Função executiva

Marcelo Odebrecht é desligado do grupo

Empresa disse que ele foi desligado "seguindo os ritos de governança do grupo", mas não informou o motivo; medida ocorre três dias depois de o grupo anunciar a troca da presidência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht, em foto de arquivo
Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht, em foto de arquivo (Arquivo)

SÃO PAULO - A Odebrecht informou na sexta-feira,20, que Marcelo Odebrecht foi desligado da empresa. Questionada, pelo G1, a assessoria de imprensa não informou o motivo do desligamento de Marcelo, e respondeu apenas que a medida foi tomada "seguindo os ritos de governança do grupo".

A empresa também não informou o cargo que Marcelo ocupava. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, apesar de afastado de qualquer função executiva desde que foi preso, em 2015, Marcelo continuava na folha de pagamentos da empresa, com remuneração de R$ 115 mil mensais. O colunista informa ainda que quem demitiu Marcelo foi seu pai, Emílio Odebrecht.

Ainda de acordo com o colunista, a demissão ocorreu por ordem de Emilio Odebrecht, atual mandatário da Kieppe Participações, holding da família que controla a Odebrecht S.A.

O desligamento de Marcelo ocorre três dias depois de a Odebrecht anunciar a troca da presidência do grupo. A empresa, que está em recuperação judicial, anunciou na terça-feira, 17, a holding da família que controla o grupo aprovou a saída de Luciano Guidolin da presidência da empresa e sua substituição por Ruy Sampaio, que estava à frente do conselho de administração.

Para o lugar de Sampaio na presidência do conselho de administração da Odebrecht S.A foi aprovado o nome de José Mauro Carneiro da Cunha, que já foi presidente executivo e do conselho da operadora de telefonia Oi.

As mudanças ocorreram às vésperas de uma assembleia de credores marcada para quinta-feira,19,e em meio a uma disputa na família Odebrecht, segundo reportagem publicada pelo "Valor Econômico".

Prisão e delações

Marcelo Odebrecht presidiu a construtora por sete anos. Foi preso em junho de 2015, na 14ª fase da Lava Jato, e em 2017, passou a cumprir prisão domiciliar. Em setembro de 2019, depois da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), Marcelo Odebrecht conseguiu progredir de regime e da prisão domiciliar.

Logo quando deixou a prisão domiciliar, Marcelo visitou a sede da Odebrecht em São Paulo. Na ocasião, a assessoria de imprensa da Odebrecht informou que ele foi visitar amigos que trabalham na empresa.

Marcelo Odebrecht foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Com o acordo de delação premiada, pagou multa de mais de R$ 73 milhões e teve a pena reduzida de 31 anos de prisão em regime fechado para dez anos, em diversas etapas.

Com as progressões previstas da pena, em 2025 ele deve estar livre. Terá apenas de informar a Justiça sobre suas atividades.

Marcelo fechou acordo de delação premiada junto com outros 77 executivos e ex-executivos da empresa. As delações envolveram o pagamento de caixa dois e propina a centenas de políticos. "Não existe ninguém no Brasil eleito sem caixa 2. Pode até dizer que não sabia, mas recebeu dinheiro do partido que era caixa 2", afirmou ele.

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