Reconhecimento

Ecos do bumba meu boi para o mundo

O título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade concedido ao bumba meu boi do Maranhão esta semana pela Unesco foi festejado por quem luta para preservar essa tradição no estado; o reconhecimento, segundo a direção do Iphan, requer um compromisso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
O diretor do Iphan, Hermano Queiroz
O diretor do Iphan, Hermano Queiroz (Hermano Queiroz)

São Luís - Um dos tesouros culturais do Maranhão ganhou destaque internacional. A Unesco carimbou o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O martelo foi batido durante a 14ª Reunião do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em Bogotá, na Colômbia, na última quarta-feira, 11. Passada a festa de comemoração, o momento é de reflexão para ampliar as estratégias de preservação da manifestação cultural maranhense.

Segundo o diretor nacional do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Queiroz, as regras de preservação patrimonial da Unesco são as mesmas que o Iphan já aplica, e estas estão centradas na busca pelo engajamento da comunidade em ações de salvaguarda, transmissão de saberes, promoção do bem imaterial e sua documentação, entre outras coisas.

“É importante que haja uma comunhão de esforços para fortalecer algumas práticas que, por algum motivo, possam ser perdidas ou enfraquecidas, como a questão dos sotaques, por exemplo, o artesanato de tradição e a fabricação dos instrumentos musicais. Além disso, é preciso estimular a educação patrimonial nas escolas, justamente para que os valores desse bem imaterial sejam transmitidos para as próximas gerações”.
Quem está ligado a essa manifestação vibrou com a conquista e entende a responsabilidade de integrar o bumba meu boi.

“É um presente de fim de ano para os grupos de bumba meu boi do Maranhão, que estão em estado de graça. Que honra para nós fazer parte desse complexo cultural e contribuir para a sua manutenção. O reconhecimento é um prêmio para os boieiros e vamos fazer jus a esse título”, disse a presidente do Boi de Maracanã, Maria José Soares.

Para José Inaldo Ferreira, presidente do Boi da Maioba, o título é um incentivo a mais para que eles continuem desenvolvendo ações como as oficinas artísticas de bordados e de confecção de indumentárias, entre outras, que contribuem para manter viva a tradição. “Mas é preciso também que o poder público faça a sua parte, fomentando, criando políticas públicas e nos dando o apoio necessário para fazermos um trabalho voltado para crianças e adultos. Precisamos também que as prefeituras e o Governo do Estado honrem com seus compromissos de pagamento de cachês, pois um exemplo é que ainda não recebemos os valores referentes ao São João deste ano”, criticou José Inaldo.
A cantora Alcione também expressou sua alegria. “O bumba meu boi do Maranhão é especial, é único, é a maior riqueza cultural do nosso estado e, por isso, recebeu essa honraria tão grande da Unesco”, enfatizou a Marrom.

Dossiê
Hermano Queiroz informou que, pela primeira vez, o processo de anuência deu-se por meio de um vídeo em que representantes de diversos grupos de bumba - boi se expressam em favor do título, o que fez o diferencial e personificou o processo. Ele informou ainda que o dossiê incluiu informações, ampliando o diálogo entre as culturas.

“O dossiê enfatizou que essa candidatura é um testemunho da grande capacidade da criatividade humana. O bumba meu boi do Maranhão é representativo dos processos culturais constitutivos da sociedade brasileira e contribuirá para reforçar a imagem culturalmente diversificada do Brasil”, finalizou. l

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