Entrevista/Hailton Fortes

"Alcançamos a marca histórica de R$ 3 bilhões liberados no Maranhão"

Conquista do BNB revela retomada econômica de investimentos privados no estado, com perspectivas de disponibilização de mais recursos em 2020

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
(bnb)

O superintendente estadual do Banco do Nordeste no Maranhão, Hailton Fortes, faz um balanço das aplicações da instituição no Maranhão em 2019 e fala das perspectivas para 2020, nessa entrevista exclusiva a O Estado.

Qual o volume de recursos aplicados pelo Banco do Nordeste no Maranhão em 2019 e qual a representatividade desse montante para a economia do estado?

O Banco do Nordeste tem ampliado, a cada ano, os investimentos no Maranhão. Com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o FNE, nossa principal fonte, alcançamos a marca histórica de R$ 3 bilhões liberados, até o início de dezembro, para empreendimentos do estado. São recursos efetivamente recebidos pelas empresas que obtiveram financiamentos e estão executando seus projetos. O volume representa 30% a mais do que o realizado em 2018. Além do montante liberado este ano, registramos ainda mais de R$ 2,3 bilhões em novas operações contratadas em 2019, refletindo a retomada da economia maranhense e o otimismo do setor produtivo para 2020. Estamos falando de operações para todos os segmentos empresariais, vez que a missão do Banco do Nordeste, enquanto instituição financeira de fomento ao desenvolvimento, é garantir incentivo financeiro e condições adequadas para a consolidação dos empreendimentos nordestinos, a fim de que nossa atuação reflita mudanças regionais significativas, traduzidas em transformações efetivas nas condições de vida das pessoas. E a comprovação dessa conquista é que, hoje, tendo apenas 9% da rede bancária do Maranhão, somos responsáveis por 64% dos financiamentos de longo prazo realizados no estado. O presidente do Banco, Romildo Rolim, desde que assumiu a presidência, há dois anos, vem direcionando para que todos os estados cumpram a programação orçamentária do FNE em sua totalidade. Com isso, em 2018, ele liderou uma aplicação recorde para o Banco, em toda a região, de R$ 43, 3 bilhões, sendo R$ 32,6 bilhões originários do FNE e R$ 10,7 bilhões de curto prazo, incluindo R$ 8,9 bilhões do programa de microcrédito urbano, o Crediamigo. Para 2019, devemos fechar o ano com todo o orçamento aplicado e já com recursos comprometidos para o início do próximo exercício. Até o momento, somente no Crediamigo já ultrapassamos os R$ 10 bilhões.

Quais setores econômicos são beneficiados com os recursos do Banco do Nordeste?

Nós atuamos em todos os setores econômicos e, vale ressaltar, em todos os portes empresariais. Isto é, podemos financiar desde os microempreendedores individuais, formais e informais, até os empreendimentos de grande porte que atuam em todos os setores da economia, inclusive infraestrutura, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. O que diferencia um dos outros são as condições de financiamento e a fonte dos recursos. Para os microempreededores urbanos, por exemplo, dispomos de recursos próprios para atendê-los de forma célere, desburocratizada e com orientação adequada. Todos os demais são atendidos com o FNE, especialmente o setor rural que demanda volume significativo dos financiamentos realizados pelo BNB, graças à vocação produtiva do estado. Hoje, de todos os financiamentos rurais realizados no Maranhão, 56% são feitos pelo Banco do Nordeste.

O Brasil tem registrado altos índices de desemprego, o que amplia o exercício de atividades informais no mercado como solução para enfrentamento e manutenção da sobrevivência das famílias. Nesse sentido, há oportunidades para os microempreendedores informais maranhenses?

Há, sim, o maior programa de microcrédito produtivo e orientado da América do Sul. O Crediamigo Banco do Nordeste é ferramenta de transformação social e econômica, disponível para as famílias maranhenses. Com o diferencial de operar com acompanhamento e orientação financeira, os resultados da atuação do programa são muito exitosos e reconhecidos internacionalmente. São operações com valores a partir de R$ 100 e até o limite de R$ 21 mil, destinados a empreendedores individuais ou reunidos em grupos solidários, que atuam no setor informal ou formal da economia. Para se ter ideia da relevância do Crediamigo, até o último dia 15 de dezembro, registramos mais de R$ 10 bilhões emprestados em toda a Região Nordeste, em mais 4,3 milhões de operações que beneficiaram mais de 2 milhões de clientes. Por tratar-se de crédito rápido e direcionado ao capital de giro ou investimento fixo, o mesmo cliente consegue realizar diversas operações no mesmo ano. Somente no Maranhão, ultrapassamos 10% desse volume, chegando a emprestar ao longo deste ano o total de R$ 1,05 bilhão para 202 mil microempreendedores.

A tecnologia e a inovação dominam cada vez mais, os setores produtivos. De que modo o Banco do Nordeste prepara-se para subsidiar essas novas tendências?

