “Eu ficava numa das pouquíssimas e modestas casas de tijolo do lugarejo. O banheiro era um vaso e um chuveiro elétrico. Uma mulher do povoado ia lá arrumar, deixar alguma coisa para eu comer à noite. Quatro netos e filho dessa mulher estavam desempregados. Viviam da pesca, de fazer balaios, de escambo. Sua nora fora para São Luís, com câncer no seio e estava lá havia quatro meses à espera de tratamento. Um dia peguei o nome dela e liguei para o médico responsável, na capital. Ele me atendeu com atenção. Eu me identifiquei. Contei o descaso do hospital. Passei os dados do doente. Começaram a tratar daquela brasileira. Esse telefonema não me vangloria em nada. Pelo contrário.

“Filmávamos até antes do almoço. Esperávamos cair a tarde, porque, ao meio-dia, a luminosidade era tão intensa que não dava para abrir os olhos. Ficávamos maquiados, fechados num corredor de contêineres com ar-condicionados à beira do primeiro paredão de areia ou na pequena comunidade. Foi nesse lugar, que entendi realmente o que são palhoças - as casas sobre a areia, com paredes e teto de palhas vinda do palmeiral em volta, sem porta e sem janela. Apenas os vãos. “Comovente é o fato de que fazem sempre as suas festas. No dia do bumba meu boi fomos para frente da igrejinha assistir: os bois naquelas fantasias e todo mundo mandando um batuque poderoso”.

Sarney no Shopping
Eu tive o prazer e a satisfação de acompanhar o ex-presidente José Sarney na sua ida ao São Luís Shopping, na final da tarde de 23 de dezembro, quando marcou presença na Livraria AMEI, para comprar livros de autores do Maranhão.
Na oportunidade, vi como ele é uma figura humana e política que o maranhense admira e respeita.
Ao ser reconhecido, pessoas de todas as idades dele se aproximaram para cumprimentá-lo efusivamente, tirar fotografias e pedir autógrafos.

Mensagem natalina
E, por falar em Sarney, este ano, a mensagem natalina que enviou aos amigos, foi extraída do poema intitulado “Homilia do Juízo Final”, inserido no livro de sua autoria, “Maribondos de Fogo”.
“José! Onde estão as tuas mãos que eu enchi de estrelas?
Estão aqui, neste balde de juçaras e de sofrimentos.”

Amigos de Mauro
Nos últimos anos, Mauro Fecury tem prestado homenagem aos amigos que construiu ao longo da vida e, por isso, merecedores de sua admiração e reconhecimento pessoal.
Já foram homenageados, Haroldo Tavares, em 2017, Cláudio Vaz (Alemão), em 2018, e este ano, Cléon Furtado, que ganharam bustos e ficarão eternizados na a área de vivência do CEUMA.
Em 2020, certamente, outro amigo será homenageado por Mauro Fecury, mas o nome só será divulgado no final do ano.

Perdas irreparáveis
Em 2019, vimos a cidade ficar desfalcada de pessoas bem relacionadas e que deixaram saudade aos familiares e amigos, dentre os quais Fernando Sá Vale, Ernani Barros, Celso Veras, Alfredinho Duailibe, Sílvio Tavares, Francisco Giusti, Edésio Menezes, José Enéas Frazão, Antônio Austregésilo Fonseca (Teté), Raimundo Cordeiro, Fernando Lisboa, José Figueiredo e Murilo Oliveira.

Murilo Oliveira
Nos bons e inesquecíveis anos do século passado, Murilo Oliveira e José Raimundo Cardoso, brilhavam nas noites festivas de São Luís, com as belas vozes que possuíam.
Murilo e Cardoso, como cantores, integravam o grupo musical Nonato e seu Conjunto, que animava as festas realizadas nos clubes Jaguarema, Lítero Recreativo Português e Cassino Maranhense.
Bons tempos aqueles em que a sociedade se divertia ao som de conjuntos musicais e de cantores que nos enterneciam com um repertório de melodias românticas e que não azucrinavam os ouvidos.

Juiz sem juízo
Não dá para entender como um juiz, do qual se espera bom senso e discernimento em suas decisões, coloca em liberdade um cara que praticou um ato insano, estúpido e criminoso.
Ato esse que não ceifou apenas a vida de uma pessoa, mas de cinco e ainda deixou vários feridos, numa noite em que as vítimas se divertiam com os familiares e o autor do ato criminoso encontrava-se comprovadamente alcoolizado.
Essa decisão descabida do juiz, poderá ter reflexos na sua vida de magistrado.

Injustiça com Gastão

Eu sou testemunha e posso dizer em alto e bom som que acompanhei o esforço e o trabalho do deputado Gastão Vieira, à época ministro do Turismo, para liberar recursos para reformar a antiga estação ferroviária de Rosário e transformá-la num atrativo centro turístico e cultural.
Quem promoveu o evento de inauguração do Complexo Ferroviário de Rosário, esqueceu de convidar Gastão, praticando assim um ato nada elegante e demasiadamente injusto para quem teve participação ativa e indesmentível na recuperação daquele imóvel.

Maranhenses no Catar
Um casal maranhense, extremadamente flamenguista, esteve na cidade de Doha, capital do Catar, para assistir aos jogos de seu time.

Trata-se de Carla e Clóvis Fecury, que marcaram presença nos dois jogos do Flamengo. No primeiro, contra o time árabe, saíram do estádio felizes e satisfeitos com a atuação dos jogadores rubro-negros.
No segundo, pela disputa do título mundial, contra o time inglês do Liverpool, ficaram desolados com a derrota inesperada do Flamengo.

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