Este é um tema relevante e que está no radar do Banco do Nordeste. Por isso, já dispomos de linhas de crédito específicas para investimentos em inovação nos empreendimentos. Os recursos estão no bojo do FNE Inovação e podem ser aplicados em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (PD&I), Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), licenças e patentes, biotecnologia, nanotecnologia, semicondutores, e ainda em modernas técnicas de gestão, processos, capacitação e marketing quando associados à inovação. Somente este ano, aplicamos cerca de R$ 16 milhões para essa finalidade no Maranhão. Para 2020, teremos a novidade do FNE Startup, que disponibilizará R$ 2,9 milhões para micro e pequenas empresas (MPE) ou microempreendedores individuais (MEI) caracterizadas como startups investirem em projetos de inovação de produtos, serviços, processos e métodos organizacionais. Nessa modalidade, os recursos podem ser aplicados na aquisição de bens de capital, folha de pagamento, despesas de remuneração de estagiários, capacitação, aluguel de equipamentos, despesas com coworking, propaganda, publicidade e paid ads, entre outros. Vale a pena porque são recursos constitucionais, que têm as melhores condições do mercado, como taxas, prazos e carências para iniciar o pagamento. Além disso, o Banco do Nordeste lançou, de forma inovadora, o Hub Inovação Banco do Nordeste, estrutura que visa incentivar o empreendedorismo inovador e facilitar a gestão da inovação no BNB e em empresas da região. Já são dois escritórios, em Fortaleza e Salvador, que sediam startups e promovem capacitação, compartilhamento de ideias e transformação de negócios.

Outra tendência do mercado é pela preservação ambiental a partir da geração de energia limpa, o que significa necessidade de investimento e mais recursos às empresas. Nesse sentido, o BNB tem alguma solução de crédito?

O Banco do Nordeste atua fortemente no sentido de exercer sua missão de forma sustentável, estimulando os empreendimentos apoiados a priorizarem a preservação ambiental, em qualquer que seja sua atividade final. Por isso, foi estruturada a linha de crédito FNE Sol, destinada ao financiamento de equipamentos de geração de energia fotovoltaica, tanto para empresas urbanas quanto rurais, e também para pessoas físicas interessadas em instalar a tecnologia em suas residências. Entre as vantagens, está o fato de que, dependendo da necessidade de geração de energia da unidade consumidora, o valor pago mensalmente na conta é equivalente às parcelas do financiamento dos equipamentos, gerando economia para as famílias, considerando que não representa nova despesa e tratar-se de custo já existente no orçamento mensal familiar. A excelente oportunidade gerou amplo interesse no produto, de forma que no Maranhão já financiamos R$ 8 milhões para energia solar, somente em 2019.

O senhor já destacou que o BNB trata alguns segmentos econômicos de forma mais prioritária. Por que essa preocupação e quais os objetivos dessa atenção especial?

Como Banco de fomento ao desenvolvimento, precisamos priorizar empresas e empreendedores que mais impactam econômica e socialmente as áreas onde estão instaladas, refletindo, por consequência, em benefícios a toda a sociedade. Por isso, são prioritários hoje para o Banco do Nordeste os produtores rurais, os mini, micro e pequenos empreendimentos, bem como as micro e pequenas empresas. Na agricultura familiar, por meio do Pronaf e do Programa de Microcrédito Rural do Banco do Nordeste – Agromigo, liberamos R$ 300 milhões, este ano. Para micro e pequenas empresas, foram mais de R$ 307 milhões no mesmo período. Com esses aportes, estimulamos a agricultura familiar, fortalecemos a base da economia maranhense, impulsionamos a geração de emprego e renda para a população maranhense e reduzimos os riscos de endividamento desses importantes segmentos econômicos. No próximo ano, serão destinados 61% dos recursos do FNE previstos para o Maranhão para esses grupos prioritários.

Quais são as perspectivas para 2020? Já há previsão de volume de recursos disponíveis?

As perspectivas são as melhores possíveis, estamos bastante otimistas quanto ao crescimento que a economia maranhense vem demonstrando e cremos que será uma constante. Junto a parceiros institucionais, de forma democrática, construímos proposta de aplicação no estado, que programa a disponibilização de R$ 1,7 bilhão para os setores da agricultura, pecuária, indústria, agroindústria, turismo e comércio e serviços, e outros R$ 765 milhões para a infraestrutura. O volume é 5% maior do que o previsto para 2019, que era de R$ 1,65 bilhão. Como se observa, já ultrapassamos o que foi programado para este ano, o que mostra que o valor não é engessado, funciona com piso com base no histórico de financiamentos realizados no estado. Para toda a Região Nordeste, o Banco do Nordeste vai dispor de R$ 29,3 bilhões em 2020, que podem ser remanejados entre os estados, caso haja bons projetos e demanda por recursos além do programado. É um importante volume disponível visando oportunizar a implantação e o crescimento de empreendimentos empresariais, promovendo efetivo desenvolvimento econômico regional, a maior missão do Banco do Nordeste.

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